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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Biodiesel, artigo de Roberto Naime

Afora o simplismo de considerar somente a extensão territorial como fator determinante para a enorme vocação do país para a obtenção de combustíveis a partir de biomassa, desconsiderando fatores climáticos, recursos humanos e tecnologia, se inicia ressaltando novamente e considerando todos os fatores citados, a enorme vocação do país para geração de combustíveis, a partir de fontes renováveis, associadas a bioenergia.


Existem dados e observações até simplórias, mas nem por isso negligenciáveis ou menos impressionantes. Os biocombustíveis são renováveis e biodegradáveis que são obtidos a partir de reações químicas de lipídios, óleos e gorduras, que geralmente são de origem vegetal, mas podem também serem de origem animal. Estes combustíveis são produzidos por reações com álcool na presença de catalisadores, em reações conhecidas como transesterificação.

Podem ser utilizados na forma pura ou misturados com diesel de origem petroquímica. Atualmente no diesel vendido no Brasil, o percentual de biodiesel é de 6%, devendo ser ampliado para 7% em novembro. Cada ponto percentual de biodiesel equivale a uma quantidade em torno de 600 milhões de litros anuais. Outros dados sobre o potencial de produção são fantásticos e instigantes. Enquanto os óleos naturais a partir de soja, por exemplo, podem produzir 500l/hectare, a obtenção de biodiesel a partir de palmáceas como o dendê ou a macaúba pode atingir 4 ou 5 mil litros por hectare. Considerando todos os fatores acima mencionados, é ou não é um enorme potencial e uma grande vocação para a produção de biodiesel? E nos últimos anos não se recorda de qualquer política pública perseverante e relevante para o setor.

Atualmente, segundo dados divulgados pela Petrobras, cerca de 75% da produção do país provêm de obtenção a partir de soja, cerca de 20% com óleos de origem animal e aproximadamente um total de 5% de outras fontes como o dendê, a canola e o óleo de algodão. Para produzir o biodiesel, o óleo retirado das plantas ou de origem animal é misturado com álcool ou metanol, sendo a reação estimulada por uma substância catalisadora que produz e acelera as reações químicas. Depois, o óleo obtido é separado e filtrado, enquanto a glicerina produzida é utilizada para fabricação de sabonetes e produtos afins.

Os biocombustíveis, portanto, são substâncias ou materiais que geram energia a partir de fontes renováveis de origem vegetal ou animal, produzidos através de reações químicas que removem a glicerina dos óleos, reação que é conhecida como transesterificação.

Muito se discute se a ampliação da produção de biocombustíveis não resultará em prejuízo da produção de alimentos para consumo humano, de forma direta ou indireta (cereais para alimentação e manejo de espécies animais fornecedoras de proteína). Mas com os potenciais de produtividade e vocação das espécies vegetais em estado natural ou desenvolvidas, que se tem demonstrado e atingido, acredita-se que este fato não venha a ser problema. As dificuldades continuarão sendo debitadas à ausência de renda, gerada pela má distribuição ou pelas incapacidades de absorção pelo mercado de trabalho. Fatores que necessariamente devem ser resolvidos em outras dimensões, na área de educação e nas políticas de estado de distribuição de renda, dentre outros cenários.

Claro que diretrizes impostas ou determinadas por mercados tendem a definir a utilização de espaço agrícola. Assim como na preservação ambiental. Por isto se fala tanto na remuneração pelos serviços ambientais. Se o ente mercadológico se dispõe a remunerar melhor a produção de combustíveis a partir de biomassa em detrimento de alimentos que se viabilizam como entes saturados por ausência de renda gerada por qualquer motivo, não é ao produtor rural que se vai debitar esta responsabilidade, e sim às teias sociais, em suas vertentes políticas, econômicas e até mesmo educacionais, dentre outras.

O importante é que combustíveis de origem fóssil, ou seja, finitos e grandes produtores de gases de efeito estufa que interagem com os climas, serão deixados de serem produzidos. E isto tem um valor inestimável. Os compostos de biodiesel, quanto mais adicionados de misturas de origem vegetal ou animal, mais tendem a ter a queima limpa. São biodegradáveis, não-tóxicos e segundo as especificações que se divulga, essencialmente livres de compostos sulfurosos e aromáticos, que também geram impactos ambientais.

A produção, conforme se descreve, produz ésteres, que é o nome químico do biodiesel e as glicerinas que são importantes na produção de cosméticos. Em nível internacional, é válido registrar que o biodiesel é regido nos Estados Unidos pela norma ASTM D6751, sendo o único combustível alternativo a obter completa aprovação do denominado “Clean Air Act” de 1990, obtendo plena autorização da “Environmental Protection Agency” ou “EPA” como é conhecida a agência ambiental americana. Adicionado a óleos de origem fóssil, confere melhores condições de lubricidade, sempre que os teores de enxofre são reduzidos.

Deve ser enfatizado que não se pode confundir problemas sociais e econômicos com situações de preservação ambiental ou de interesse mercadológico. Por isso, foro de resolução para ausência de renda ou programas compensatórios de segurança alimentar é outro, e não as definições da produção rural, para o bem de todas as partes envolvidas na situação e a melhoria da qualidade ambiental e da qualidade de vida de todas as populações consideradas.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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