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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Cientistas conseguem criar memória falsa em camundongos


As memórias podem não ser confiáveis. Foi essa a premissa que levou os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) a tentar compreender de que maneira nosso cérebro é capaz de criar falsas memórias. Os resultados da pesquisa foram divulgados em um artigo publicado nesta quinta-feira (25) pela revista “Science”.

No artigo, os cientistas demonstram como conseguiram concretizar o curioso objetivo de introduzir uma memória falsa no cérebro de um camundongo. “Nossa esperança é que, propondo uma explicação neural de como falsas memórias podem ser geradas, no futuro, poderemos usar esse tipo de conhecimento para informar, por exemplo, a um tribunal sobre como coisas como o testemunho ocular podem não ser confiáveis”, diz o estudante Steve Ramirez, um dos autores do trabalho.

As memórias de experiências são formadas pela associação de vários elementos, incluindo os objetos, espaço e tempo. Essas associações são codificadas por mudanças químicas e físicas nos neurônios e nas conexões entre os neurônios.

Para identificar as regiões cerebrais utilizadas na construção da memória, os pesquisadores fizeram uso da optogenética, tecnologia que permite que células específicas sejam ativadas ou desativadas com o uso de luz. Pela engenharia genética, eles criaram células do hipocampo especialmente desenvolvidas para expressar um gene que codifica uma proteína capaz de ativar os neurônios quando estimuladas pela luz.

O gene também foi modificado para que a proteína fosse produzida toda vez que o gene necessário para a formação da memória fosse ativado. Dessa forma, tornou-se possível tanto identificar o grupo de células envolvidas na formação de determinada memória quanto ativá-las mais tarde por meio da luz.

Câmara de choques – Em uma primeira fase do experimento, os pesquisadores estimularam a criação de uma memória negativa nos camundongos. Eles foram colocados em uma câmara onde foram atingidos por eletrochoques leves. Dessa forma, passaram a associar o local com a sensação de medo.

No momento da formação dessa memória ruim, as células envolvidas no processo puderam ser identificadas e ‘marcadas’ na presença de luz, graças às proteínas sensíveis à luz introduzidas pelo procedimento de engenharia genética.

No dia seguinte, os camundongos foram colocados em outra câmara, totalmente diferente da primeira e que, por isso, não provocou a sensação de medo. Tempos depois, os cientistas jogaram luz sobre o hipocampo dos animais, ativando aquelas células envolvidas no processo de formação da memória de medo. Nesse momento, os camundongos “congelaram” de medo, reação que teriam caso entrassem na câmara onde receberam os choques.

Segunda fase – Em uma segunda fase do experimento, os camundongos foram introduzidos em uma câmara e, enquanto exploravam o local, as células envolvidas na formação dessa memória foram ‘marcadas’. No dia seguinte, entraram em outra cabine, onde receberam choque nos pés. No momento em que os camundongos recebiam o choque, os cientistas jogaram luz sobre seu hipocampo ativando as células referentes às memórias da primeira cabine, onde não haviam sofrido as agressões.

Ao serem reintroduzidos nessa primeira cabine, novamente “congelaram” de medo. Dessa forma, o experimento conseguiu enganar a memória dos bichos, fazendo com que eles acreditassem que os choques tinham ocorrido naquele ambiente.

“Humanos são animais altamente imaginativos. Assim como nossos camundongos, um evento aversivo ou atrativo poderia ser associado cm uma experiência passada que a pessoa possa ter na mente naquele momento, portanto uma falsa memória é formada”, diz o pesquisador Susumu Tonegawa.

“Notavelmente, a lembrança dessa falsa memória recrutou os mesmos centros de medo que a memória do medo natural”, diz Xu Liu, que também participou do estudo. “De certa forma, para o animal, a memória falsa parece ter sido experimentada como uma memória ‘real’”, disse Xu Liu. 

Fonte: G1

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