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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Higienização à vista, artigo de Rosane Garcia

Mais de 500 anos após o descobrimento, o país ainda não conseguiu estabelecer uma relação humana e honesta com os descendentes dos povos originais. Nas última semanas, vieram à tona, em vários pontos do país, conflitos entre pretensos proprietários de terras e populações indígenas. Os embates não são recentes, apenas estavam escondidos da opinião pública. Hoje, os lamentáveis episódios pautam os veículos de comunicação e, mais uma vez, revelam a incapacidade de o Estado se antecipar ao grau máximo de tensão, quando a irracionalidade passa a orientar as decisões e atitudes das pessoas.


Esperava-se algo diferente de um governo popular. Na prática, repetiu gestões anteriores e preservou o espaço concedido às iniciativas voltadas ao estrangulamento das comunidades indígenas do país que, no entendimento dos latifundiários, são obstáculos ao avanço de atividades predadoras do patrimônio ambiental. Ninguém pode cobrar dos gestores ausência de políticas públicas. Elas existem, mas em sentido contrário ao dos direitos e anseios das comunidades.

Atualmente, a maioria dos conflitos está concentrada na Amazônia, região extremamente cobiçada pelo agronegócio, responsável por evitar um fechamento vexatório das contas governamentais. Na tão celebrada Amazônia, os empresários buscam a expansão da agropecuária, do setor sucroalcooleiro, da exploração madeireira, entre outros ramos de investimento no meio rural. Apesar do impacto incalculável no patrimônio natural e na vida dos povos indígenas e de outros que vivem na floresta, o interesse das empresas está em sintonia com a política desenvolvimentista oficial, como o PAC, a abertura de estradas e a construção de hidrelétricas.

Esse segmento está muito bem representado no Congresso Nacional, por meio da bancada ruralista, que curva o Executivo aos seus interesses. É o mesmo grupo que pretende restringir às entidades de classe representativas dos fazendeiros e de outros segmentos a prerrogativa de decidir sobre a territorialidade dos grupos indígenas. Esse conjunto de ataques abertos, além da subserviência governamental ao latifúndio, reforça a suspeita de que se busca respaldo legal à higienização étnica, o que seria uma das maiores contradições do início do século 21.

Fonte: EcoDebate

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