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terça-feira, 24 de março de 2015

Estudo aponta que 70% das florestas remanescentes do planeta correm risco

Pesquisa global conta com a participação de pesquisador da organização brasileira IPÊ, Clinton Jenkins, e foi publicada na revista Science Advances


Que as florestas de todo o mundo estão em declínio e a perda de biodiversidade é constante, isso não é novidade. Mas um extenso estudo global recém-publicado sobre a fragmentação florestal no mundo constatou, a partir de um mapa de alta resolução, que 70% das florestas existentes na Terra estão sob grande ameaça por estarem posicionadas em áreas vulneráveis que ameaçam a sua proteção. A pesquisa foi divulgada no último dia 20, pela revista Science Advances.

O estudo tem 24 autores de vários países, que acompanharam os resultados de 35 anos de pesquisa de sete grandes experimentos sobre fragmentação de habitats, realizados em biomas dos cinco continentes. A análise originou o primeiro mapa global em alta resolução que aponta onde estão esses remanescentes florestais e como eles estão sofrendo com os efeitos da fragmentação.

Os pesquisadores afirmam que a maior parte das áreas florestais que ainda existem no mundo possuem uma característica comum: localizam-se, em média, a um quilômetro da borda da floresta, dentro de uma faixa onde existem as atividades humanas e ameaças naturais que podem influenciar e degradar esses ecossistemas. Outra conclusão dos autores do estudo é a de que os habitats fragmentados têm reduzido a diversidade de plantas e animais de 13 a 75 por cento e os efeitos mais negativos se encontram nos menores e mais isolados fragmentos de habitat.

As análises foram lideradas por Nick Haddad, da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), que conta com a participação do pesquisador americano Clinton Jenkins que, no Brasil, atua como pesquisador do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. Segundo Jenkins, o Brasil vive os dois extremos, com uma floresta bastante conservada, a Amazônia, e uma que está em vias de desaparecer, a Mata Atlântica.

“O Brasil detém dois dos exemplos mais extremos para as florestas. De um lado do país, a Amazônia, a maior floresta tropical e a menos fragmentada do mundo, um bioma que ainda pode ser considerado bem conservado, mas que vive sob grande ameaça. Do outro lado do país é a Mata Atlântica, uma das florestas mais devastadas e fragmentadas do planeta, que, para sobrevier, precisa salvar suas pequenas partes e tentar reconstruir um ecossistema maciçamente danificado. O que vemos, entretanto, é que a Amazônia está seguindo o mesmo caminho da Mata Atlântica, caso não houver medidas eficazes de combate ao desmatamento”, afirma Jenkins, que é também professor convidado pela ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, no Brasil.

Abrangendo diversos tipos de ecossistemas, das florestas de savanas a pastagens, as experiências de fragmentação agrupadas e analisadas no estudo mostram uma tendência desanimadora: a fragmentação causa perdas de plantas e animais, muda a forma como funcionam os ecossistemas, reduz as quantidades de nutrientes acumulados e a quantidade de carbono sequestrado, e tem outros efeitos prejudiciais.

“Os efeitos iniciais foram negativamente surpreendentes”, diz Haddad. “Mas eu fiquei admirado com o fato de que esses efeitos negativos tornam-se ainda mais negativos com o passar do tempo. Alguns resultados mostraram uma redução de 50 por cento ou mais de espécies vegetais e animais durante uma média de apenas 20 anos, por exemplo. E a trajetória ainda é uma espiral descendente”, alerta. O pesquisador ainda afirma que a fragmentação de habitats tem efeitos nocivos que também irão prejudicar as pessoas. “Este estudo é uma chamada para acordarmos para o quanto estamos afetando ecossistemas – incluindo áreas que pensamos estarem conservadas”, diz.

Os autores apontam para possíveis formas de mitigar os efeitos negativos da fragmentação: conservação e manutenção de áreas maiores de habitat; utilização de corredores paisagem que conectam fragmentos; e aumento da eficiência da agricultura para reduzir as demandas por mais terras. São medidas urgentes de conservação e restauração para melhorar a conectividade da paisagem, o que reduzirá as taxas de extinção e ajudarão a manter os serviços ecossistêmicos.

“Nós sabemos o que é necessário para recuperar os ecossistemas se tivermos essa chance. Proteger habitats remanescentes e conectá-los com corredores é uma maneira cientificamente válida para reduzir os efeitos negativos da fragmentação”, conclui Jenkins.

Fonte: EcoDebate

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