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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Qual a importância dos 3 cemitérios tombados em São Paulo

Necrópoles da Consolação, Protestantes e Ordem Terceira do Carmo passam a ser protegidos pelo órgão municipal de patrimônio histórico


Para quem passa pela rua da Consolação, em São Paulo, é inevitável notar o grande muro que acompanha a via. Do outro lado dele está o Cemitério da Consolação, que em conjunto com o Cemitério dos Protestantes e o Cemitério da Ordem Terceira Nossa Senhora do Carmo formam uma grande necrópole na região central da cidade. 

Desde 27 de maio, os três locais estão tombados pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental). Antes, em junho de 2014, já haviam sido reconhecidos pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico), órgão similar, mas do Estado, por seus valores culturais. 

O conjunto de cemitérios faz parte da história da cidade. Nas últimas décadas do século 19, eles foram construídos relativamente longe (para a época) do marco zero, na praça da Sé, como medida de salubridade, para evitar a propagação de doenças oriundas dos cadáveres. 

Com a expansão da cidade e a verticalização do local, o cemitério homônimo e os outros dois que ficam ao seu lado passaram a ser um resquício da São Paulo dos séculos passados, graças aos mausoléus, à concentração de árvores e às sepulturas com projetos arquitetônicos diversos. A esses fatores, soma-se a presença de túmulos de brasileiros ilustres como a pintora Tarsila do Amaral, a pianista Guiomar Novaes e os escritores Mário de Andrade, Monteiro Lobato e Oswald de Andrade. 

O novo processo de tombamento, dessa vez na esfera municipal, reitera a importância que os cemitérios têm para a história cultural, artística e urbana da cidade. 

OS CEMITÉRIOS EM SÃO PAULO 

O Cemitério da Consolação, que abriga os outros dois cemitérios tombados, foi construído em agosto de 1858, e rapidamente abraçado pelas famílias mais ricas da cidade, como era o caso dos Matarazzo. O processo de elitização do espaço renderia túmulos que são verdadeiras obras de arte, como esculturas de Victor Brecheret, o responsável pelo Monumento às Bandeiras, um ícone da capital paulista. Atualmente, o local recebe visitas guiadas e gratuitas três vezes por semana, às terças e sextas às 14h, e às quartas-feiras, no mesmo horário, voltada para grupos escolares. Anualmente, entusiastas dos filmes de terror fazem o “cinetério”, uma sessão de filmes assustadores que, autorizada pela prefeitura, estende-se pela madrugada. Cerca de 159 anos após sua construção, o Cemitério da Consolação ainda tem seus segredos. Em junho de 2015, o arquiteto e historiador Paulo Rezzutti, então membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, resolveu um mistério que incomodava historiadores. Ele descobriu, enfim, que a filha de d. Pedro 1º Maria Isabel de Alcântara Bourbon, a Condessa de Iguaçu, havia morrido em São Paulo de arteriosclerose (endurecimento das artérias) e que havia sido sepultada no nº 5 da rua 1 do Cemitério da Consolação. Até a descoberta, sequer havia sido possível localizar sua certidão de óbito. 

ONDE FICA CADA CEMITÉRIO 

ENTRADA 


O portão principal de acesso ao cemitério, na rua da Consolação, é uma das peças arquitetônicas tombadas. Ele foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo em 1902, o mesmo que construiu o Theatro Municipal de São Paulo. MÁRIO DE ANDRADE O túmulo do escritor e poeta que dá nome à primeira biblioteca da cidade está neste cemitério. Ele morreu em decorrência de um infarto aos 52 anos, no dia 25 de fevereiro de 1945. Cemitério dos Protestantes 

CRIAÇÃO 

Fundado em 1844 como um local de sepultamento de pessoas não católicas (ecumênico), uma vez que protestantes e ou praticantes de outras crenças eram hostilizados pelos mais fervorosos, o que impedia seu sepultamento em espaços católicos. CHARLES MILLER Um dos sepultados do cemitério é o de Charles Miller (1874-1953), um dos grandes nomes da história do futebol brasileiro, considerado o pai do esporte. Ele era filho de um escocês e, ao retornar de um período de estudo no Reino Unido, trouxe as bolas e as chuteiras para o Brasil. Cemitério Venerável Ordem Terceira Nossa Senhora do Carmo 

ORDENS TERCEIRAS 

O cemitério foi inaugurado em 12 de novembro de 1868. Ele nasceu da concessão de parte do terreno do Cemitério da Consolação para a construção de uma necrópole particular das Ordens Terceiras, que são irmandades católicas de fiéis que promovem atos e eventos de caridade. 

PROJETO ARQUITETÔNICO 


Segundo o Conpresp, o Ordem Terceira do Carmo é elegante e muito mais discreto que os outros dois cemitérios. No Diário Oficial do Governo do Estado, o cemitério do Carmo é descrito como sendo um “contraponto interessante na paisagem, destacando-se os mausoléus suntuosos do da Consolação”. A crise e os furtos Em 2014, o Cemitério da Consolação passou por uma onda de furtos ocorrida em 2014. Na ocasião, grupos invadiam o local para roubar de placas de bronze dos túmulos (incluindo a que ornava o do escritor Mário de Andrade) a vasos e portões de mausoléus. Dois anos mais tarde, pelo menos 50 túmulos teriam sido violados e saqueados, de acordo com a reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. 

Ainda segundo a reportagem, naquele mesmo ano, o serviço funerário responsável pelo cemitério da Consolação teria entregado aos familiares as cinzas dos restos mortais cremados de pessoas que estavam ali sepultadas em sacos plásticos, por falta de urnas para o seu armazenamento. O que é um tombamento Na prática, o tombamento garante que “o traçado das alamedas, quadras e ruas” internas desses cemitérios e os seus muros estão sob proteção e não devem ser alterados nem mesmo por aqueles que detêm os túmulos sem prévia autorização dos órgãos responsáveis. Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), quando um bem é tombado ele passa a requerer autorização do órgão responsável pelo tombamento para ser modificado. Uma estátua sobre uma sepultura, por exemplo, se tombada, não pode ser removida ou alterada sem autorização. Um bem pode ser tombado na esfera federal, na estadual ou na municipal. 

A Unesco, órgão da ONU para educação, ciência e cultura, também pode tombar bens, construções e locais, com abrangência mundial. No Brasil, são 13 lugares considerados pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade. Existem outras categorias, como patrimônio imaterial ou patrimônio natural. O Cemitério da Consolação ainda possui a capela, o prédio da administração e a entrada — conhecida como pórtico — na lista de bens tombados por valor artístico, além de 180 túmulos. Qualquer modificação estrutural nos itens relacionados no tombamento municipal, em qualquer uma das necrópoles, precisa ser submetida à aprovação do Conpresp, com exceção dos sepultamentos, da remoção de restos mortais e da poda ou manejo de árvores.

Fonte: Nexo Jornal

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