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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Cemitério: lugar de arte, história e cultura

Necrópole de Jaú tem elementos que retratam religião, costumes e transformações sociais 


A história não está apenas nos livros. Sinais e registros da existência humana podem ser observados em vários locais, como imóveis, ruas, igrejas, museus e até cemitérios. Sim, cemitérios, símbolos de superstição, adoração e luto para muita gente, são lugares que ensinam muito a respeito de um povo e de um lugar.

Para estimular essa valorização, foi criado recentemente o grupo NecroPollis, o qual homenageia e pretende perpetuar o trabalho de Julio Cesar Polli, historiador e memorialista morto em julho de 2016 que havia fomentado passeios histórico-culturais pelo Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula, de Jaú. 

O intuito é resgatar este costume – o primeiro tour dessa nova fase, realizado na noite do dia 20 de dezembro, contou com presença de aproximadamente 200 pessoas. 

O evento teve apoio da Prefeitura de Jaú, e o guia foi Fabio Grossi dos Santos, historiador, arqueólogo e diretor do Museu Municipal José Raphael Toscano.

Nesta reportagem, realizada com apoio de Fabio, o Comércio mostra alguns dos aspectos ressaltados durante a visita ao cemitério. Na necrópole, é possível observar mudanças comportamentais da população, alterações em valores coletivos, simbologias, religiosidade, arquitetura, arte, história e cultura. 

É impossível publicar aqui todos os fatos e curiosidades. Por isso, se estiver interessado pela temática, fique atento aos chamados do NecroPollis e da Prefeitura: a promessa é de mais passeios pelo cemitério em 2018.

O cemitério evidencia transformações sociais ocorridas ao longo dos anos. Se nos primórdios os africanos escravizados eram enterrados em valas coletivas (acima), com o passar do tempo a necrópole passou a receber pessoas negras e “permitir” elementos culturais afro-brasileiros, como o berimbau no túmulo de José Norberto de Melo, o mestre Betão (à direita), um dos precursores da capoeira em Jaú. É possível que outras valas comuns tenham existido, mas acabaram suprimidas ao longo do tempo. Os indígenas, por sua vez, não ganharam representatividade no local


Esse túmulo ficou conhecido como o “da noiva” e ganhou muitas trágicas lendas urbanas sobre a morte da personagem. Mas essa figura é nada mais do que uma ninfa, criatura da mitologia grega bastante presente no cemitério, escolhida para adornar o túmulo

Criado em 1894 e originalmente católico, o cemitério demorou para receber pessoas praticantes de outras religiões. Hoje, elementos islâmicos (como o da foto) e evangélicos são encontrados por lá

Este túmulo presta homenagem a major Ascanio, Julio Pinheiro, Arsenio Guilherme e Martins Soares, moradores de Jaú mortos durante a Revolução Constitucionalista de 1932. A cidade foi uma das mais participativas do Estado durante o conflito

Antigamente, os registros de óbitos eram divididos entre adultos e “anjos”. Crianças que morriam ganhavam ares de pureza e santidade, estimulando superstições e idolatrias. É o caso de Viviane Tufik Curi, que nasceu no dia 3 de janeiro de 1941 e morreu em 12 de abril de 1943, com apenas 2 anos. Seu túmulo é um dos mais ornados por visitantes, que deixam lembranças e placas em “pagamento” por graças alcançadas

O simbolismo está presente em todas as partes do cemitério. Aqui, na foto de cima, a coluna dórica partida representa que nada resiste ao tempo ou que a pessoa sepultada morreu durante período de vigor. Já a ampulheta com asas significa que o tempo “voa”

Fonte: Comércio do Jahu

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