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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Programa ‘Mais Médico’ ao invés de Programa ‘Pró-saúde’, artigo de Patrícia Aparecida Pereira Souza de Almeida

Muito triste a situação a que nós chegamos nesse país.
A cada dia que passa as situações parecem cada vez mais bizarras.

Agora, a ‘bola da vez’ é a chegada de médicos cubanos para trabalharem em caráter de urgência aqui no Brasil.

Engraçado que a situação de urgência se apresenta como urgentíssima só agora, um ano antes das eleições presidenciais. Ou ainda, só após as passeatas, quando o ‘gigante acordou’ e a população foi às ruas reclamar por mais saúde, transporte e educação ao invés de estádios de futebol padrão FIFA.

Pois bem, a questão é muito mais complexa do que aceitar ou não a vinda dos médicos cubanos ou de outras nacionalidades ao nosso país.

A situação passa pela questão da infraestrutura da saúde em nosso país.

Um ponto é certo e nem deveria ser motivo de cogitação: Não importa a nacionalidade, a cor ou a aparência dos médicos, mas todos deverão sim, antes de exercer sua profissão passar pelo revalida de seu diploma.

Partindo dessa premissa, jamais um Conselho Regional de Medicina deveria pedir a desobrigação do registro dos profissionais estrangeiros inscritos no Programa ‘Mais Médicos’ para não apresentarem a revalidação do diploma estrangeiro.

Isto não existe!

Em qualquer país sério, o profissional precisa ter seu diploma reconhecido e validado para exercer sua profissão.

E se a situação pede urgência, não é de hoje. Contudo, no afã de tapar buraco, corre-se o risco do tiro sair pela culatra e o que poderia ser uma benção ao povo tão carente e necessitado, pode ser a última pá de cal. Ou seja, morreu, mas morreu feliz, pois passou por um médico.

Não é isso que queremos! Ou é???

Pois bem, a população pede por saúde e por médicos, mas em condições do exercício legal da medicina e aí, nesse rol, além de médicos com diplomas válidos, incluem-se: hospitais, equipamentos, remédios etc.etc.etc..

Com isso, de nada adianta chegarem médicos, se não houver infraestrutura necessária para o exercício da profissão para a qual foram trazidos.

Ou quem não se lembra da médica carioca que desabafou em seu plantão em rede nacional alegando que a saúde anda a míngua???

Há de se comentar que além da falta de médicos que são afugentados da administração pública pelos baixos salários, ainda há o problema do ambiente de trabalho degradado onde o médico fica exposto e fadado ao fracasso por falta de condições de trabalho (faltam macas, leitos, UTIs, entre outros).

E isso senhores, em um hospital no Rio de Janeiro e o que dizer nas pequenas cidades no interior do Norte e Nordeste do país para onde irão esses médicos e que exibem os piores índices de desenvolvimento humano (IDH)???

Então, a questão é… Não adianta chegarem os médicos se os mesmos não tiverem condições de trabalho.

A senhora que trabalha em minha casa, aqui em Santos, (sexto melhor índice de desenvolvimento humano nesse país) foi ao posto buscar remédio a que ela tem direito e o remédio veio estragado, ao tirar da cartela, o mesmo esfarelou em sua mão, mesmo antes de entrar em contato com a água.

Ou seja, que país é esse! Será que só o Programa ‘Mais Médicos’ será suficiente para resolver a situação da saúde (falta de saúde) nesse país?

Patrícia Aparecida Pereira Souza de Almeida. Bióloga, mestra em Hidráulica e Saneamento, doutora em Ciências da Engenharia Ambiental e professora-tutora da FGV Online.

Fonte: EcoDebate

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