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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ecossistema é o grande derrotado no conflito pelo Mar do Sul da China

A criação de ilhas artificiais e a dragagem do leito marinho para estabelecer portos e novas rotas de navegação destruíram parte vital do ecossistema do Mar do Sul da China, cuja soberania é disputada por diversos países.


O governo da China, que reivindica a totalidade dos territórios insulares da região, construiu bases militares, pistas de aterrissagem e dezenas de instalações em um punhado de ilhas que, há cerca de dois anos, mal se sobressaía da água.

“A China cobriu (com areia) cerca de 13 quilômetros quadrados de recifes de coral só nas ilhas Spratly, e também realizou consideráveis trabalhos nas ilhas Paracel, denunciou à Agência Efe John McManus, professor de Biologia Marinha da Universidade de Miami.

Outros países que disputam a região, como Vietnã, Filipinas, Malásia e Taiwan, realizaram processos similares para reivindicar áreas na região, elas “não sejam comparáveis às que foram aterradas” pela China.

“Os danos são permanentes. Foram eliminados recifes que cresceram durante milhares de anos. Estes recifes, uns dos mais maravilhosos ecossistemas da Terra, desapareceram para sempre”, disse o especialista, que trabalhou sete anos na região.

Além disso, os frequentes tufões que passam todos os anos pela região obrigarão a uma constante dragagem de sedimentos nos canais e portos artificiais, o que agravará os danos ao ecossistema.

Esses países, junto com Brunei, reivindicam total ou parcialmente a soberania sobre mais de uma centena de ilhas e atois da região, uma das principais rotas marítimas do comércio mundial e uma importante zona pesqueira, onde, segundo especialistas, há grandes reservas de gás e de petróleo.

“As atividades relacionadas com o conflito reduziram a pesca local”, garantiu McManus. Segundo ele, a área já mostrava sintomas de sobrepesca antes das reivindicações territoriais, e agora os cientistas denunciam a “extinção local” de algumas espécies.

De acordo com um estudo de Villy Christensen, pesquisador da universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), nos últimos 50 anos a capturas de espécies como o atum e a cavala diminuiu 50% devido às más práticas da indústria pesqueira.

“A contínua destruição destes ecossistemas pode acarretar não só em menos comida e fonte de renda para a população litorânea, mas também numa perda vital de espécies que ajudariam na manutenção das gerações futuras”, indicou o biólogo.

Vários especialistas, incluindo McManus, destacam a necessidade de transformar a região das Ilhas Spratly em uma reserva marinha transfronteiriça, através da assinatura de um pacto renovável entre os países, semelhante ao Tratado Antártico.

Este acordo “congelaria as reivindicações das nações e, consequentemente, não seria necessário construir mais bases militares”, garantiu o professor da Universidade de Miami.

Entre as medidas propostas se destacam a implementação de esforços conjuntos para a proteção do meio ambiente e das zonas de pesca, e a criação de uma agência internacional para controlar o processo migratório das espécies marinhas.

“Infelizmente, o argumento mais forte para a criação da reserva marinha é que ela pode ser a única alternativa para evitar um conflito armado”, indicou McManus.

No final de outubro, o Tribunal Permanente de Arbitragem da Haia considerou, após um pedido feito em 2014 pelas Filipinas, que ele mesmo tem jurisdição para decidir o litígio territorial do Mar do Sul da China entre Manila e Pequim.

A disputa pela soberania da região subiu ainda mais de tom com a interferência dos Estados Unidos, tradicional aliado das Filipinas, ao criticar duramente a postura da China de enviar sua marinha para patrulhar a região.

A explosão de um conflito armado levaria à suspensão do tráfego marítimo comercial no Mar do Sul da China, avaliado em US$ 5 trilhões anuais (R$ 11,46 trilhões), o que teria um efeito “devastador” para a economia mundial, segundo especialistas. 

Fonte: Terra

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