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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sustentabilidade Urbana e Construção Civil, artigo de Reinaldo Dias

Em maio deste ano, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Urbanos (ONU-Habitat) divulgou relatório sobre as cidades do mundo denominado “Urbanização e Desenvolvimento: futuros emergentes”. O relatório é resultado de 20 anos de estudos, destaca o importante papel dos centros urbanos no desenvolvimento global e conclui que o modelo de urbanização atual é insustentável.


O documento é uma contribuição para a terceira Conferência da ONU Habitat sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em outubro na cidade de Quito, Equador, tendo como objetivo principal a elaboração de uma Nova Agenda Urbana para o século XXI.

Atualmente 54% da população mundial vive em cidades e estima-se que esse percentual suba para 66% até o ano de 2050. O relatório afirma que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de carbono em nível mundial. E com o aumento da população, cresce também o risco de intensificação da contaminação do ambiente.

Para abrigar toda essa população, 70% da superfície das cidades é constituída por moradias que definem a forma urbana, sua densidade e demandam energia e água. Nesse contexto surgem inúmeros problemas como a demanda de energia e o consumo de água. A expectativa é que para 2050 a questão de energia cresça em 40% e a de água 50%, o que exigirá cada vez mais dos centros urbanos alta capacidade de resiliência para enfrentar situações de emergência e obter fontes alternativas de energia. Levando-se em consideração esse quadro, o relatório afirma que o futuro sustentável das cidades e os benefícios da urbanização dependerá em grande medida das futuras abordagens sobre a habitação.

Deve-se levar em conta que a construção de moradias envolve diversas atividades que impactam no ambiente tais como a utilização de materiais de construção a partir de várias fontes, utilização de máquinas, demolição de estruturas existentes, uso de áreas verdes, corte de árvores, destinação de resíduos etc. Consequentemente, o segmento da construção civil, numa perspectiva sustentável deve priorizar a redução de seus impactos sobre o meio ambiente e otimizar suas atividades de forma a reduzir seus efeitos negativos antes, durante e depois da obra construída.

A nova Agenda Urbana implicará na aplicação de critérios de sustentabilidade e utilização racional dos recursos naturais disponíveis na construção, exigindo mudanças importantes nos valores que o setor da construção civil tem na sua cultura consolidada ao longo dos anos. A incorporação de princípios de sustentabilidade alterará diversos hábitos e costumes arraigados, visto que contribuem para a conservação dos recursos naturais, maximizam a reutilização desses mesmos recursos, melhoram a gestão do ciclo de vida das habitações, com redução da energia utilizada e adoção de fontes alternativas de energia como a solar, entre outros benefícios.

Hoje é possível afirmar que não é fácil mudar o sistema de construção de edifícios, pois para se alcançar a sustentabilidade nesse setor deve-se sair da rotina e eliminar os maus hábitos adquiridos em décadas de desperdício de recursos naturais utilizados nas obras. Há necessidade de mudança da mentalidade das empresas do segmento, tendo como objetivo a priorização da reciclagem em detrimento da tendência tradicional de extração de materiais naturais. Nas construções futuras deverá ser incentivada a utilização de sistemas de energia tendo como base produtos e energias renováveis.

O momento atual, com a perspectiva da retomada do crescimento no Brasil, oferece uma excelente oportunidade para as empresas do setor de construção civil e de infraestrutura. O envolvimento consistente com a sustentabilidade contribuirá para uma melhoria do posicionamento competitivo da organização decorrente do reconhecimento público de que a empresa é realmente parceira na construção de um desenvolvimento sustentável.

Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.

Fonte: EcoDebate

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