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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Sustenta-bláblá-bilidade?!

No jargão popular, parece que a preocupação com preservação ambiental e inclusão social, como componentes completares ao crescimento econômico são mero blábláblá.


Desde a década de 1990, John Elkigton e muitos outros especialistas lançaram luz ao tema de Sustentabilidade. Aliás, podemos citar uma vasta gama de profissionais que dedicaram sua vida, ou bons anos dela, ao tema, trazendo a discussão socioambiental à tona. Realmente contribuindo para tornar o mundo um lugar melhor. Além de John Elkignton com o tripé da Sustentabilidade (Ambiental, Social e Econômico) – recomendo a leitura do livro “Canibais de Garfo e Faca” – poderíamos citar também Michael Porter com a Teoria de Valor Compartilhado, Muhamad Yunus o banqueiro dos pobres, Lester Browm e Frijot Capra. No Brasil Dal Marcodes, Ricardo Voltolini, André Trigueiro, Fábio Barbosa, Ladislau Dowbor.

Os profissionais são muitos e qualquer tentativa de listar alguns deles, ou todos eles, seria inútil, contudo o destaque dado é para começar este diálogo fazendo uma nobre referência e agradecimento aqueles que tanto têm contribuindo e solidificado a causa no Brasil e no Mundo. No entanto, a reflexão que esse texto busca trazer, de alguma forma lança um questionamento um pouco mais perturbador. Estariam as empresas realmente investimento em Sustentabilidade de uma forma consistente? E mais, estaria a sociedade realmente mais informada e crítica a ponto de realizar uma pressão efetiva e eficaz?

Em tempos de instabilidade política e econômica é impossível não se fazer essa pergunta. Sim, claro, muito empresas tem realizado um trabalho primoroso e transformador. E aqui registramos também a nossa admiração por todas elas. Apesar disso, é notório que neste momento mais desafiador, muitas empresas encontraram como solução de um cenário crítico o desmantelamento da área de Sustentabilidade. Redução de investimento, cortes de profissionais especialistas, congelamento de projetos.

As vezes soa como se, apesar de todo o pretenso avanço, quando se coloca na balança os pesos e medidas para uma toma de decisão a Sustentabilidade sai perdendo. No jargão popular, parece que a preocupação com preservação ambiental e inclusão social, como componentes completares ao crescimento econômico são mero blá blá blá.

Calma, não geremos uma onda de desânimo, mas sim uma auto análise individual e coletiva. Até que ponto estamos priorizando e colocando no centro da estratégia empresarial o elemento Sustentabilidade? E como os profissionais especialistas da área podem e devem contribuir para que os tomadores de decisão realmente percebam a Sustentabilidade como vetor estratégico fundamental para a perenidade de qualquer negócio, de qualquer sociedade e da vida no planeta?

Como indivíduos a questão também nos assola. Até que ponto estamos dispostos a priorizar decisões mais sustentáveis? Não somente na oratória, mas sim, sobretudo, no cotidiano e na prática, afim de termos um discurso e uma atitude coerentes e que caminhem juntos.

Como sempre, este momento requer uma decisão, deixar a sustentabilidade se tornar um discurso vazio, flácido, sem sentido, ou arregaçar as mangas com coragem e seriedade. Trazer a tona o sentido e a ação que a temática requer, assegurando que estará presente na pauta das áreas, nas agendas e a na vida, ativa, com sentido e transformado a realidade. É o momento de escolher se queremos honrar e perpetuar o legado que tantos têm construído para nós e para as gerações futuras. (#Envolverde)

* Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós  (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para Envolverde sobre Diversidade e Sustentabilidade.

Fonte: Envolverde

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