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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Pesquisador explica o aumento da temperatura global

Segundo serviço meteorológico britânico, a temperatura global, em 2016, poderá bater recorde


A temperatura global continua aumentando, independente do acordo climático realizado em Paris, na COP 21, e da promessa dos governos de resolverem essa questão durante esse século, segundo dados do Met Office, o serviço meteorológico do governo britânico.

O Amazônia Brasileira conversou com o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Paulo Moutinho.

A previsão da temperatura global, no ano de 2016, divulgada esse mês, pelo Met Office, mostrou que graças a um efeito do El Niño, que vem sendo chamado de “Godzilla”, somado aos efeitos das mudanças climáticas, a temperatura média global deve ser 0,84°C mais alta do que a média do período 1961-1990.

Caso seja confirmada essa previsão haverá o terceiro recorde histórico de temperatura máxima em três anos consecutivos, pois em 2014, a média da temperatura foi 0,61°C mais alta que no período 1961-1990, e em 2015, a média foi de um aumento de 0,72°C, em relação ao período citado, afirma o pesquisador.

De acordo Paulo Moutinho, essa questão do aumento da temperatura, está muito ligada a quantidade de poluentes, principalmente o gás carbônico que é emitido em excesso, por queima de combustível fóssil para a atmosfera, devido a atividade humana, causa uma série de alterações no planeta, porém há outra preocupação além do aumento em si: “essas alterações vem acontecendo não em escala de décadas e sim em escala de milênios. Nos últimos 150 mil anos, é normal a Terra ter esses ciclos de aumento e diminuição de temperaturas, mas a velocidade com que isso está acontecendo agora, é que está nos impressionando”.

O Met Office divulgou que recordes como esses, provavelmente, não serão batidos anualmente. Entretanto, as mudanças causadas pelo acúmulo das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera podem potencializar alterações naturais do clima, como os El Niños e as variações em ciclos naturais dos oceanos, como a oscilação decadal do Pacífico e a oscilação multidecadal do Atlântico.

O pesquisador explica que esses fenômenos naturais alteram, ocasionalmente, a circulação marinha, que tem a capacidade de regular a temperatura global sem nenhum auxílio externo.

“Temos que buscar cada vez mais energias limpas, que não jogam poluentes oriundos da queima de combustíveis fósseis para a atmosfera, pois a emissão desses gases aprisionam o calor, e precisamos manter as florestas em pé”, sugere Paulo Moutinho.

E complementa: “as florestas são um grande ar-condicionado, mantendo a temperatura na região mais amena, e um grande regador, especialmente da agricultura da região e se derrubarmos as florestas, estaremos desligando esse ar-condicionado e retirando o regador. Segundo um estudo, na região do Xingu, se não fosse o Parque Indígena do Xingu, aquela região teria um aumento de 6° C a 7°C na temperatura, e isso seria um efeito do desmatamento”.

O aumento na temperatura, diminui a quantidade de chuvas, o que afeta a produção agrícola na região: “cada vez mais, manter as florestas, é um investimento econômico, principalmente, na agricultura, sendo uma garantia de produção”, explica Paulo Moutinho.

O pesquisador ressalta que a sociedade brasileira precisa, definitivamente, fazer uma escolha na Amazônia. “Espero que seja pelo caminho da sustentabilidade, que ela quebre os paradigmas de que para se crescer, é necessário que se estrague e para que se tenha um crescimento econômico, é necessário que se tenha um prejuízo socioambiental”.

Fonte: EcoDebate

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