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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

‘DNA lixo’ determina características faciais

Pesquisadores começam a descobrir como o DNA faz a sintonia fina do nosso rosto. Em experimentos com camundongos, foram identificadas milhares de regiões no genoma que agem como interruptores para muitos dos genes que codificam as características do rosto, como tamanho do nariz.


Mutações em genes já são conhecidas como causas de problemas como lábio leporino. Mas no novo estudo, pesquisadores liderados por Axel Visel, de Berkeley, Califórnia, queriam descobrir como variações vistas em rostos comuns são controladas.

Apesar de o rosto de cada pessoa ser singular, as diferenças entre eles são sutis. O que nos distingue uns dos outros é o tamanho e a posição exata do nariz, da testa ou dos lábios. Já se sabe que nosso DNA contém instruções para construir o rosto, mas não se sabia como isso acontece.

A equipe de Visel estava interessada na parte do genoma que não codifica proteínas -apelidada de “DNA lixo”- mas que responde por 98% do nosso genoma.

Em pesquisas com tecido embrionário de camundongos, nos quais as estruturas que formam a face estavam em desenvolvimento, os cientistas identificaram mais de 4.300 regiões do genoma que regulam o comportamento de genes responsáveis pelas características do nosso rosto.

Os resultados da análise foram publicados ontem na “Science”. Essas regiões ajustam o funcionamento de centenas de genes envolvidos na construção do rosto. Alguns ligam e desligam genes em diferentes partes do rosto, outros trabalham juntos para criar diferentes proporções de crânio, o tamanho do nariz ou quanto osso há em volta dos olhos.

A pesquisa ainda envolveu criar roedores alterados geneticamente para não ter três dessas regiões ativadoras dos genes. Os cientistas usaram tomografia para construir imagens 3D do crânio dos camundongos com oito semanas de idade.

Em comparação com os roedores normais, havia mudanças microscópicas no formato do rosto, mas nenhum efeito danoso.

Para o pesquisador, essas informações poderão ser usadas como ferramenta diagnóstica para médicos que possam avisar aos pais se eles têm risco de transmitir alguma mutação em particular para os filhos.

Segundo Peter Hammond, professor do Instituto de Saúde Infantil da University College London, entender como o rosto se desenvolve pode ser importante para a saúde. “Há muitas alterações genéticas nas quais o rosto é a primeira pista para o diagnóstico. Ainda que as alterações faciais não sejam graves, o problema genético pode envolver déficits intelectuais e outros efeitos. Diagnóstico é importante para os pais para reduzir o estresse por não saber o que está errado e também é importante para saber o prognóstico.”

Mas, mesmo que já fosse possível, não se sabe se “corrigir” o genoma para melhorar rostos valeria a pena. “Não acho que seria desejável nem tentar isso. Não é o que motiva o meu trabalho e acho que o de ninguém que trabalha nesse campo. 

Fonte: Folha.com

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