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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Superexploração da água é fator de risco sísmico na Califórnia/EUA

A exploração intensiva de água na região central da Califórnia, principalmente para irrigar lavouras, pode acelerar o ritmo dos tremores de terra no oeste americano, sugere um estudo publicado nesta quarta-feira.


Os cientistas avaliam que a extração de água, a irrigação e fenômenos de evaporação têm provocado, nos últimos 150 anos, o desaparecimento de 160 quilômetros cúbicos de água (1 km³ equivale a um bilhão de litros) nos lençóis freáticos do Vale Central da Califórnia.

Esta perda de volume nas rochas do subsolo acabou influenciando os movimentos da crosta terrestre e a atividade sísmica da região, próxima da conhecida falha de San Andreas, avaliaram Colin Amos, geólogo da Western Washington University, e sua equipe.

Graças a uma rede de marcos de GPS, os pesquisadores mediram as variações do relevo no vale de San Joaquin, um dos celeiros dos Estados Unidos, que garante cerca da metade da produção de frutas e legumes do país.

Os geólogos já sabem que este vale sofre fenômenos de desnível, às vezes muito pronunciados (cerca de 30 cm por ano, em alguns lugares, um registro acumulado de 5,50 metros), provocados pela extração de água no subsolo, uma atividade sem qualquer limitação regulamentar na Califórnia, ao contrário do que acontece em muitos outros estados vizinhos.

Colin Amos descobriu que algumas regiões rochosas na fronteira do vale de San Joaquin, como a famosa Sierra Nevada, elevou-se de 1 a 3 mm todos os anos, em uma espécie de choque de reação, vinculado à elasticidade da crosta terrestre.

Esta tendência sazonal, ligada às precipitações e que termina na estação seca (fim do verão e começo do outono), é acompanhada de um fenômeno de fundo que se acentua ano após ano e que corresponde à superexploração de lençóis freáticos, escreveram os autores no estudo, publicado na revista científica britânica Nature.

Esta sobre-elevação crônica de parte da Califórnia central modifica as tensões exercidas sobre a falha de San Andreas, aumentando provavelmente a frequência de pequenos sismos na região, mas também potencialmente, a mais longo prazo, os riscos de um tremor de terra maior.

“Estes resultados sugerem que as atividades humanas podem aumentar progressivamente o ritmo dos sismos”, destacaram os cientistas, que se disseram ainda mais inquietos porque a demanda de água deverá continuar a subir na Califórnia apesar dos efeitos negativos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos. 

Fonte: Terra

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