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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pesquisadores da UnB desenvolvem células solares sensibilizadas por corantes naturais

Objetivo é gerar energia limpa a menor custo usando novos materiais e procedimentos de montagem


Em busca de soluções sustentáveis e de baixo custo para geração de energia, a professora María Del Pilar Hidalgo Falla, do Departamento de Engenharia de Energia da Faculdade UnB Gama, apostou nas células solares sensibilizadas por corantes naturais, também conhecidas por células solares de Gratzel.

“Elas têm esse nome em homenagem ao seu inventor, o químico suíço Michael Gratzel”, esclarece.

Segundo Pilar – que coordena um grupo de pesquisa na área -, Gratzel observou como a clorofila das plantas ajudava a converter a luz do sol em energia e desenvolveu um sistema parecido em laboratório, utilizando corantes extraídos de folhas e frutos, nanopartículas semicondutoras de dióxido de titânio e substratos mais baratos, como o polímero PET.

“Células solares desse tipo são mais baratas que as comercializadas hoje em dia e podem vir a ser uma opção viável para comunidades de baixa renda”, aponta a professora de origem peruana.

A redução do custo de fabricação se deve à substituição de um dos materiais – o silício – por outros, como o dióxido de titânio. “Para obter a mesma eficiência energética, outras substâncias são inseridas na célula e testadas”, explica. “Entre elas, os corantes obtidos de plantas do cerrado.”

Pilar conta que o projeto iniciado em São Paulo, em parceria com a USP e a Fundação Educacional Inaciana de São Bernardo do Campo, segue obtendo bons resultados.

Por duas vezes – em 2010 e no final do ano passado –, a UnB obteve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “De nove propostas de pesquisa apresentadas, fomos os únicos contemplados”, orgulha-se.

“O setor de fotovoltaicos cresce no mundo inteiro e deve gerar, em dez anos, quase o mesmo número de empregos da indústria automobilística atual”, diz Pilar.

“No Brasil, no entanto, grande parte do trabalho concentra-se na produção de bicombustíveis”, observa. “É preciso capacitar mais laboratórios e pessoal para trabalhar na produção de energia solar”, acredita.

LARGA ESCALA – Para a pesquisadora, o potencial das células solares é tão grande que, entre futuras aplicações, ela cita a cadeia produtiva do petróleo. “O diesel que alimenta os motores de sondas e brocas poderá ser substituído por células solares”, afirma.

“Em mar aberto – perfurações offshore -, por que não utilizar a luz do sol para gerar energia?”, questiona. “Grandes empresas, como Petrobras e Chevron, estão interessadas em fontes alternativas menos poluentes.”

TESTES – Para preparar cada célula, diferentes materiais e procedimentos são utilizados. O estudante Haroldo do Rosário Vieira Júnior, membro do grupo de pesquisa, conta que dezenas de protótipos foram testados até o momento.

“Em média, o preparo de cada um leva três dias”, diz. “A corrente elétrica se intensifica ou diminui dependendo de como são feitos”, explica o estudante, enquanto mostra um frasco contendo nanotubos de carbono, uma das substâncias usadas para aumentar a eficiência das células solares.

No ano passado, parte dos resultados foram apresentados no Congresso Mundial de Energia Solar, em Cancún, no México. “No próximo mês, o trabalho vai ser exposto em um encontro na Escócia”, anima-se Haroldo.

Confira o projeto na íntegra. http://unb.br/noticias/downloads/Proposta_de_Pesquisa_CNPq.pdf

Por Erika Suzuki, da UnB


Fonte: EcoDebate

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