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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O decálogo da sustentabilidade ecocêntrica, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A humanidade já superou os limites do Planeta. Os níveis de produção e consumo dos seres humanos estão sugando e degradando de forma insustentável os recursos da Terra e as riquezas ambientais transformadas em artigos – essenciais ou de luxo – são descartadas de volta na forma de esgoto, lixo e resíduos sólidos.


A ideia do desenvolvimento sustentável virou uma ficção tecnocrática, como mostrou Francisco Caporal, no artigo: “Adeus ao desenvolvimento sustentável”. Os governos e as empresas usam o termo “desenvolvimento sustentável” para vender uma falsa ideia de que é possível manter o ritmo atual do modelo de produção e consumo de energia, bens e serviços. Na prática, o máximo que tem sido feito é uma maquiagem verde (Greenwashing) para fortalecer o auto-engano de que as futuras gerações poderão continuar mantendo o atual padrão de degradação da natureza e os vícios do antropocentrismo e do egocentrismo.

O crescimento econômico está tornando inviável a sobrevivência do meio ambiente e da biodiversidade, pois as fronteiras planetárias foram ultrapassadas. A palestra de Margarita Mediavilla: “Retos globales ante los límites al crecimiento” faz uma revisão os limites do crescimento econômico e os desafios do crescimento zero. O “Grupo de Energía y Dinámica de Sistemas da Universidad de Valladolid” tem elaborado diversas análises mostrando a necessidade de discussão dos parâmetros do DECRESCIMENTO.

Para contribuir com este debate, são apresentados abaixo dez pontos para mudar a ordem econômica internacional e estabelecer um caminho viável para a convivência pacífica entre os seres humanos, as demais espécies e os ecossistemas. Trata-se de uma contribuição sintética que se opõe à ideia simplista do desenvolvimento econômico sustentado e sustentável e pode ser definida como o DECÁLOGO DA SUSTENTABILIDADE ECOCÊNTRICA:

1) reduzir substancialmente os gastos militares e os instrumentos de violência e guerra (2,5% do do PIB mundial), garantindo a paz local, nacional, regional e mundial;

2) investir em transporte coletivo e sobretaxar os veículos individuais, garantir a mobilidade urbana, assim como criar cidades sustentáveis em todos os aspectos da vida urbana, combatendo a especulação imobiliária, inclusive avançando com os parques ecológicos, o cuidado dos rios e promovendo a agricultura urbana e vertical;

3) sobretaxar, de forma progressiva, o consumo conspícuo em todas as suas formas e utilizar a ciência e a tecnologia para reduzir a degradação ambiental e diminuir os impactos das atividades antrópicas;

4) Reduzir bastante o uso de combustíveis fósseis nas próximas décadas, aumentar a eficiência energética e fazer a transição para uma matriz energética renovável e de baixo carbono;

5) fazer a transição da economia materializada para uma economia mais desmaterializada, com base no uso de bens intangíveis e imateriais e fortalecer a sociedade do conhecimento e da cultura;

6) Aumentar as áreas verdes (florestas e matas), limpar os rios, lagos e oceanos, aumentar a biodiversidade, iniciar um processo de reselvagerização de crescentes áreas do mundo, construir uma agricultura sustentável, mais orgânica, com um uso menor de produtos químicos, além de incentivar uma dieta vegetariana e defender os direitos dos animais e do Planeta Azul (Gaya, Pachamama, etc.);

7) Reduzir os impactos da exploração antrópica e avançar com o reaproveitamento do esgoto, do lixo e dos resíduos sólidos, além da redução do desperdício em todas as suas formas;

8) Erradicar a fome e a pobreza extrema, reduzir as desigualdades sociais em todas as suas dimensões e formas, garantir a solidariedade orgânica em termos sociais, a solidariedade interpessoal e avançar com a luta contra o especismo e o ecocídio;

9) Garantir a governança global, a democracia, o fim da corrupção e a cooperação nacional e internacional, avançando com os tratados multilaterais para evitar o aquecimento global, impedir a exploração econômica do Ártico e da Antártica, proteger os oceanos contra a degradação e a acidificação e garantir o direito das águas e a liberdade dos rios;

10) Last but not least, estabilizar o crescimento populacional mundial até 2050 e manter uma Taxa de Fecundidade Total (TFT) abaixo do nível de reposição, possibilitando o decrescimento demo-econômico no longo prazo.

Referências:
CAPORAL, Francisco Roberto. Adeus ao desenvolvimento sustentável, Instituo Carbono, São Paulo, 09/10/2013.
ALVES, JED. Sustentabilidade, Aquecimento Global e o Decrescimento Demo-Econômico. SCRIBD, 29/10/2013
MEDIAVILLA, Margarita. Retos globales ante los límites al crecimiento. Grupo de Energía y Dinámica de Sistemas – Universidad de Valladolid, 22 de septiembre de 2013

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seuspontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate

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