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terça-feira, 3 de março de 2015

Falta d’água: uma reação em cadeia, artigo de José de Castro Procopio

70% do nosso corpo e água e reflete a condição do nosso planeta. O oxigênio que respiramos compõe a sua fórmula H2O. Líquido da vida. Estar perto dela nos acalma.
Um banho nos limpa e fortalece. Se ela é usada limpa nos alimenta, hidrata e nos cura melhorado o funcionamento dos nossos órgãos. Se usada impura nos adoece e nos mata. É bela de se ver, agradável no contato, encanta quando despenca em cascatas e, quando pulsa no mar, sincroniza nossos corações. Não enfrenta obstáculos. Contorna-os, se contém guardando energia. Gera vida e riquezas.

Toda atividade humana um dia dependeu dela e a usou. E como a tratamos? Nossa forma de civilização cresceu em seu entorno nas margens de rios, lagoa e mares. No deserto a chamamos de oásis, quase paraíso. Mas nas cidades e na moderna civilização chamamos de tempo ruim o dia que ameaça chuva e no campo dia bom para chover, pois será garantia de alimento. Na cidade tomamos especialista em expulsá-la com sistemas eficazes de drenagem para nos ver livre dela, com impermeabilização da terra e a supressão de toda a vegetação amiga da água lhe permitindo a sua infiltração.

Nos cursos d’água jogamos dejetos, nossos dejetos e achamos normal fazer isso e dizemos que a água tem capacidade de depuração. Até legislamos sobre isso oficializando o absurdo e depois gastamos milhões para limpá-la para seus múltiplos uso e torná-la potável para matar a nossa sede. Quando a água fica degradada pela imundície que nela jogamos a tamponamos privilegiando o espaço para carros de 5 lugares e usados por um e damos o hipócrita nome de avenida sanitária ao invés de recuperar o curso d’água. Ação que seria lógica. Aterramos suas margens e nela construímos e depois clamamos a algum deus piedade com os danos das enchentes. A indústria juntou-se aos governos e especializaram em socializar os custos ao permitir o uso da água a favor da produção e privilegiando o lucro e o pouco cuidado com o bem nele jogando os efluentes seja diretamente ou pelas chaminés que antes de chegar ao rio nos destrói pelo ar.

Este é o modelo predatório que adotamos para gerir a natureza. Desvestimos as matas, roupas da terra, exterminamos os seres nossos parceiros planetários e desconhecemos seus serviços ambientais. Contaminamos o líquido da vida e o ambiente e falamos que é desenvolvimento, esquecidos que as ações no nosso pequeno planeta provocam reações em cadeia. Discutimos metros de margens de rios e nascente drenando os mananciais desrespeitando o natural e criando o atual colapso hídrico. Colapso hídrico significa colapso de todo um sistema: a geração de energia, a produção industrial e de alimentos seguem a crise da água.

Extinções em massa serão inevitáveis, pois a vida em todas as suas formas dependem da água. Que será dos peixes sem ela. E eles também são fonte de alimentos e os estamos matando.

Ainda há tempo. A crise pode ser o momento de mudança de mentalidade civilizatória, da forma de agir em relação à natureza e à vida. É necessário adoção e priorização de políticas de conservação. E recuperação ambiental.

Isto é caro, mas mais barato do que retificar rios e criar piscinões. É necessário valorizar os serviços ambientais e criar políticas que valoriza a conservação e pagar preços justos de mercado aos produtores de água. É urgente que as grandes construções tenham captação e reservação das águas de chuva. Renaturalizar rios, proteger nascentes e mananciais. Melhorar a qualidade do uso com parcimônia e cuidado. Reprender a lida com a água e o ambiente. Pensar melhor na hora de autorizar desmatamentos e parcelamentos do solo. Atendendo apenas a fúria dos lucros imobiliários. Tirar os cimentos dos quintais, adotar sistemas e hábitos de economia da agua. Na indústria o reuso deve ser primordial e a devolução da agua em qualidade usável pela biota. Parar de contaminar o solo e os alimentos e as águas com agroquímicos em quantidades abusivas. Repensar a produção do lixo e dar destinação adequada priorizando a recuperação da matéria prima, ou seja, reciclar. Repensar o transporte priorizando o coletivo. Priorizar a o coletivo e não o privilégio.

Ter política pela população e não pelo poder. São muitas as soluções e as conhecemos, é só ter vontade de fazer.

José de Castro Procopio, Ambientalista e Artista plástico -Gestor Ambiental, Presidente do Instituto Guaicuy – SOS Rio das Velhas

Fonte: EcoDebate

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