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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Uma economia ainda bloqueada pelos caminhões

Apesar da proposta do governo, protestos realizados por caminhoneiros de todo o Brasil persistem em várias estradas e têm forte impacto sobre negócios na região sul


Apesar do acordo firmado entre governo e caminhoneiros na quarta-feira (25), a categoria mantém diversos pontos de rodovias federais parcialmente ou totalmente bloqueados na manhã desta quinta-feira (26) – principalmente na região sul. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio Grande do Sul, há 27 trechos interditados pelos manifestantes nas BRs-101, 116, 158, 285, 386, 392, 468, 470 e 272. Em Santa Catarina, ainda há 11 pontos de bloqueios com interdição parcial das pistas. Os caminhoneiros ocupam trechos das BRs-116, 282, 470, 158 e 163. 

O governo apresentou, no início da noite de quarta-feira, uma proposta de acordo ao movimento de caminhoneiros que bloqueia as rodovias de diversos estados brasileiros. Com a condição de que os bloqueios sejam suspensos, o governo promete sancionar a Lei dos Caminhoneiros, a prorrogação por 12 meses do pagamento de caminhões por meio do Programa Procaminhoneiro e a negociação conjunta entre caminhoneiros e empresários para que seja estabelecida uma tabela referencial de frete. De acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, essa discussão poderá ser feita por meio da instalação imediata de uma mesa de negociação permanente para discutir a tabala do frete e outros assuntos. Ainda segundo ele, a Petrobras informou hoje (25) que durante os próximos seis meses não haverá reajuste do diesel, segundo os referenciais e indicadores da estatal. 

“Estamos informando [o movimento sobre a proposta], divulgando, vamos aguardar essas manifestações, a suspensão do movimento. Estamos confiantes, pela qualidade e pelo esforço do governo, numa resposta positiva”, avaliou Rossetto. O ministro acredita que, após as diversas reuniões desta quarta-feira (25), foi possível compor uma proposta que reflete “grande parte” das expectativas dos caminhoneiros. “Estamos seguros de que [a proposta] tem base forte positiva para que possamos sair dessa situação que estamos vivendo, recuperar o ambiente de normalidade e preservarmos toda uma agenda”. Como exemplo, Rossetto citou as Lei dos Caminhoneiros, que altera a regulamentação da profissão e foi aprovada há duas semanas pelo Congresso, que vai beneficiar os caminhoneiros e vai ser sancionada integralmente por Dilma. “Um dos temas importantes que está na lei é que os caminhões que trafegam vazios, estarão suspensos do pagamento de pedágio por eixo suspenso”. No entanto, o ministro afirmou que essa e as demais propostas, serão mantidas “desde que haja a suspensão das manifestações”. 

Prejuízos 
No Paraná, o porto de Paranaguá recebeu apenas 67 dos 925 caminhões esperados para a terça-feira (25). O escoamento da safra para a exportação de soja deverá ser bastante prejudicado. Também no Paraná e em Santa Catarina, a JBS paralisou oito unidades de produção de aves e suínos, por conta da interrupção no fornecimento de grãos que alimentam os animais. Ainda que se mostre solidário à causa dos caminhoneiros, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) divulgou uma nota em que pede que a ração das aves seja entregue logo, sob risco de paralisação de toda a produção do Estado. A Associação Gaúcha de Avicultura já havia divulgado uma nota com conteúdo semelhante. 

Em Londrina (PR), a população corre para os postos de gasolina para encher o tanque, por conta de boatos de que os combustíveis não serão distribuídos normalmente. Alguns postos chegaram a ficar sem etanol e gasolina por conta da procura acima da média. O litro da gasolina chegou a custar R$ 3,94 - muito acima dos R$3,39 cobrados em média na região. O temor de que a gasolina acabe ronda outras cidades, como Chapecó (SC), no oeste catarinense 

A Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP) distribuiu nota na qual afirma que “alertou e vem alertando a sociedade acerca das ações que vêm sendo orquestradas nos bastidores de Brasília e que se refletem no que estamos assistindo hoje: greves, movimentos paradistas, empresas desativando o chão de fábrica, cidades inteiras com risco de desabastecimento de gêneros de primeira necessidade”. Na mesma nota à imprensa, a Abdib ainda faz uma previsão perturbadora. “Infelizmente o atual cenário tende a piorar, pois como já tínhamos anunciado no final do ano passado, o custo do pneu de carga – usado em caminhões - terá novos aumentos e muito significativos neste ano...”

Fonte: Revista Amanhã

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