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quinta-feira, 23 de março de 2017

Água: Empresa e ONGs juntas no Norte e Nordeste

A Coca-Cola Brasil se uniu ao Banco do Nordeste (BNB) e a organizações sociais na formação de uma aliança para viabilizar iniciativas de acesso à água, principalmente no Norte e Nordeste. A parceria, anunciada em 21 de março, vai até 2020, com investimento inicial de R$ 20 milhões e espera beneficiar, inicialmente, 40 mil pessoas.


Pela primeira vez algumas das principais organizações que trabalham para viabilizar o acesso à água irão se juntar para buscar e testar soluções inovadoras e autossustentáveis. A aliança vai viabilizar investimentos que vão além de ações tradicionais e restritas. O objetivo é desenvolver modelos possíveis de serem replicados por todos os setores da economia e, assim, diminuir o déficit de pessoas sem acesso à água potável no Brasil. O grupo será formado por ONGs, empresas e instituições privadas e públicas, que juntas atendem mais de 600 mil pessoas.

“Água é o DNA do nosso negócio e estamos determinados a criar valor além das fronteiras das nossas fábricas e da nossa cadeia produtiva. Por meio dessa aliança vamos potencializar o ecossistema de acesso à água no país. Acreditamos que podemos usar nossa capilaridade, expertise e vocação e contribuir para que cada vez mais brasileiros tenham acesso à água de forma segura e sustentável”, afirma Pedro Massa, diretor de Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil.

“Acreditamos que podemos contribuir com a nossa capilaridade, porque, de fato, atuamos em 100% do território nordestino, e também com o nosso conhecimento e aparato técnico existente em cada uma das nossas 13 fábricas. Nossos times e equipamentos estarão à disposição dessa rede”, complementou Fabio Acerbi, Diretor de Relações Externas da Solar Coca-Cola.

Para o presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda, garantir acesso a água é contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento regional. “Historicamente, a carência desse recurso natural constitui grande desafio para o desenvolvimento do Nordeste. Assim, o Banco assume o compromisso de impulsionar soluções inovadoras que permitam à região lidar de forma criativa e sustentável com esta questão crucial. A exemplo da criação do FNE Água (linha de crédito voltada para a gestão eficiente de recursos hídricos), essa parceria é mais uma de nossas ações neste sentido”, explica Holanda.

Dentre alguns dos parceiros já confirmados nessa coalizão estão a Fundação Avina, que atua desde 2004 em projetos de acesso à água em toda a América Latina; o Instituto Trata Brasil, referência nos temas de água e saneamento no país; o SISAR, que atua na gestão de saneamento rural; a WTT (World-Transforming Technologies), organização especializada em inovações tecnológicas para impacto socioambiental; e o Projeto Saúde e Alegria e a Fundação Amazônia Sustentável, que atendem comunidades e milhares de famílias na região Norte.

Em abril será realizada uma chamada pública de inovação, em que cinco projetos serão escolhidos para serem implementados em 2017. O primeiro piloto já está em fase de testes, com o apoio da Solar, fabricante da Coca-Cola Brasil no Nordeste, na comunidade de Coqueiro, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. A estação de tratamento da localidade recebeu uma máquina que utiliza o gás ozônio para purificar a água. A tecnologia de baixo custo, desenvolvida pela Brasil Ozônio, trata cerca de três mil litros de água por hora, além de oxidar metais pesados comumente encontrados no semiárido brasileiro.

O que dizem os parceiros?

“Articulamos junto com a Coca-ColaBrasil essa aliança há mais de um ano. Estamos começando com o piloto em Caucaia com a ambição de expandir rapidamente. O objetivo final é encontrar combinações que envolvam tecnologia e modelos de negócios, ou parcerias comunitárias, que viabilizem replicação das ações bem-sucedidas pelo Brasil afora”, disse AndreWongtschowski, gerente de operações da WTT.

“A aliança chega num momento em que queremos discutir escala e impacto de acesso à água. Temos uma série de fatores a serem vistos e não apenas o de dar acesso, mas também manter a água para quem já tem. Devidos os fatores climáticos, as cidades estão começando a entrar em colapso. A aliança vai poder expandir. Para fazer mais e melhor, precisamos de parceiros e aliados. Estamos ganhando capacidade de escala ao aportar inovações tecnológicas e sociais. Com essa aliança estamos falando de um projeto que não é de A, B ou C. É uma necessidade do país e nós vamos atuar juntos para resolver isso”, explicou Telma Rocha, gerente programática de acesso à água da Avina.

“Estar num projeto dessa magnitude é muito importante porque vamos analisar as duas regiões mais críticas do país: Norte e Nordeste. Na primeira, pouco mais de 50% da população tem acesso à água, na segunda estamos com cerca de 75% da população atendida. Números muito abaixo da média nacional. Há muitos anos trabalhamos com saneamento básico e acesso à água para a população urbana, para nós é muito significativo poder olhar para as áreas rurais com essa aliança. Vamos entender como é esse processo de abastecimento e de coleta de esgoto e como podem ser feitos em sistemas alternativos”, disse Rubens Filho, coordenador de comunicação do Trata Brasil.

“O Sisar é carente de investimentos para infraestrutura e a aliança vem fortalecer a nossa atuação. É um trabalho que vai engrandecer o uso das tecnologias, como a que utiliza o ozônio para purificar a água que está sendo instalada na comunidade de Coqueiro, em Caucaia. Vamos trabalhar para desenvolver novos projetos. Essa é uma parceria que já está dando certo”, explica Otaciana Ribeiro Alves, gerente de Saneamento Rural – GESAR/Sisar/Cagece.

“Podemos destacar dois pontos importantes com essa aliança. Primeiro trata o tema água como deve ser, de forma ampla e complexa, o que não pode ser resolvido com uma única instituição atuando. O segundo é o poder de mobilização das instituições, fora do âmbito da coalização com a ação podemos atingir outras de forma estruturada, formando uma rede capaz de construir políticas públicas de forma eficiente”, afirma Eduardo Taveira, superintendente técnico-científico da Fundação Amazonas Sustentável.

“A aliança é uma inciativa bastante válida, porque antes de tudo são organizações que já tem expertise e estão enfrentando e buscando soluções para essa questão. Água é um direito universal e um problema que tende a crescer, tanto no aspecto de consumo, quando no sustentável. Estamos unindo esforços para desenvolver soluções numa escala maior, para atender o social e o ambiental. Sem um nunca atenderemos o outro”, disse Caetano Scannavino, coordenador geral do projeto Saúde&Alegria.

Fonte: Envolverde

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