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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Para sobreviver, baratas rejeitam doce

Um dos meios mais antigos de se livrar de baratas sempre foi misturar um alimento doce (glucose é o preferido) com veneno dentro de uma isca. Mas no fim da década de 1980, algo deu errado com esta estratégia em um apartamento teste na Flórida.
Uma marca popular de isca parou de funcionar de repente. As populações de baratas no apartamento começaram a aumentar. Confusos, os pesquisadores começaram a testar teoria atrás de teoria, até que encontraram a explicação: em uma demonstração relâmpago de evolução, muitas das baratas perderam seu gosto por alimentos doces, rejeitando o xarope de milho usado na isca.

Em cinco anos, a rejeição ao gosto doce se tornou tão comum que a armadilha foi considerada inútil.

“Baratas são muito adaptáveis, e estão se dando muito bem na guerra versus os humanos,” disse a entomologista da North Carolina State University Jules Silverman, que descobriu a aversão a glucose na Flórida, há mais de duas décadas.

Esta descoberta ilustrou a habilidade evolutiva que criou a fama das baratas de poderem sobreviver até a uma guerra nuclear.

Em um estudo publicado esta semana pelo periódico Science , Silverman e outros pesquisadores explicam o funcionamento da mutação genética que deu a algumas baratas uma vantagem competitiva que as permitiu sobreviver e se multiplicar.

A chave está em alguns neurônios que sinalizam o cérebro a respeito de determinados alimentos.

Em baratas normais, glucose ativa certos neurônios, que pedem pelo alimento doce. Nos insetos com a mutação, a glucose ativa tanto neurônios que pedem doce, mas também outros neurônios, que rejeitam a glucose e se sobrepõem ao sinal dos primeiros – assim, o cérebro recebe a mensagem que o gosto doce é ruim. Esta atividade neurológica incomum apareceu em baratas que não gostam de glucose coletadas em Porto Rico e em descendentes das baratas da Flórida.

A pesquisa se focou na barata alemã, uma espécie pequena que pode até pegar carona em sacolas de compras, mas não nas baratas maiores, conhecidas como baratas americanas. A aversão a doce também foi encontrada em baratas pequenas no sul da Califórnia, Cincinatti, Indiana, Coreia do Sul e Rússia. Agora, os cientistas estão procurando descobrir se outros tipos de baratas também têm esses hábitos alimentares tão peculiares.

Mas o estudo explica porque é tão difícil se livrar das baratas em casa? – Provavelmente não, diz Coby Schal, coautor do estudo que também trabalha na North Carolina State.

Testes mostram que as baratas avessas a glucose comem a maior parte das iscas atuais, sugerindo que os fabricantes retiraram o doce ou o mascaram, afirma. (Os ingredientes exatos dos inseticidas são segredo industrial). E mais, os estudiosos encontraram esse tipo de barata em apenas sete de 19 populações pesquisadas em diferentes lugares.

Segundo Schal, se a isca comprada não está funcionando, a explicação mais provável é o uso incorreto.

Ainda assim, explica o pesquisador, o novo trabalho tem o potencial de ajudar os consumidores. Ao estudar como as baratas evoluem para escapar dos nossos venenos, os cientistas podem encontrar pistas para criar iscas que os insetos não podem resistir.

Não está claro quando as baratas da Flórida encontraram as iscas com glucose e o quão rapidamente elas abandonaram o gosto por açúcar. Mas Schal explica que é razoável estimar que esta característica precisou de cinco anos se espalhar entre tantas baratas a ponto de acabar com a eficácia do produto. Isso significa foram necessárias 25 gerações de baratas alemãs, que se reproduzem a partir de um mês de idade.

A aversão a glucose pode ter sido em um indivíduo em resposta à isca, ou já estar presente em alguns insetos, e quando a isca apareceu, o traço os deu uma vantagem evolutiva. Seus filhotes herdaram o gene e gradualmente começaram a substituir outras baratas.

O entomologista da Purdue University Michael Scharf, que estuda pragas urbanas mas que não esteve envolvido no novo trabalho, notou que desde a década de 1950, estudos mostram que as baratas também têm desenvolvido resistência a inseticidas e concordou que esta descoberta pode ajudar no desenvolvimento de melhores produtos para controlar os insetos.

Fonte: Portal iG

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