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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O clima e a alienação patológica, artigo de Paulo Sá

Muito se fala sobre as atuais condições climáticas e os diversos eventos associados: estiagem prolongada com seca e falta d’água ou enxurrada com alagamentos e deslizamentos.
É certo que os eventos climáticos estão se tornando cada vez mais frequentes e vários recordes são batidos a cada dia. Mas, o quanto nós, seres humanos, seres dotados de consciência e inteligência, tornamos os fenômenos climáticos mais acentuados em suas consequências? Eis a questão.

Nesse momento estamos vendo uma estiagem recorde no Brasil. A consequência? Falta d’água, prejuízo na produção de alimentos, destruição de ecossistemas e acentuação dos danos sociais por força da desigualdade sócio-historicamente construída.

Em Petrópolis (RJ), um município tradicionalmente caracterizado por forte incidência de chuvas e com grande manancial de água, hoje também vive o drama da falta d’água, com estiagens prolongadas e aberrantes.

A consequência foi o aumento de incêndios colossais, que destruíram mais de 3.000 hectares de vegetação e matou milhares de animais, recentemente. Um dano que para ser revertido levará cerca de 30 anos. Mas, resta a pergunta, combustão espontânea ou mais uma inconsequência do homem? Pois é, no caso da Região Serrana, a maior parte dos incêndios fora provocado pelo homem.

Não se pode acusar apenas um tipo de conduta como queimar lixo verde. Diga-se de passagem, muito lixo verde é queimado por ordem dos próprios veranistas da região e não por agricultores locais como se pensa. Além do cigarro despretensioso lançado para fora do carro, ou até pela queima de fogos para comemorar a vitória de um time ou aniversário de alguém. Por uma ou por outra razão, se faz a associação entre displicência e falta de consciência do ser, supostamente inteligente, com o seu entorno. Por quê?

Será que é por força de passar a maior parte do tempo com os seus olhos fixados em uma tela ou telinha, se envolvendo apenas com um mundo virtual e esquecendo da realidade que vos cerca?

O noticiário mostra a seca e as queimadas, mas o sistema de saúde sente os efeitos desse estrago com a elevação de doenças de veiculação hídrica por força de utilização de água inadequada para quem o acesso ficou muito restrito, os pobres, é claro. Diarreia, doenças respiratórias, alergias, crises de asma e bronquite, emergências lotadas e a vegetação queimando, destruindo a cobertura vegetal que nos é preciosa para evitar a seca.

Até quando permaneceremos nesse estado de alienação patológica frente ao que está ocorrendo? Será que se resolve isso com multa e prisão dos criminosos? Ainda acreditamos nesse tipo de sociedade? Só atuamos depois do dano? De que serve algumas pessoas presas, mas hectares e hectares de ecossistemas destruídos que levarão 30 anos para se recuperar? Continuamos a olhar para as nossas telinhas, mas recomendo olhar para o céu também, antes que ele caia sobre nossas cabeças.

Paulo Sá é coordenador do curso de medicina da Faculdade de Medicina de Petrópolis/Fase

Fonte: EcoDebate

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