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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Parque dos Veadeiros ganha mudas nativas após perder 26% de sua área

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Embrapa em Brasília, doou ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros aproximadamente 160 mudas e cinco quilos de sementes de quatro espécies nativas do Cerrado.
A doação é uma forma de colaborar com a restauração ecológica do parque e entorno. O Veadeiros é uma das mais importantes unidades de conservação do Brasil, devastada por um incêndio em outubro de 2017, que destruiu 64 mil hectares, correspondendo a 26% de sua área total.

As sementes e mudas foram entregues pelo analista da Unidade Leonel Neto ao chefe do Parque Fernando Tatagiba na semana passada. As mudas abrangem quatro espécies: copaíba (Copaifera langsdorffii), ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), jacarandá-caroba (Jacaranda cuspidifolia), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) e aroeira (Myracrodruon urundeuva).

A doação das mudas de ipê-roxo, gonçalo-alves e jacarandá-caroba contou ainda com um diferencial, como explica Leonel. Elas foram plantadas em tubetes ecológicos feitos do fruto do jequitibá (Cariniana estrellensis), o que permite o plantio direto sem danos ao meio ambiente, por não utilizar plástico. Todo o processo de preparação das espécies doadas foi realizado em conjunto entre Leonel e a pesquisadora Antonieta Salomão.

O chefe do Parque vê com bons olhos a parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia porque “representa o encontro entre a conservação ex situ (fora do local de origem) e in situ (no habitat das espécies vegetais), estratégias fundamentais e complementares de proteção dos recursos naturais do Cerrado”. O objetivo de Tatagiba é aprofundar a parceria com a unidade, considerando a sua expertise em conservação de plantas. “As sementes de espécies nativas são fundamentais para os processos ecológicos responsáveis pela regeneração natural de ecossistemas degradados na Chapada dos Veadeiros”, complementa Tatagiba.

Patrimônio biológico 
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe há mais de quatro décadas em pesquisas com recursos genéticos de plantas, animais e microrganismos. Recurso genético é a parte da biodiversidade que apresenta valor real ou potencial para a humanidade. O Brasil é privilegiado em relação a esses recursos, já que a sua biodiversidade compreende 20% de todas as espécies de plantas, animais e microrganismos do planeta, o que representa o maior patrimônio biológico do mundo.

O objetivo é conservar e usar de forma sustentável esses recursos genéticos, em prol da segurança alimentar das gerações atuais e futuras. Para isso, os estudos envolvem várias etapas, que vão desde a coleta em todos os biomas brasileiros até a conservação em bancos genéticos.

No caso de plantas, uma das prioridades da Embrapa é coletar espécies em áreas que serão sujeitas à degradação ambiental, como por exemplo, pela construção de hidrelétricas. Esse trabalho é feito de forma sistemática e muito do material genético coletado não chega até aos bancos genéticos ou às câmaras frias, nas quais as sementes são conservadas a longo prazo.

“Nossa ideia é coletar as sementes, preparar as mudas que fazem parte desse sistema de conservação e entregá-las aos parques de conservação. Não apenas ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, mas a outros no Brasil”, explica Leonel, lembrando que muitas vezes, a palavra mais correta é “devolver” porque parte dessas variedades foram coletadas nas próprias reservas. É o caso do gonçalo-alves, uma árvore rústica de médio porte, cujas sementes foram coletadas na região da Chapada dos Veadeiros.

Fonte: Ciclo Vivo

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