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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Governos têm de se adaptar e ser mais interativos, afirma enviado da ONU

O mais jovem representante da Organização das Nações Unidas (ONU) se define como “a voz de uma geração” – e sabe toda a responsabilidade que o cargo acarreta. Nascido na Jordânia, Ahmad Alhendawi, 29 anos, foi escolhido pelo secretário-geral Ban Ki-moon como o primeiro enviado para a juventude da história da agência. Ele dedica seu trabalho a ouvir as vozes dos mais novos em todo o planeta – vozes que, ele entende, sobrepõem a dele próprio. Entre as principais preocupações identificadas por Alhendawi estão necessidades básicas, como educação, saúde e emprego, mas também pedidos de maior participação no cotidiano dos governos.

Como enviado para a juventude, Alhendawi defende que as autoridades têm de se adaptar à interatividade proporcionada pelas redes sociais – através das quais, segundo ele, todos hoje têm voz – e unir esforços para assimilar as exigências e ideias transmitidas online. O representante garante que os serviços prestados pelos governos são importantes, mas não o suficiente: é preciso garantir meios de incentivo à participação direta da juventude na tomada de decisões. Ele acredita que esta geração (que reúne mais jovens do que qualquer outro período da história) deve ser melhor representada, e afirma que os jovens têm muitas maneiras de se fazerem ouvidos por organizações globais como a ONU.

“Os jovens podem participar das Nações Unidas através de programas de voluntariado, podem participar online, mostrar sua opinião. Consultas nos mostraram que as prioridades da juventude são educação, saúde, emprego e também governos mais honestos e receptivos. Essas são as quatro prioridades dos mais novos. São as minhas prioridades também”, garantiu Alhendawi em entrevista exclusiva ao Terra antes de palestrar a 100 jovens escolhidos pela Aliança de Civilizações da ONU para participar de um curso nos Estados Unidos.

Protestos pelo mundo – Ele afirma que essa mensagem ficou clara em momentos tão diversos quanto os recentes protestos no Brasil e a duradoura Primavera Árabe – casos em que ele encontra semelhanças, principalmente por demonstrarem que os jovens não estão satisfeitos, e querem promover mudanças em que possam ter participação efetiva. Todas as instituições públicas devem responder a essas manifestações, segundo ele, incluindo as Nações Unidas.

Alhendawi menciona um artigo assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no New York Times para explicar o que, acredita, precisa mudar. “Deixe-me citar o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva. Ele disse que ‘a democracia não é um contrato de silêncio, e não significa mais apenas votar a cada quatro anos’. Os jovens exigem que sejam ouvidos, e suas vozes têm de ser incorporadas a políticas públicas. A juventude quer governos mais receptivos, e quer ser parte das questões que afetam suas vidas.”

“É essa a mensagem da juventude brasileira, é essa a mensagem da juventude árabe, e de todos os jovens ao redor do mundo: eles querem não apenas crescimento econômico e desenvolvimento, mas também querem ser ouvidos, e querem ser reconhecidos como parceiros, querem que instituições e governos sejam mais amigáveis para eles, que abram mais mecanismos de participação. Eles desejam se sentir representados”, afirmou o enviado da ONU para a juventude.

A resposta do governo brasileiro aos protestos foi satisfatória, na avaliação de Alhendawi, mas é preciso mais para atender aos pedidos expostos pelos jovens, tanto nas redes sociais quanto nas ruas. “Fico contente em ver que a resposta do governo foi positiva sobre o fato de que é preciso ouvir quais são as preocupações (da população), tanto no transporte quanto em outras áreas. Precisamos atender a essas necessidades”, disse o representante, se referindo ao fato de que algumas capitais recuaram da decisão de aumentar tarifas do transporte público após as manifestações.

“Os jovens são impacientes atualmente: se você tem um vídeo no Facebook de cinco, seis minutos, ninguém vai ver. O que você faz é comentar, compartilhar, retuitar. Queremos que o mesmo seja com os governos, é essa a questão. Queremos interação. Penso que esse é o desafio, é um obstáculo para o modelo que temos. Governos do século 21 deveriam levar em consideração que todos os cidadãos estão engajados, todas essas pessoas que por séculos não tiveram voz, hoje têm”, avalia Alhendawi.

Preocupação ambiental – Além de externar suas vontades e fazer exigências, os jovens também devem assumir responsabilidades para resolver problemas globais, afirma o enviado da ONU. Ele enxerga como catastrófica a situação ambiental do planeta, e acredita que apenas a juventude pode mudar o futuro do mundo. Apesar de destacar que os problemas enfrentados pela natureza não são “nossos” problemas (por não terem sido causadas nesta época), teremos de lidar com as consequências – que podem estar apenas começando.

“Quem pode tornar o planeta mais sustentável? Apenas a juventude. Precisamos fazer uma pausa e ver se o nosso mundo é sustentável ou não. Se mantivermos o consumo no nível em que está hoje, precisaremos de três planetas para nos acomodar. E não temos três planetas. Alguns falam em plano B, mas não temos um planeta B. Temos de entender isso”, ponderou Alhendawi.

“O modo como consumimos atualmente não pode nos acomodar a todos. E as consequências serão desastrosas, seja para nós, a nossa geração, seja para os mais novos, das gerações que virão. Precisamos assumir nossas responsabilidades para salvar o planeta. Podemos pensar que é algo muito distante de nós, mas é algo que sentimos e presenciamos todos os dias. Acredito que a nossa geração possa trazer um Renascimento ambiental para o planeta.”

Fonte: Terra

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