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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sobrou algo para dizer sobre a barragem da Vale-BHP em Mariana?

O Governador chama de acidente mas é displicência, sua eleição contou com boa contribuição da Vale. Ele se pronunciou na sede da empresa com quem deveia litigar e depois calou-se.
A Ministra do Ambiente não se pronunciou e a Presidente só o fez uma semana depois. Não há conserto para o dano, cuja fase aguda deve durar décadas. As empresas dizem que a lama é inócua, teria só ferro e alumínio, mas as primeiras análises mostram um coquetel de metais pesados. Várias centenas de milhares de pessoas ficarão sem água por tempo indeterminado. Mais uma vez os prejuízos estão sendo socializados enquanto os lucros são privados.

Tudo isto já foi dito, mas o que me preocupa mesmo é minha máquina de lavar roupa.

Ela está com um barulho estranho e o técnico falou – Vai ter que trocar o rolamento, que custa a metade de uma nova, e também já avisou que não encontrarei outras peças.

O que vou fazer é o mesmo que fiz com o relógio, o carro e a máquina de cortar grama: consertar e consertar muito além do razoável porque o reluzente bem de consumo está ligado à mineração e sua sujeirada.

O preço de uma nova máquina de lavar roupa não paga somente suas partes. Paga a corrupção nos três poderes para evitar pagar o verdadeiro dano, paga a publicidade para manter o fluxo de novos clientes que de outra forma perceberiam a fria em que estão se metendo. Se soou parecido com tráfico de drogas, não é por acaso. Aliás, é igual até mesmo no efeito narcotizante.

A idéia de conserto deixou de existir para os objetos que nos cercam. Se os tivéssemos consertado mais, poderíamos agora ter um dano menor em Minas Gerais, quem sabe consertável... O traficante não existe sem o consumidor.

E antes que esta coluna seja mal utilizada pelos mal intencionados de sempre, repito o óbvio; os moradores da região não devem pagar pela ganância das três empresas. O direito de cada casa sem água, cada centavo de lucro cessante nos pequenos negócios e cada desempregado ao longo do Rio Doce tem prioridade absoluta sobre o lucro das três empresas displicentes, ou deveria ter...


Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, JICA e Vale, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores e Ecologia da Restauração, finalista do 56º Prêmio Jabuti 2014. Nos fins de semana ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico.

Fonte: Ambiente Por Inteiro

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