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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Jogo sujo

Para além de todos os impactos que a realização da Copa do Mundo no Brasil vem trazendo, estudo do Greenpeace Alemanha aponta agora que, dentro dos gramados, também há graves problemas.


A pesquisa revelou que produtos da Adidas, Nike e Puma voltados ao mercado de futebol se mostraram quimicamente tóxicos. Trinta e três itens, incluindo chuteiras, luvas de goleiro e a ‘Brazuca’, bola oficial da Copa, tiveram suas substâncias analisadas. A famosa chuteira ‘Predator’, da Adidas, contém quatorze vezes mais substâncias tóxicas do que o permitido pela própria empresa.

“Marcas como a Adidas fornecem equipamento para alguns dos maiores times do mundo, e dizem estar proporcionando um lindo jogo. No entanto, nossas pesquisas revelam que eles estão jogando sujo. Com seus lucros exorbitantes durante a Copa, pedimos que essas marcas parem de estragar o futebol e limpem seus produtos”, explica Manfred Santen, coordenador da campanha de Detox do Greenpeace.

Laboratórios independentes encontraram compostos químicos como os perfluorados (PFC), nonilfenol (NPE), ftalatos e dimetilformamida (DMF) em produtos de todas as três empresas, que são largamente consumidos no mundo. Essas substâncias podem afetar o meio ambiente e influenciar a cadeia alimentar, além de serem cancerígenas, desregularem o sistema hormonal e afetarem a reprodução.

Dezessete de vinte e uma chuteiras e metade das luvas de goleiro testadas apresentaram PFCs particularmente perigosos, com PFOA, que pode afetar o sistema imunológico e reprodutivo. Atrás da ‘Predator’, a chuteira ‘Tiempo’, da Nike, contém 5,93 microgramas por m² de PFOA, nível considerado alarmante. Um par de luvas Adidas ‘Predator’ também mostra excesso de substâncias tóxicas em relação aos limites propostos pela empresa.

A bola ‘Brazuca’, por sua vez, é composta por NPEs, uma substância que, quando em contato com o ambiente, libera nonilfenol, conhecido por causar a feminilização de peixes machos na Europa e modificar outros organismos aquáticos. O nonilfenol é proibido nas produções têxteis de países da União Europeia e nos EUA, mas na China e em outros países, onde as grandes marcas de roupa estabelecem suas linhas de produção, o uso é liberado. NPEs também foram encontrados em mais de dois terços das chuteiras e em metade das luvas, indicando um uso intenso desse composto químico.

Ftalatos e dimetilformamidas foram detectados em todas as 21 chuteiras. O DMF, usado como solvente em chuteiras manufaturadas, é classificado como tóxico para reprodução e pode causar lesões se entrar em contato com a pele.

“Apesar de seus compromissos, a Nike e a Adidas não estão limpando sua produção de substâncias tóxicas. Em nome das comunidades locais afetadas pela água contaminada, dos torcedores e dos jogadores, pedimos a retirada de qualquer composto químico tóxico dos produtos citados e a publicação de um plano para a erradicação do uso do PFC”, defende Santen.

Detox

Desde seu lançamento em 2011 pelo Greenpeace, a campanha Detox já convenceu vinte marcas de roupas e acessórios, de luxuosas e pret-à-porter até esportivas, a se comprometerem com o fim do uso de compostos químicos tóxicos em suas cadeias de produção até 2020. Enquanto algumas empresas reconhecem a urgência da situação agindo de acordo com o combinado, outras como a Adidas e Nike se escondem atrás da papelada e da ‘maquiagem verde’.

Fonte: Mercado Ético

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