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terça-feira, 15 de março de 2016

Impactos negativos (e alguns positivos) dos resíduos da construção civil, artigo de Antonio Silvio Hendges

A Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe informa no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2014 que foram produzidas 117.435 toneladas/dia de resíduos da construção civil – RCC, correspondente a 0,584 Kg/habitante/dia no país.
As obras civis, privadas ou públicas, causam impactos significativos ao meio ambiente, interferindo em aspectos físicos, bióticos e antrópicos, gerando resíduos desde a preparação dos terrenos, processos construtivos, reparos, reformas e demolições em suas várias fases.

Os RCC são compostos de diversos materiais como os provenientes da terraplanagem e preparação dos terrenos (terra, pedras), componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento), embalagens de produtos, materiais construtivos e acabamentos (plásticos, papéis e papelões, madeiras, metais), vidros, gesso, restos de argamassa e concretos, resíduos perigosos (tintas, solventes, óleos, amianto, produtos contaminados, restos de reformas, reparos e demolições de clínicas radiológicas e indústrias).

Os resíduos da construção civil possuem um grande volume e o descarte inadequado impacta negativamente amplas áreas comprometendo o meio ambiente e alterando as paisagens, prejudicando as condições de tráfego de veículos e pedestres, dificultando a drenagem urbana dos esgotos sanitários e águas pluviais, desde a superficial ao assoreamento e obstrução de rios que são componentes essenciais nos sistemas urbanos de escoamento e da prevenção de enchentes. Os descartes em áreas de preservação permanentes, fontes, lagos e lagoas, rios e riachos, terrenos baldios, áreas públicas e periferias das cidades desconsidera totalmente os aspectos socioambientais e privatiza os bens públicos e intangentes.

Os descartes irregulares de RCC geralmente tornam-se também depósitos irregulares de outros resíduos volumosos e urbanos, inclusive resíduos industriais que podem contaminar as áreas próximas e águas subterrâneas. São locais apropriados à proliferação de animais nocivos aos seres humanos como roedores, aracnídeos (aranhas, escorpiões) e insetos, incluindo-se transmissores de endemias graves como o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e possivelmente o zika vírus. A desvalorização imobiliária das áreas afetadas e suas proximidades ampliam os impactos econômicos negativos decorrentes da má gestão dos RCC.

Mas os RCC também podem ser reaproveitados e reciclados através da gestão e gerenciamento adequados, com adoção de políticas públicas e educativas que incentivem a classificação adequada nas suas origens e o uso dos agregados nas próprias geradoras, em outras obras ou a sua reservação em aterros adequados para usos futuros. Materiais como embalagens diversas (cimento, argamassa, gesso, tintas imobiliárias, componentes elétricos e hidráulicos) compostas de papéis, papelões, plásticos e metais devem ser encaminhados para reciclagem, assim como madeiras, vidros, plásticos e metais diversos. Os rejeitos e resíduos perigosos (tintas e solventes, óleos, materiais contaminados, amianto, materiais radioativos) devem ser encaminhados para aterros adequados de acordo com a sua classificação legal.

A adoção de políticas públicas de gestão e gerenciamento adequados dos RCC e incentivos à instalação de unidades de triagem e processamento destes resíduos, públicas ou privadas, contribuirá para a prevenção e solução de vários problemas urbanos, incluindo-se a economia de recursos públicos, a prevenção de doenças, a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente do conjunto dos espaços urbanos. A geração de trabalho, renda e tributos também deve ser considerada como um dos aspectos positivos dos RCC quando adotadas práticas adequadas à sua valorização, evitando-se o descarte ambientalmente inadequado.

No próximo artigo – Gestão e Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil

Antonio Silvio Hendges, Articulista no EcoDebate, professor de Biologia, Pós Graduado em Auditorias Ambientais, assessoria em educação ambiental, resíduos sólidos e sustentabilidade – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br

Fonte: EcoDebate

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