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sexta-feira, 13 de março de 2015

RJ recebe o primeiro ônibus movido a biometano gerado a partir de lixo

Veículo da Scania foi abastecido pela Usina Dois Arcos, emitindo 70% menos poluentes em relação ao diesel


Um ônibus movido a biometano circulou ontem pela primeira vez no Estado do Rio. Fabricado na Suécia, pela Scania, o veículo – considerado um dos mais modernos do transporte público do mundo – foi abastecido pela usina Dois Arcos, localizada em São Pedro da Aldeia (RJ), junto ao aterro sanitário de mesmo nome.

O empreendimento é resultado de um investimento de R$ 20 milhões da EcoMetano, em parceria com a Osafi, proprietária do aterro. O local recebe aproximadamente 700 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos, oriundos também de municípios de Cabo Frio, Arraial do Cabo, Iguaba Grande, Armação dos Búzios, Silva Jardim, Araruama e Casemiro de Abreu. Os resíduos são decompostos, gerando o biogás, que depois de purificado se transforma em biometano.

O ônibus

O ônibus da Scania é o primeiro movido a biometano da história da indústria de veículos comerciais no Brasil. O modelo está equipado com motor que atende à norma europeia de emissões Euro 6, mais avançada que a atual geração Euro 5 vigente no Brasil. Utiliza, como combustível, tanto o Gás Natural Veicular (GNV) quanto o biometano (gerado a partir de resíduos sólidos urbanos ou de resíduos do agronegócio), ou combinação de ambos.

Na Europa a Scania é líder em transporte sustentável. O ônibus Scania Citywide Euro 6 veio da Suécia em 2014 para um período de demonstrações na América do Sul e, antes de chegar ao Estado do Rio, passou pelo México, Colômbia, Foz do Iguaçu (PR), Rio Grande do Sul e Sorocaba (SP). Na primeira demonstração no Brasil nos meses de outubro e novembro de 2014, em parceria com a Itaipu Binacional, o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás-ER), a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e outros parceiros, ficou comprovado que, em relação ao custo por quilômetro, o do biometano é menor em quase 60% ante um veículo similar a diesel.

Na segunda demonstração, em janeiro de 2015, em parceria com a Braskem, Companhia de Gás do Estado (Sulgás) e outras empresas, os resultados de desempenho foram todos positivos, de acordo com a universidade Univates (RS). Os níveis de poluição ficaram bem abaixo dos determinados pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), e as emissões de ruído também foram menores que os padrões determinados pelas autoridades. A média de consumo foi de 2,13 km/metro cúbico.

“Estamos obtendo ótimos resultados nas demonstrações. O ônibus a biometano está comprovando o quanto é uma solução de transporte sustentável ecológica, social e economicamente viável para a mobilidade urbana”, afirma Silvio Munhoz, diretor de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil. “Em termos de produto ele tem provado sua fama de confiável, já amplamente reconhecida na Europa. Sua tecnologia inovadora gera uma autonomia diária que pode chegar a 400 quilômetros e emite 70% menos poluentes que os veículos similares a diesel.”

A usina Dois Arcos

A estimativa de produção da usina Dois Arcos é de aproximadamente 8 mil m3 de biogás purificado/dia, chegando a 15 mil m3/dia em 2020. Inicialmente, o produto será destinado ao consumo industrial, fornecido em cilindros. Mas o projeto contempla, no futuro, a ligação da usina ao gasoduto da CEG-Rio, para atender também ao consumidor residencial e comercial, além de atender ao uso veicular, beneficiando uma população de 400 mil pessoas na Região dos Lagos.

“A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) regulamentou, recentemente, a utilização do biogás obtido a partir de resíduos agrossilvopastoris e comerciais para o uso residencial, comercial e veicular. Foi uma iniciativa da maior importância. Agora esperamos que nos próximos meses seja publicada a regulação também do uso do biogás de resíduos sólidos urbanos e esgotamento sanitário como já é tão comum nos Estados Unidos e na Europa. O chamado Gás Natural Renovável (GNR) representa enormes benefícios econômicos, sociais e ambientais”, explica Márcio Schittini, gerente de Novos Negócios da EcoMetano.

O planejamento da companhia contempla quatros outros empreendimentos de geração de biogás, sendo dois junto a aterros sanitários (no Nordeste e Sudeste) e dois utilizando resíduos do agronegócio, com uso de biodigestores (ambos no interior do Rio Grande do Sul). A previsão é de que, com os cinco projetos em operação, em 2016, após um investimento de R$ 220 milhões, a EcoMetano seja a maior empresa brasileira produtora de biogás, gerando até 1,2 milhão de m3/dia.

“O biogás é uma fonte de energia renovável, mais econômica, que gera mais benefícios ao meio ambiente e que pode incrementar a matriz energética nacional. Acreditamos que o Brasil será, em um futuro próximo, o maior produtor mundial de biogás”, completa Schittini.

A EcoMetano

A EcoMetano, que iniciou suas atividades em 2010, é uma empresa especializada em captar e tratar o biogás produzido a partir de fontes renováveis como aterros sanitários, biodigestão de resíduos oriundos da atividade agrícola e vinhaça resultante da produção de etanol. Integra o grupo MDCPar, empresa de participações em investimento de infraestrutura na área de gás natural.

Fonte: EcoDebate

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