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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Ração à base de insetos é alternativa no combate à fome

A empresa americana EnviroFlight transforma larvas de mosca em ração para animais que são criados para o consumo humano

Insetos são alimentos ricos em proteínas e minerais, de baixo custo, abundantes e — há quem garanta — até mesmo deliciosos. Em agosto deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um programa incentivando o consumo e a criação desses animais. Segundo o órgão, esse seria um caminho eficaz de combate à fome. Mas só a ideia de mordiscar um grilo causa repulsa em muita gente, principalmente nos países do Ocidente. Para o engenheiro americano Glen Courtright, no entanto, é possível usar os insetos como arma contra a fome mundial, sem que seja necessário modificar o cardápio alimentar. Courtright é o idealizador de um projeto que produz ração para peixes, camarões e porcos usando larvas de mosca como ingrediente primário — e, de quebra, ainda ajuda a reduzir o volume de sobras industriais.

Para reinventar a utilidade dos insetos, o americano criou a EnviroFlight, uma empresa localizada em Ohio, nos Estados Unidos, que produz e vende o que eles chamam de “insect meal” (“refeição de insetos”, em tradução livre). O produto é feito com larvas desidratadas de uma mosca chamada black soldier flight (algo como “mosca soldado negra”, de nome científico Hermetia illucens). Em linhas gerais, a cadeia de produção é bastante simples: as larvas comem resíduos industriais e, quando “prontas”, viram ração de animais que são criados para o consumo humano — como peixes e porcos.

Reaproveitamento — As moscas black soldiers foram escolhidas para a empreitada porque suas larvas são numerosas, grandes e ricas em gordura e proteína. “Elas também são ótimas para recuperar o que normalmente desperdiçamos ou que valem muito pouco economicamente”, diz Courtright, em entrevista ao site de VEJA. Entre o que é usado para alimentar as larvas estão pequenos pedaços de frango que sobram de indústrias que fazem nuggets, sobras de fábricas de pães e biscoitos, e da produção de etanol — que, no caso dos Estados Unidos, é feito com milho. São utilizadas também sobras do processamento do peixe, como cabeça, rabo, pele e vísceras, e gordura e carboidratos que sobram da produção de cerveja.

Depois de passarem um tempo engordando, as larvas são jogadas em água ou vapor muito quente – para uma morte rápida – e vão para um forno industrial. Quando saem do forno, onde são desidratadas, elas são misturadas com ingredientes como soja, milho, vitaminas e mineiras, e se transformam em ração para animais, principalmente porcos e peixes. Essa “refeição de insetos” substitui alguns alimentos como vísceras de vacas, que costumam ser usados nas rações.  “É mais limpo e tem mais proteínas”, diz Courtright.

Projeto — A proposta da EnviroFlight surgiu de uma preocupação tanto com a quantidade de lixo produzida no mundo quanto com o abastecimento de alimentos. “Dentro de 20 anos, a situação pode estar insustentável. Não que isso fosse acontecer no Brasil ou nos Estados Unidos, porque são dois países com agricultura forte. O problema vai ser maior na África e na Ásia”, afirma Courtright.

Atualmente, a empresa produz cerca de uma tonelada de “refeição de insetos” a cada dois dias. A meta é chegar a 1.000 toneladas por ano, mantendo um preço competitivo com os outros tipos de produtos utilizados para a alimentação de animais, como a farinha de peixe — feita com vísceras, cabeças, espinhas e restos do processamento do peixe.

A Enviroflight está se preparando para produzir em larga escala. Dentre os planos para um futuro, está um projeto de implantação na Europa e outros nos Estados Unidos. Porém, antes disso, é necessária a provação do FDA, órgão americano responsável pelo controle de alimentos e produtos medicinais. Até o momento, o produto só é comercializado com aprovações estaduais, e sob a classificação de “Genericamente reconhecido como seguro”. “O ponto principal é que não estamos usando restos estragados, mas restos de produção de alimentos”, diz Courtright.

Glen Courtright
Presidente da EnviroFlight

Como o senhor teve a ideia de criar a EnviroFlight?

Essa ideia surgiu há cerca de oito anos. Ela evoluiu de um projeto de desenvolver biodiesel. Eu e meus colegas estávamos construindo um sistema de biodiesel em Ohio e percebemos que seria difícil conseguir matéria-prima, os óleos necessários para produzir uma quantidade significativa de combustível sem subsídios do governo. Então cancelamos a iniciativa do biodiesel, demos um passo para trás e tentamos descobrir o que produz óleo na natureza em concentrações maiores por hectare, em comparação com grãos de soja ou canola ou gordura animal, e percebemos que os insetos possuem muito óleo. Então começamos essa venture há cinco anos. Depois de um tempo nisso, percebemos que era mais importante produzir alimento do que combustível. Então mudamos a nossa abordagem para trabalhar com as sobras da produção de alimento. Depois de quatro anos a Enviroflight está com uma produção comercial.

Quando o senhor acredita que teríamos um problema real na produção de alimentos e acomodação das sobras?

Acho que daqui 20 anos isso seria insuportável. Não acho que isso aconteceria no Brasil ou nos Estados Unidos, porque ambos são muito fortes na agricultura, mas o problema maior vai ser a África e a Ásia. Estamos começando um projeto em janeiro com o Quênia, em conjunto com a ONU. Vamos começar a ter pesquisadores do Quênia na nossa empresa, com objetivo de recuperar o desperdício de comida da economia do país. Acreditamos que a África pode, realmente, usar essa tecnologia.

O quão viável é esse projeto no momento?

Muito. Estamos nos preparando para começar a produção comercial em larga escala. Temos a tecnologia e nosso sistema é muito sofisticado, pode ser colocado em qualquer lugar do mundo e funciona sete dias por semana.

Fonte: Veja Online

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