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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Aluguel de colmeias de abelhas, artigo de Roberto Naime

“Se as abelhas desaparecerem da face da terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais não haverá raça humana”.

“Albert Einstein”


As abelhas trabalham todos os dias do ano, sem direito a benefícios ou folgas. São confinadas em pequenas casas de madeira ao longo das plantações e têm até sua funcionalidade alugada. Parece um relato de escravidão rural, mas nada mais é do que uma prática legal e altamente recomendável, o uso de abelhas na polinização da produção agrícola.

Embora o vento, morcegos, borboletas, besouros e moscas também se encarreguem da polinização das flores, as abelhas são os principais agentes responsáveis pela formação dos frutos. Estudos da “Food and Agriculture Organization” (FAO), indicam que 71% das espécies vegetais que suprem 90% da oferta de alimentos são polinizadas por abelhas.

Atualmente, as abelhas têm diminuído sua presença, sendo inclusive vulneráveis aos excessos de radiações eletromagnéticas (REM) que se emite no mundo moderno. Se não ocorre lapso de memória, Albert Einstein já declarava que sem abelhas, a civilização humana não sobreviveria.

Sabendo da importância das abelhas e da polinização que realizam, os agricultores têm alugado colmeias dos apicultores para aumentar a produtividade de frutas como maçã, melão e abacate. Só no Sul do Brasil, a estimativa é de que 60 mil exemplares sejam alugados por ano por produtores de maçã, por exemplo.

O preço do aluguel das colmeias pode variar de acordo com a região do país. Dependendo da florada e da dimensão da área, um produtor aluga entre 10 e 20 colmeias. O preço varia, mas como o serviço é relativamente recente, ainda é pouco procurado.

Já no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o aluguel de colmeias é realizado há cerca de 30 anos, principalmente nos pomares de macieiras, pois algumas espécies da árvore dependem totalmente dos polinizadores para se reproduzir.

De acordo com Aroni Sattler, professor de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é estimado que 60 mil colmeias de “Apis melifera” são utilizadas no período de polinização, que varia de 15 a 20 dias, geralmente no início da primavera, em uma área de aproximadamente 18 mil hectares.

Ele afirma que as abelhas podem ser utilizadas também em outras culturas, como é o caso do melão, canola, melancia, abóbora, pepino, dentre outros.

Um experimento feito pelo curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostra o quanto o uso de colmeias extras pode ser benéfico na produção de frutas. Normalmente, são usadas 2 ou 3 colmeias de abelhas por hectare, o que rende 35 toneladas de maçãs na área. Na experiência, foram utilizadas 6 colmeias por hectare, o que fez com que a produtividade aumentasse para 79 toneladas.

Sattler diz que o número atual de colmeias por hectare ainda é baixo: “teria que haver mais abelhas, mas o custo do aluguel é considerado alto pelos agricultores. Muitos atribuem a baixa produtividade a outros fatores, mas o principal é a ausência de polinizadores”.

As abelhas são consideradas mais eficientes que os demais agentes polinizadores graças a uma característica batizada pelos cientistas de “fidelidade alimentícia”. Enquanto borboletas abandonam as plantações para buscar flores silvestres, as abelhas só deixam as áreas quando não existem mais flores a visitar.

Abelhas são visitantes florais obrigatórios porque dependem de recursos das plantas como pólen, néctar, óleos e resinas durante todo o seu ciclo de vida. Desde quando ainda são larvas, as abelhas são alimentadas com uma mistura de pólen e néctar, e quando são adultas, buscam ativamente o alimento nas flores.

No entanto, o número de abelhas tem declinado bastante em todo o mundo nos últimos anos. Produtores, ambientalistas e pesquisadores estão alarmados com a Desordem do Colapso das Colônias (DCC). De acordo com estudo da pesquisadora Fábia de Mello Pereira, da Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (EMBRAPA), unidade Meio Norte, “a DCC é caracterizada pela ausência de abelhas, vivas ou mortas na colônia, mas com a presença de crias e alimento, podendo ser encontrada uma pequena quantidade de operárias e a rainha dentro da colmeia”.

As causas da “DCC” ainda são desconhecidas, mas o foco das pesquisas atualmente se resume a envenenamento por pesticidas, ataque de um novo parasita ou patógeno e a combinação de fatores estressantes que deixam as abelhas com sistema imunológico vulnerável, induzindo seu colapso.

O professor Aroni Sattler afirma que até o cultivo da soja poderia ser beneficiado com as abelhas, chegando a ter um aumento de 15 a 20% de produtividade. No entanto, ele diz que “o modelo agrícola atual, com muito uso de defensivos, não beneficia a utilização de colmeias e os apicultores não gostam de colocar abelha na soja, por causa do alto risco de contaminação por utilização indiscriminada de agrotóxicos”.

Por isto se reflete tanto sobre a dita “agricultura convencional” e se projeta perspectivas agônicas. Outro mundo é possível, sem agrotóxicos e transgênicos. É só uma questão de planejar esta transição. O que vai ocorrer por prevenção ou por tragédia. Basta escolher a alternativa mais indolor. Até pelas necessidades de polinização.

Para o professor Aroni Sattler, também falta uma parceria mais efetiva entre apicultores e produtores, pois “nem sempre as colmeias contam com uma população adequada para a área. Por outro lado, os agricultores também não fazem um manejo de controle de pragas na época apropriada. Há muito que melhorar na relação”.

Embora as abelhas não sejam o alvo dos pesticidas utilizados na agricultura, são altamente vulneráveis por forragearem nas áreas contaminadas. O consumo anual de agrotóxicos no Brasil é superior a 300 mil toneladas e, nos últimos 40 anos, aumentou em 700%, enquanto a área agrícola cresceu apenas 78% no mesmo período.

Além da toxicidade que leva à morte das abelhas, os pesticidas também podem provocar alterações comportamentais e fisiológicas nos insetos, o que pode causar sérios prejuízos na manutenção das colônias.

Alguns agrotóxicos influenciam inclusive na percepção de estímulos ambientais como a atratividade das flores, o que acarreta em mudança das escolhas habitualmente feitas pela espécie. Ocorre também suspeitar das influências das radiações eletromagnéticas (REM) sobre a sanidade das abelhas.

Numa sociedade movida a celulares que empregam radiações eletromagnéticas em sua operação, se isto for comprovado, então se materializa grande problema ambiental.

O resultado final, que pode não ser facilmente reversível, é uma área com grande demanda por polinização durante o florescimento e pequena quantidade de polinizadores naturais, ou até mesmo o desaparecimento definitivo das abelhas. Neste contexto relembrar o genial físico Albert Einstein não constitui exagero e nem alarmismo catastrofista. Sem abelhas, a civilização humana não sobreviverá.

Referência:
http://www.oeco.org.br/noticias/29205-em-tempo-de-declinio-de-abelhas-alugar-colmeia-virou-negocio



Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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