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quarta-feira, 19 de março de 2014

Cientistas italianos criam roupa que monitora funções vitais de recém-nascidos

A luta pela vida de um bebê prematuro numa incubadora e coberto por eletrodos é uma experiência difícil para seus pais.


Normalmente, eles têm poucos minutos por dia para estar ao lado da criança e vivem uma rotina desgastante, de grande preocupação com a saúde do recém-nascido.

Amenizar este sofrimento foi o objetivo de três italianos – um engenheiro, um médico e uma empresária do ramo têxtil – ao criar uma roupa com tecido especial capaz de monitorar dados cardíacos, respiratórios e de movimentos de bebês.

“Isso possibilita uma terapia fundamental: a do contato da pele da mãe com a do filho”, diz Rinaldo Zanini, diretor da maternidade e coordenador médico da unidade de terapia intensiva neonatal do hospital da Província de Lecco, no norte da Itália, em entrevista à “BBC Brasil”.

“Ainda temos controle e segurança, mas sem criar uma barreira entre os dois.”

Fios inteligentes – Na verdade, os cabos e sensores ainda estão lá, mas integrados ao tecido. É como se os recém-nascidos “vestissem” os eletrodos.

Feitos de prata, os fios inteligentes são bons condutores de eletricidade. “Isso garante boa qualidade do sinal para o monitoramento”, afirma pesquisador Giuseppe Andreoni, da Universidade Politécnica de Milão.

Ao mesmo tempo, os fios têm uma textura semelhante à da malha de algodão e propriedades antibacterianas, evitando alergias no bebê.

No protótipo final, os fios inteligentes foram incorporados à costura das mangas. “Assim, temos certeza de que sempre estão em contato com a pele”, explica a empresária Alessia Moltani à “BBC Brasil”.

Um modem preso à roupa transmite por rede sem fio os dados captados por sensores. As informações podem ser, então, analisadas por computador, tablet ou celular.

Cura e cuidado – Assim, tenta-se conciliar a cura com o cuidado. O uso do tecido inteligente diminui o impacto psicológico na mãe, que já está sensível pela gravidez encerrada antes da hora.

Também evita uma terapia incômoda, em que os eletrodos presos à pele do bebê devem ser trocados diariamente.

Nos testes, os bebês eram duplamente monitorados, pelo método tradicional e pela roupa. “Cientificamente, chegamos aos mesmos resultados”, diz Zanini. “Mas o novo tratamento é menos estressante e favorece a descida do leite materno”, afirma Zanini.

Marina Padovan foi uma das mães que aceitou fazer parte da pesquisa. Ela chegou à maternidade para um parto prematuro com 32 semanas de gravidez. Seu filho nasceu com 1,340 quilos e ficou um mês e meio no hospital.

“Era difícil ver meu filho com todos aqueles tubos e fios. Pedia ajuda à enfermeira a cada amamentação”, diz ela, que, por isso, decidiu testar o protótipo da roupa inteligente. “Era melhor ter ele monitorado, mas no meu colo, sem precisar da ajuda de ninguém.”

‘Start-up’ – Há dez anos, a ciência estuda diferentes aplicações desses tecidos eletrônicos. Seu uso em roupas de bebês é o mais novo passo deste tipo de tecnologia, que poderá ser usada também para monitorar idosos no futuro.

O projeto nasceu há cerca de quatro anos, como uma pequena empresa, ou “start up”, na Universidade de Milão. A Comftech hoje faz parte de um grupo seleto de oito empresas da União Europeia que integram o programa do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, dedicado à saúde e prevenção de doenças.

Segundos dados oficiais, nascem cerca de 40 mil bebês prematuros a cada ano na Itália, o que representa cerca de 7% do total de partos. Nestes casos, a roupa oferece um tratamento mais humanizado.

No entanto, seu uso caseiro requer atenção. “Não é um instrumento genérico para dar uma falsa sensação de segurança aos pais”, alerta Zanini. “A roupa revela situações de crise e perigo, mas é necessário também ensinar a eles a como reagir numa emergência assim.”

Fonte: G1

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