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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

‘Brasil não precisa expandir uso do carvão’, diz especialista em energia

Após mais de quatro anos sem a participação de energia produzida com carvão em leilões públicos, o governo brasileiro voltou a permitir essa oferta. A primeira vez foi no fim de agosto e a próxima está marcada para o dia 13 de dezembro – um movimento que já despertou a atenção de especialistas.


“O Brasil tem muito potencial não explorado para geração energética. Não precisa de uma expansão do uso do carvão”, avalia Emílio La Rovere, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e um dos 27 experts em energia que assinam um documento reforçando os problemas do uso do carvão, lançado na 19ª Conferência Mundial do Clima.

No documento, os cientistas dizem que mesmo as usinas termelétricas a carvão mais eficientes ainda são altamente poluentes e que seu uso, sem o desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento de carvão, é insustentável ambientalmente.

O próximo leilão no Brasil, feito para abastecer o mercado consumidor em 2018, já bateu recorde de inscritos desde que o governo iniciou essa prática, em 2005. Serão ofertados seis projetos de termelétricas a carvão, totalizando 3.340 MW – o equivalente a 9,5% da energia ofertada.

Em agosto, apesar da oferta, nenhum projeto com uso de carvão foi arrematado.

Trauma do apagão – Segundo La Rovere, que está em Varsóvia participando da cúpula do clima, um dos grandes argumentos pelo uso das termelétricas é o “trauma” que o brasileiro tem após a crise energética do início da década de 2000 – o popular apagão.

“A termelétrica é uma opção rápida para a geração de energia, dá uma sensação de segurança nesse caso”, explica.

Somam-se a isso, segundo ele, também pressões econômicas.

“O Brasil tem muitos portos dedicados à exportação de commodities, especialmente minério de ferro e aço, de onde navios partem carregados para o exterior. Economicamente falando, não é um bom negócio que eles voltem para o país vazios. Por isso há a lógica de que eles voltem com alguma coisa, nesse caso, carvão”, explica ele.

Apesar do esforço global das reduções de emissões, a extração de carvão cresce em ritmo acelerado no mundo. Entre 2000 e 2012, o aumento foi de 69%, segundo dados da WCA (Associação Mundial do Carvão).

Os principais polos de extração de carvão no Brasil se concentram no Sul. Mas o mineral brasileiro é considerado de baixa qualidade, gerando a produção de muitas cinzas.

Nas siderúrgicas, ele é misturado ao carvão importado, de melhor qualidade.

“O uso do carvão não é sempre equivocado. No funcionamento dos altos-fornos das siderúrgicas, por exemplo, ele é justificado. O problema é um uso indiscriminado, como em grandes projetos de termelétricas movidas a carvão”, completa.

Alternativas - Assim como vários especialistas da área, La Rovere destacou o potencial não explorado no Brasil, sobretudo da biomassa do bagaço da cana-de-açúcar.

“Mas ainda há muita resistência entre os usineiros. O açúcar é mais rentável”, avalia.

“Se junto com programas de incentivo à produção de etanol houvesse também para a adaptação das usinas para produzir biomassa, seria um jeito muito eficiente de aumentar a geração de energia”, sugere o professor.

O secretário-geral do Conselho Mundial de Energia, Christoph Frei, destaca que não existe geração de energia totalmente limpa.

“Quando se olha de perto, todos os métodos têm algum grau de desvantagem. Seja ambiental ou social. O que existe é a maneira mais adequada para cada realidade. E é isso que tem de ser observado”, afirmou ele à Folha, em Varsóvia.

Ele também considera que a biomassa do bagaço da cana é uma alternativa “excelente e prática” para a realidade brasileira.

Coordenadora de políticas públicas do Greenpeace, Renata Camargo, destaca a necessidade de incentivo às energia renováveis no país.

“A parcela de emissões do setor de energia no Brasil subiu muito nos últimos anos. São necessárias ações que revertam essa tendência, não de mais termelétricas, especialmente a carvão”, diz ela.

Fonte: Folha.com

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