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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Europa deve focar em melhorar a nutrição

Após ter alcançado um notável êxito na redução da fome, a Europa agora deve enfrentar o desafio de fazer com que os alimentos assegurem algo mais do que a sobrevivência, e permitam uma vida saudável.

Por José Graziano da Silva*

Roma, Itália, 6/5/2016 – Como responsável de uma organização mundial de luta contra a fome, nada me dá maior satisfação do que ver como uma ampla região do mundo garante a segurança alimentar de sua população.

Com 53 países membros e uma organização membro, Europa e Ásia Central formam a maior região da FAO, que se estende por 13 fusos horários, do Atlântico até o Pacífico. Nossos dados mostram que em quase todos os países que a integram a insegurança alimentar foi reduzidapara menos de 5% da população. E o número absoluto de vítimas da fome diminuiu pelo menos 40% desde 1990.

Infelizmente, o desafio não termina aqui.

A má nutrição – ao contrário da subalimentação (insuficiência calórica) – é um problema que afeta toda a região. Tem muitas formas: deficiência de micronutrientes, atraso do crescimento, debilidade, sobrepeso e obesidade.

De fato, a maioria dos países da região tem taxas alarmantes de obesidade: mais de 20% entre os adultos. A má nutrição tem custos sanitários, sociais e econômicos que nenhuma sociedade pode se dar ao luxo de suportar.

Por que isso está acontecendo? Porque no momento em que os países superam o problema secular da fome, as dietas e os estilos de vida das pessoas sofrem a influência negativa da globalização, transição da nutrição e outras mudanças.

As transformações econômicas e sociais – incluindo maiores rendas em muitos países pobres e de renda média, e a fácil disponibilidade de alimentos processados a preços relativamente baratos – estão dando lugar a mudanças nos padrões de alimentação que fazem aumentar as taxas de obesidade. Outras mudanças no estilo de vida – como menos atividade física – fazem com que a situação piore.

Garantir o acesso a alimentos adequados, nutritivos e inócuos para uma população em aumento é um dos maiores desafios de nosso tempo. O problema se vê agravado ao se intensificar a competição pelos escassos recursos naturais e ao se sentir os efeitos adversos no longo prazo da mudança climática.

Para a Europa e a Ásia Central, o desafio atual é atravessar essa fase provisória pouco saudável o mais rápido possível, e chegar em dietas e hábitos alimentares que sejam variados, nutritivos, inócuos e sustentáveis.

Demos um passo importante na direção correta com a Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição, em novembro de 2014, quando os países adotaram a Declaração de Roma sobre a Nutrição e um marco de ação para acabar com todas as formas de má nutrição.

Os signatários se comprometeram a melhorar os sistemas alimentares sustentáveis mediante o desenvolvimento de políticas coerentes, desde a produção até o consumo, e em todos os setores pertinentes para proporcionar acesso o ano todo a alimentos que satisfaçam as necessidades nutricionais, e promover dietas saudáveis, inócuas e diversificadas.

Para ter êxito, os países terão que implantar políticas adequadas para reformar o sistema alimentar, reduzir as perdas e o desperdício de alimentos, que seja mais fácil para os consumidores escolher alimentos saudáveis, empoderar as pessoas com educação nutricional, oferecer uma rotulagem precisa dos alimentos, promover cultivos como o das leguminosas, desenvolver a agricultura local em pequena escala, e vincular os agricultores com o mercado.

Nesta primeira semana de maio, os países da Europa e Ásia Central abordarão o tema das dietas pouco saudáveis e outras questões relacionadas com a agricultura e a alimentação ao se reunirem em Antalya, na Turquia, por ocasião da 30ª Conferência Regional da FAO para a Europa.

Ministros e outros delegados e representantes da sociedade civil e do setor privado discutirão os problemas e as soluções, e estabelecerão as prioridades para o trabalho da FAO na região nos próximos dois anos.

As sociedades da Europa e da Ásia Central têm hoje a oportunidade de escolher um futuro saudável, e a FAO está disposta a ajudá-las nessa escolha.

*José Graziano da Silva é diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Fonte: Envolverde

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