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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Jovens brasileiros conquistam prêmio do governo alemão para a sustentabilidade

Os dois apresentaram projetos de suas áreas de atuação e competiram com outros 757 candidatos de mais de 104 países.


Anualmente o Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF) realiza o concurso Green Talents. A proposta é incentivar iniciativas com capacidade inovadora de tornar a sociedade mais sustentável, abrangendo diversas áreas da economia, com ideias criativas capazes de responder as questões atuais mais urgentes sobre proteção ambiental. Na edição deste ano, dois brasileiros tiveram destaque e foram premiados: Marina Demaria Venâncio e Hani Rocha El Bizri.

Os dois apresentaram projetos diferentes, dentro de suas áreas de atuação e competiram com outros 757 candidatos de mais de 104 países. Hani, de 29 anos, mestrando em Saúde e Produção Animal pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e pesquisador associado do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), apresentou uma iniciativa focada na sustentabilidade da caça na Amazônia. Enquanto Marina, de 23 anos, estudante de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem como foco de sua pesquisa as interconexões entre mudanças climáticas, agricultura e os sistemas alimentares sob uma perspectiva do direito, com ênfase nas políticas públicas agroecológicas brasileiras e suas implicações jurídicas.

O projeto de Hani

A carne de caça, tema estudado por Hani, tem uma importância notável na subsistência das famílias de baixa renda que vivem na região, como as populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Porém, a caça tem afetado fortemente os animais silvestres, pois a atividade contribui para a diminuição de suas populações, o que gera tanto um problema de preservação da biodiversidade como também à segurança alimentar das comunidades. Assim, o projeto do pesquisador visa obter informações reprodutivas desses animais na busca do manejo sustentável desses recursos.
“A nossa técnica inovadora envolve os moradores locais, que nos fornecem os órgãos reprodutivos dos animais que eles caçam habitualmente, partes raramente consumidas. Trata-se de um sistema de fornecimento voluntário que ocorre no dia a dia da vida do morador. Até o momento, obtivemos mais de 1.700 doações em 10 anos de estudos conduzidos na Amazônia brasileira e peruana”, conta o pesquisador.

A partir desses dados, a equipe do pesquisador trabalha com as amostras em laboratório para refinar as informações reprodutivas de mais de 10 espécies de mamíferos (por exemplo, anta, paca, queixada, catitu, cutia, espécies de macacos, etc.), comparando com resultados anteriores e que hoje são obsoletos, já que foram gerados há mais de 30 anos com base em poucos animais de cativeiro. Com isso, novos resultados foram gerados. Esses dados reprodutivos representam uma das informações mais essenciais para nutrir modelos matemáticos de sustentabilidade, os quais estimam taxas sustentáveis de caça e as melhores técnicas a serem aplicadas para manter as populações de animais estáveis. Esse trabalho também poderá ser usado para definir estratégias de manejo a serem adotadas pelas comunidades e, assim, garantir uma de suas principais fontes de proteína.

A pesquisa de Marina

O trabalho desenvolvido pela mestranda tem como foco de sua pesquisa as interconexões entre mudanças climáticas, agricultura e os sistemas alimentares sob uma perspectiva do direito, com ênfase nas políticas públicas agroecológicas brasileiras e suas implicações jurídicas.

“Mudanças climáticas, agricultura industrial e insegurança alimentar são apenas alguns dos exemplos das diversas questões que atualmente demandam soluções e abordagens inovadoras, interdisciplinares e integradas no contexto de uma sociedade global que se modifica rapidamente”, coloca a pesquisadora.  Tem-se, assim, que a Agroecologia é uma ciência transdisciplinar que também ficou conhecida na América Latina como uma teoria crítica e um movimento social, que advogam para o estabelecimento de um sistema de produção mais sustentável e socialmente inclusivo.

Recentemente no Brasil foram promulgadas variadas leis relacionadas à temática, com destaque à Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.  Neste âmbito, enquadra-se a sua pesquisa atual, cujos principais objetivos são melhor compreender e delimitar os princípios, direitos e deveres trazidos ao mundo jurídico por estas novas políticas públicas, bem como sua extensão e mecanismos de cumprimento; revisitar o direito ambiental brasileiro à luz do novo paradigma estabelecido pela Agroecologia, repensando a atual divisão entre as nossas especializadas disciplinas jurídicas e discutir as interconexões entre a recente legislação agroecológica brasileira com as leis existentes relacionadas à agricultura familiar, segurança alimentar e produção orgânico-ecológica, delineando um manual para auxiliar na construção de políticas agroecológicas mais compreensivas e efetivas.

Fonte: Ciclo Vivo

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