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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Como será a morte? Uma curiosidade um tanto mórbida

Um jogo afirma que poderá sanar essa curiosidade, ou pelo menos uma parte dela, sem realmente matar seus desafiantes.

Samadhi o jogo de experiência 4D da morte, é um jogo que utiliza efeitos especiais dramáticos para fazer com que os jogadores tenham uma experiência do que seria a morte, segundo os criadores. O jogo será inaugurado em Xangai, na China, em setembro e pretende estimular seus participantes a competirem para evitar a morte durante uma série de desafios.

Os perdedores serão cremados, ou pelo menos, sentirão na pele uma experiência bem real sobre a cremação, sendo enviados por uma correia transportadora dentro de um incinerador funerário que irá simular ritos de morte.

O cremador falso irá utilizar projeções de ar e luz quente para oferecer aos participantes uma “autêntica experiência de queima”, segundo os criadores. E para deixar a experiência mais completa, após a morte e a cremação, os participantes serão encaminhados para uma cápsula que imita um útero, representando o “renascimento”.

Para o co-fundador do jogo, Ding Rui, isso representa que todos vão morrer um dia, independente de como tenham vivido.
A ideia do jogo é de Ding e Huang Wei-ping, que investigaram todo o processo de cremação, método usado por 50% do povo chinês após a morte. Os dois chegaram a visitar um crematório real e atravessar o forno com as chamas desligadas. Para Huang, a experiência foi muito intensa e ele afirmou que achou que a vida dele havia acabado enquanto atravessava o forno do crematório desligado.

Mas, segundo os dois, o realismo é uma parte importante para que os participantes reflitam com mais verdade sobre a vida e a morte. O jogo será operado também com a Hand in Hand, uma organização que presta apoio paliativo para pacientes terminais em um hospital de oncologia.
Para Huang, o interesse na morte surgiu quando ele deixou uma carreira lucrativa como comerciante e decidiu fazer uma viagem para dentro de si mesmo. Em 2008, ele se voluntariou para ajudar nos resgates após um terremoto no oeste da China.

Enquanto isso, Ding organizava seminários com especialistas sobre o tema, como lideres espirituais e outros. Mas após dois anos nesta tarefa, decidiu que gostaria de fazer algo na prática. Foi quando eles se uniram para criar a “experiência 4D de morte”.

Ideias semelhantes já existiam na Coreia do Sul e Taiwan. Segundo os dois idealizadores, o trabalho voluntário os fez perceber que muitas famílias não queriam enfrentar a morte e que a falta de compreensão da passagem é o que torna nosso medo tão grande.

Para colocar a ideia em prática eles começaram um fundo coletivo no jue.so, versão chinesa do Kickstarter. Em três meses, conseguiram arrecadar 410 mil iuans (US$ 67 mil), valor acima da meta.
Para Ding, o simulador da morte será uma “educação para a vida”, e ele acredita que a experiência fará com que as pessoas encarem a morte de outra forma e orientem-se melhor.

Curiosidade mórbida

No início, a dupla não estava certa do apetite por seu conceito mórbido, embora empresas similares já tinham sido abertas na Coreia do Sul e em Taiwan.
O trabalho voluntário em um hospital mostrou a eles que poucas pessoas queriam confrontar a ideia da morte, inclusive quando estavam perto.

“A parte mais triste do trabalho, não era ver que os pacientes morriam, mas sim, como as famílias se negavam a enfrentar a morte… os últimos dias com seus entes queridos, se consistiam de mentiras amáveis porém vazias”, diz Ding.
“Carecemos de um entendimento sobre a morte, e o temor pode chegar a ser bastante obscurecedor”.

Para a conhecer a ideia, Huang e Ding iniciaram uma campanha de arrecadação de fundos em jue.so, a versão chinesa de Kickstarter.
“Recebemos mais de 410.000 RMB (67.000 dólares ou 152,351,65 Reais) em três meses, com o que superamos nossa meta”, diz Huang.” Acontece que muitas pessoas na China sentem curiosidade pela morte”.

Os fundadores do projeto “Samadhi – Experiência de morte 4D”, Ding Rui (Ponta esquerda) e Huang Wei-pin (Extrema direita) com os dois principais desenhadores do jogo, Yu-hong-tao (De óculos) e Xu Yang-xin.

Ding diz que eles esperam que a experiência promova uma “educação sobre a vida”, e motive às pessoas a se fazerem perguntas sobre o que estão fazendo com suas vidas e guiando-os a enfrentar a morte de maneira pessoal.

“Não há respostas modelo na educação sobre a vida e a morte, diferente desses cursos que te ensinam a ser rico e bem-sucedido”, diz Huang. “É mais importante que as pessoas experimentem de forma pessoal”.
“Uma vez estive em um acidente de carro e no único que pensava era ‘por que não comprei um seguro?”, diz Huang.

“Não era o que tinha imaginado para os últimos momentos de minha vida. Essa ideia romântica de que lembre toda tua vida nos últimos momentos antes da morte… isso não ocorreu”.

Fonte: Todas Funerárias

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