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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Dentro das possibilidades ecológicas

Se a nossa espécie tem intenção em continuar desfrutando dos prazeres da vida, convivendo de forma harmoniosa num meio ambiente equilibrado, fazendo uso parcimonioso dos principais serviços ecossistêmicos, urge a adoção de estilos de vida dentro das possibilidades ecológicas do planeta.

A adoção de um estilo de vida, basicamente a partir da relação produção-consumo, visto ser a economia espécie de eixo articulador da sociedade, que caiba dentro das fronteiras ecológicas, só será possível quando se verificar, na prática, a conciliação em definitivo entre o homem a natureza.

Para tanto, tomando a atividade econômica como ponto de análise, é de fundamental importância, primeiramente, derrubar dois mitos muito em voga: 1) a maioria dos economistas neoclássicos continua convencida de que não há nenhum conflito entre o desenvolvimento da lógica econômica e o respeito pela lógica da biosfera; 2) crescimento físico da economia, ou seja, mais bens e serviços (quantidades excessivas) à disposição da população, não obstante a importância que exercem para a organização da vida social, não representam, em hipótese alguma, condição de melhoria e prosperidade individual.

Especificamente sobre o primeiro ponto, os economistas tradicionais, por isolarem em suas análises a natureza do conjunto da atividade econômica, como se a economia “funcionasse” no vazio, sem interação com os aspectos da natureza, ignoram que a espécie humana corre um sério risco de desestabilização porque sua saúde e suas atividades dependem do bom funcionamento dos ecossistemas – que estão entrando em colapso – e de recursos naturais abundantes, escasseados que se encontram devido à incorporação dos modos de produção e consumo que ferem o meio ambiente, provocando assim conflitos ecológicos, decorrentes da vinculação inevitável entre crescimento econômico, expansão descontrolada dos fluxos energéticos e de materiais e o consequente acúmulo de resíduos gerados pelo processo produtivo.

Sobre o segundo ponto, cabe destacar que qualquer subsistema – assim como a economia – em algum momento deve necessariamente parar de crescer e adaptar-se a uma taxa de equilíbrio natural. Funda-se nesse argumento um fato inexorável: parar de crescer não significa, contudo, parar de se desenvolver. Parar com o crescimento da economia não representa a paralisia completa do sistema econômico.

Do ponto de vista econômico é perfeitamente possível prosperar sem crescer. Prosperidade é sinônimo de bem-estar para todos. Portanto, não é compatível alcançar um elevado nível de prosperidade em ambientes que são constantemente expostos à degradação, reduzidos à poluição como objeto final, afetando, sobremaneira, a qualidade de vida e o modo de viver das pessoas.
Com isso, é urgentemente necessário trocar a busca incessante do crescimento (expansão quantitativa) pelo desenvolvimento (melhoria qualitativa). No linguajar dos economistas ecológicos é oportuno pontuar que o crescimento econômico vai até certo ponto; ultrapassado esse ponto, não há melhorias, mas sim perdas significativas, começando pela qualidade do ar que respiramos e pela completa destruição do espaço natural, afetando a qualidade de vida nas cidades; tornando-as, em outras palavras, insustentáveis.
Prosperar socialmente não pode então estar vinculado à ideia do crescimento da economia, a partir do alcance de mais bens e serviços. Logo, não é o crescimento econômico que determina, grosso modo, a prosperidade, até mesmo porque a distribuição nunca é feita de forma equitativa. O erro está localizado em dois aspectos: na produção excessiva e no consumo desigual.

Renomado especialista nesse assunto, Tim Jackson, autor de Prosperity without Growth – Economics for a Finite Planet declara que “os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim”.

Para esse autor, “o mais importante é procurar viver bem, e não viver com mais”. Continuando a explorar seu ponto de vista, Jackson assevera que “(…) viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios. A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais. Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas”.

* Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia na FAC-FITO e no UNIFIEO, em São Paulo.

Fonte: Mercado Ético

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