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quarta-feira, 29 de novembro de 2017
Longevidade das empresas depende da transição à economia de baixo carbono
Adaptação e tomada de decisões com foco de longo prazo vão garatir investimentos e mudança de patamar de empresas que já têm estratégia para se perpetuar
O que você quer ser quando crescer? Essa pergunta feita inúmeras vezes para crianças de regiões diferentes no mundo todo deve ser adaptada aos empresários e executivos hoje, pois é urgente ter um plano cuja meta seja a longevidade. Pensar desta forma é uma espécie de garantia da existência de seu negócio dentro da nova economia e passa obrigatoriamente pelo comprometimento com a transição para a economia de baixo carbono – que pavimentará nossa existência futura à medida que dermos passos objetivos para mitigar os impactos das mudanças climáticas e do aquecimento global. É esse diferencial, olhar para o todo e não apenas para o resultado de curto prazo, a linha de corte de quem vai se perpetuar ou não.
Uma empresa dentro da nova economia, assim como a criança que sonha ser bombeira ou astronauta, pensa nos passos que precisa dar para chegar ao seu objetivo. Ela sonha. Ela sonha, cria uma visão de futuro e age. A empresa que hoje sonha traça um caminho que possibilite ter a capacidade de regenerar a degradação que vivemos, em como se adaptar. Pensa na sua resiliência que nada mais é que manter aquela criança viva, seus objetivos no radar sem se seduzir pelos lucros do curto prazo. A empresa não ignora os fatos e dados, mas atua de forma transparente em suas operações. Esse é o comportamento que os investidores estão analisando, procurando entender por exemplo a exposição de seus portfólios de ativos e investimentos a riscos climáticos.
A procura desses agentes financeiros que movimentam trilhões de dólares e euros em mercados diversos é por companhias com estratégias de negócios resilientes às mudanças climáticas porque esse é o fato que consideram que possibilitará a atividade futura de corporações, mercados. É como se pensassem que essas empresas precisarão se manter vivas para que recebam investimentos futuros. É um pouco óbvio, sabemos, mas tem muita instituição desatenta com uma questão tão elementar e vital. Mas as holografias são muitas no caminho, como o fato de o presidente da maior economia global realizar um grande desserviço ao mundo pensando apenas no curto prazo e ignorando o Acordo de Paris, para ficarmos apenas em um exemplo.
Impactos além da produção
O momento agora é de ir além da eficiência durante a produção, sendo capazes de entender os impactos ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos e serviços. Trata-se de um nível de demanda diferente em termos de performance socioambiental. Para atingi-lo, as empresas devem refletir se as suas ações estão tendo escala no setor em que atuam e na economia como um todo. Essa é a única forma de serem verdadeiramente sustentáveis. Pensar em rede. Observar e interferir positivamente na cadeia de valores.
As empresas devem se preparar para conduzir suas estratégias por trajetórias de descarbonização, o que exigirá inovação disruptiva e mudanças nos modelos de negócios. Elas precisarão se perguntar qual a natureza da sua atividade e quais as reais necessidades sociais atendidas por seus produtos e serviços. E assim, encontrar um modelo para que operem e prosperem dentro de limites ambientais e sociais seguros.
Uma empresa da nova economia não busca apenas gerenciar seus impactos ambientais e sociais, mas também ter impactos positivos ao orientar suas estratégias para oferecer soluções para os principais desafios de nossos tempos. Mudanças climáticas, mobilidade, desmatamento e declínio de serviços ecossistêmicos, segurança alimentar são alguns deles. Endereçar esses desafios representa novas oportunidades de negócios.
Como um exercício pedagógico de indicação de caminhos possíveis para a transição para a nova economia, o CDP desenvolve uma série de ações voltadas ao mercado financeiro, que acreditamos ser o grande catalisador da mudança necessária. As empresas devem se preparar para um escrutínio cada vez maior dos diferentes stakeholders em relação ao impacto ambiental dos negócios ao longo de toda a cadeia, notadamente a pegada de carbono, uma vez que será necessária uma redução drástica das emissões globais. Para manter o aumento da temperatura em 2°C em relação aos níveis pré-industriais, limite considerado seguro, a comunidade científica adverte que até 2050 as emissões devem ser reduzidas entre 41% e 72% em relação aos níveis de 2010. Isso resulta em um orçamento de aproximadamente 1000 giga toneladas disponíveis para serem “gastos”. Mantendo o nível atual de emissões de 49 giga toneladas ao ano, esse orçamento será gasto em 20 anos.
É crescente o entendimento dos investidores de que as mudanças climáticas podem impactar a estabilidade financeira. À exemplo disso, o Financial Stability Board – FSB divulgou em junho deste ano um conjunto de recomendações da Task Force on Climate Financial-Related Disclosure para reporte de informações sobre os riscos de transição das mudanças climáticas nos informes financeira. Por riscos de transição entende-se que as mudanças políticas, legais, tecnológicas e de mercado devem ser extensivas para atender aos requisitos de mitigação e adaptação relacionados às mudanças climáticas. Dependendo da natureza, velocidade e foco dessas mudanças, os riscos de transição podem representar níveis variáveis de risco financeiro e de reputação para as organizações.
Transparência sobre riscos climáticos
A TCFD reforça que a transparência sobre riscos climáticos é crucial para uma boa governança e para a perenidade do negócio, agenda que o CDP vem trabalhando nos últimos 15 anos com as principais forças do mercado com o respaldo de uma rede de investidores e clientes internacionais. A gestão corporativa de riscos climática tem agora o potencial de se tornar uma norma para se fazer negócios, por se tratar de uma iniciativa liderada pela indústria financeira como é o caso do FSB.
O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos, formada por grandes investidores interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos desafios ambientais de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas. Atualmente é formada por 827 investidores que administram um total de US$ 100 trilhões em ativos. A organização tem ainda em sua base de respondentes mais de 570 cidades no mundo todo reportando seus dados em 2017. A partir desses dados, são produzidos materiais que reportam regularmente a evolução no uso de recursos hídricos e ambientais pelas empresas e cidades signatárias, como este sobre desmatamento.
As decisões que estão sendo tomadas hoje determinarão se seremos capazes de fazer uma transição para uma economia próspera, que trabalhe para as pessoas e para o planeta a longo prazo. Acreditando na possível e urgente mudança de cenário, o CDP Latin America realiza no dia 30 de novembro, em São Paulo, o Conexão CDP, evento que vai promover um diálogo com essa ótica entre investidores, empresas, cidades e governo, oferecendo protótipos de ideias e soluções para materializar a mudança que desejamos ver no mundo.
Além disso, neste ano será apresentado um infográfico inédito – que apresenta indicadores e dados de empresas e cidades na América Latina sobre como se preparam, monitoram e gerenciam seus recursos. Por meio dessa ferramenta será possível visualizar quais são as empresas que lideram em sustentabilidade na região e que tipo de estratégias elas utilizam ou estão desenhando para embarcar no único futuro possível, o da economia de baixo carbono. Contamos com o apoio de todos os setores da sociedade!
Serviço: Conexão CDP 2017
Data: 30 de novembro
Local: Teatro Vivo – Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 – Vila Cordeiro, em São Paulo
Horário: 8h30 – 13h30 – atividade aberta ao público geral
13h30 – 15h – atividade exclusiva para as empresas inscritas na rodada de negócios
Inscrições: https://goo.gl/seZsjb
#ConexaoCDP #EconomiaEmTransicao
Juliana Lopes é graduada em jornalismo, com um MBA em Marketing e Mestrado em Administração pela FEI na linha de pesquisa em sustentabilidade. Como diretora do CDP Latin America, é responsável pelas atividades da organização na região. Atuando há 12 anos na área de sustentabilidade, Juliana começou sua carreira no terceiro setor, onde liderou projetos de capacitação para empoderar a sociedade civil para uma gestão mais participativa e eficiente da água. Foi editora da revista Ideia Sustentável, a primeira revista brasileira especializada em Responsabilidade Social Corporativa, onde também coordenou projetos de estudos e pesquisas, bem como de consultoria estratégica em sustentabilidade. Trabalhou em empresas multinacionais como BASF e Bridgestone-Firestone na área de comunicação corporativa. Também se dedicou a elaboração e implementação de campanhas de comunicação da sustentabilidade para clientes corporativos e organizações internacionais como WWF. Integra o Grupo de pesquisa internacional sobre Licença social para operar.
Fonte: Envolverde
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