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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Civilização e barbárie, artigo de Montserrat Martins

Nos 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, ao final de julho de 1914, o mundo vive uma crise civilizatória com evidentes focos de barbárie, que resistem aos esforços de evolução da comunidade internacional. Em pleno século XXI ainda resistem práticas imperialistas e colonialistas tais como os Estados Unidos invadirem o Iraque, a Rússia cobiçar territórios da Ucrânia armando rebeldes a seu favor, a China mantendo a ocupação do Tibet.


Esperança de renovação política, os jovens que se mobilizaram em massa pelas redes sociais na “primavera árabe” promoveram mudanças sem precedentes naquela região, como um prenúncio de que entramos mesmo em um novo século e milênio. Mas nesse início de novos tempos, ainda não surgiram novas formas de governo capazes de praticar a democracia participativa que se anseia.

Na História da humanidade, como na transição das Eras e dos sistemas socioeconômicos (da Idade Média para a Idade Moderna, do feudalismo para o capitalismo), não se mede o tempo em anos, nem mesmo em décadas, mas mais precisamente em séculos. As velhas práticas de dominação política não se mudam da noite para o dia, por isso a derrubada de alguns ditadores da região não foi capaz ainda de gerar uma renovação democrática. O Egito segue conflagrado e o povo sírio é vítima da guerra civil com um governo genocida e uma oposição não menos violenta, segundo diversos relatos jornalísticos.

Nesse contexto de disputa entre a civilização e a barbárie no século XXI é que temos de tentar compreender o incompreensível e contextualizar o injustificável. O que choca no recrudescimento da guerra entre Hamas e Israel em julho de 2014, além da morte de crianças e mulheres, entre mais de mil civis, é o fato de um Estado reagir de modo desproporcional, a pretexto de mera defesa, a ataques qualificados por ele como de uma organização terrorista.

Vozes lúcidas da comunidade judaica internacional contestam o governo de Israel, violento até mesmo na retórica contra os próprios aliados, criticando Estados Unidos, Nações Unidas e retaliando as críticas de outras nações – incluindo o Brasil – que participaram da própria criação do Estado de Israel, quando Oswaldo Aranha era o secretário-geral da ONU. A grande maioria das nações apoia a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina, não obstante os extremistas de ambos os lados insistam em negar a existência da outra nação.

A cultura política predominante do mundo árabe não é fácil, sabemos. Mas se espera que num povo que já foi vítima do holocausto surjam formas de se proteger que não reproduzam o genocídio sofrido – e compreendam que a morte de inocentes é uma fábrica de ódio dos parentes enlutados. Na cultura judaica se formaram algumas das mais brilhantes mentes da humanidade, desde as científicas como Einstein e Freud, até as artísticas como Spielberg ou Adam Sandler. No Brasil e no mundo todo há ícones como Moacyr Scliar, referência de qualidade literária internacional. A luta contra a guerra registra as cartas de Einstein a Freud sugerindo uma aliança de lideranças intelectuais contra essa loucura; Marshall Rosenberg criou o método da CNV (Comunicação Não Violenta), o mais eficaz para a mediação de conflitos sociais. Que essa egrégora desautorize o governo de Israel, para que haja soluções que preservem a vida.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é Psiquiatra.

Fonte: EcoDebate

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