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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Woodlawn, o cemitério que conta a história de Nova York

Os túmulos das lendas do jazz Miles Davis, em mármore, e de Duke Ellington, sob singela lápide sobre a terra, são alguns dos mais visitados pelo público


Shows de salsa, jazz, música clássica e visitas guiadas são frequentes em Nova York, mas ninguém imaginaria que isso tudo pudesse ocorrer no cemitério de Woodlawn, no Bronx, que abriga grandes nomes dos mais diversos meios, como arte, política, negócios e esportes. O pianista Duke Ellington; o trompetista Miles Davis; o escritor Herman Melville, autor do romance “Moby Dick”; Gertrude Vanderbilt Whitney, fundadora do museu Whitney; o ex-prefeito de Nova York Fiorello LaGuardia, o compositor Irving Berlin e a “rainha da salsa” Celia Cruz, cuja morte é lembrada neste sábado, descansam no local.

Também estão sepultados no mesmo cemitério o empresário jornalístico Joseph Pulitzer, que dá nome a um dos maiores prêmios da profissão; os fundadores das lojas de departamento JC Penney e Macy’s; e a cantora de jazz Florence Mills.
Woodlawn conta com uma fundação dedicada à sua preservação e atos culturais, e abriga cerca de 1,4 mil mausoléus privados entre 300 mil túmulos em um espaço verde com gigantescas e variadas árvores, riachos e um lago. No entanto, o ponto claramente mais visitado é onde repousa a “rainha da salsa”, que morreu há 13 anos em decorrência de um câncer no cérebro.

“Todos querem ser sepultados perto de Celia Cruz. Depois de sua morte, foram rapidamente vendidos todos os lotes que estavam perto de seu mausoléu”, comenta David Ipson, diretor-executivo do cemitério, inaugurado em 1863 durante a Guerra Civil e declarado monumento nacional em 2011.

Os túmulos das lendas do jazz Miles Davis, em mármore, e de Duke Ellington, sob singela lápide sobre a terra, são os outros mais visitados pelo público e ficam na chamada “esquina do jazz”, onde também estão os saxofonistas Illinois Jacquet e Coleman Hawkins e o compositor Lionel Hampton, entre muitos outros expoentes do gênero.

“Ellington quis ser sepultado sob a árvore de tília, junto com os pais. Posteriormente, morreu Hampton, que quis ficar perto do ídolo”, e depois a filha de Miles Davis decidiu ficar junto ao amigo (Ellington), explicou Rosalba Gómez em visita guiada. Não muito longe dali ocorrem os shows de jazz com estrelas como o trompetista Wynton Marsalis, em parceria com o Lincoln Center, mas também não faltam a salsa ou a música clássica, em apresentações organizadas pela Woodlawn Conservancy, entre os diversos eventos realizados. “Essas apresentações servem para prestar uma homenagem aos que estão sepultados” e desse modo celebrar a vida deles, acrescentou Gómez.

Réplicas — Uma caminhada pelas ruas do cemitério faz o visitante descobrir túmulos cheios de histórias e arte em esculturas e majestosos mausoléus de diversos estilos e materiais, com formosas portas ou vitrais, construídos para famílias ricas, para prolongar assim sua vida de luxos, por famosos arquitetos, que também projetaram a cidade de Nova York.

Entre essas grandes obras se destaca o mausoléu da família Belmont; uma réplica da capela de Saint-Hubert do castelo de Amboise, na França, onde foi enterrado Leonardo da Vinci; e o da família Woolworth, que lembra os túmulos egípcios, digno de um faraó, com esfinges na entrada e uma grande porta.

Alguns antigos mausoléus levaram até dez anos para ser construídos porque na época não era tão fácil talhar o mármore ou outras pedras e levá-las ao destino final. O cemitério também conta com antigos e simples túmulos de pessoas de todas as partes e status sociais de 1863 até o presente. Para a época moderna, foram construídos edifícios para abrigar as cinzas dos que quiserem ser sepultados no Woodlawn, que entregou à Universidade de Columbia a custódia dos documentos que contam sua história e as dos que lá descansam.

Fonte: Revista Veja

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