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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Inseticidas e saúde infantil, artigo de Roberto Naime

Site da revista Exame ambiental registra um estudo feito por cientistas do Instituto de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente de Rennes na França, que alerta para o risco que o uso de inseticidas domésticos representa para a saúde infantil.


Segundo a pesquisa, publicada no periódico científico “Environment International”, a exposição a estes produtos seria capaz de interferir no desenvolvimento de habilidades cognitivas nas crianças.

O perigo vem de certas substâncias pertencentes ao grupo químico dos piretróides que são muito comuns em inseticidas domésticos, repelentes de insetos e em cremes e loções para matar piolhos.

Tais substâncias comportam-se como neurotoxinas em contato com o organismo humano, e também são encontradas em pesticidas usados na agricultura.

No ambiente doméstico, a exposição das crianças aos piretróides é bastante comum, devido à proximidade dos pequenos com a poeira do solo que armazena poluentes, e devido ao fato de crianças pequenas, levarem a mão na boca com frequência.

A absorção dos piretróides ocorre através do sistema digestivo. Mas essas substâncias também são absorvidas pela pele. Uma vez no organismo, elas são rapidamente metabolizadas no fígado e eliminadas na urina na forma de metabólitos, em até 48 horas.

Segundo as análises laboratoriais, o aumento nos níveis de dois resíduos metabolitos dos piretróides na urina das crianças está associada a uma diminuição significativa nos seus desempenhos cognitivos, particularmente na compreensão verbal e na memória de trabalho.

“As consequências de um déficit cognitivo em crianças para a sua capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento social constitui uma desvantagem para o indivíduo e para a sociedade“, ressaltou Jean- François Viel, um dos co-autores da pesquisa. Segundo ele, é urgente a necessidade de se identificar medidas preventivas.

Os detalhamentos destes estudos sempre materializam exaustivas descrições, que se tornam extremamente incompreensíveis para pessoas leigas ou com baixo interesse em química. Mesmo assim, é realizada rápida descrição, extremamente simplificada para obter maior acessibilidade universal.

Autismo, déficit de atenção, dislexia, paralisia cerebral e outros problemas neurológicos que afetam milhares de crianças em todo o mundo, estão associadas com estas substâncias de uso cotidiano.

É uma “epidemia silenciosa” de perturbações neurológicas infantis causadas por substâncias invisíveis e presentes em roupas, móveis e brinquedos.

As principais formas de contaminação pelo chumbo se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância.

A exposição ao chumbo na infância está associada ao desempenho escolar reduzido. Não existem níveis seguros de exposição a essa substância.

O tolueno ou metil benzeno ficou popularmente conhecido no Brasil como cola-de-sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de colas, como as utilizadas na marcenaria.

Ela também é usada como solvente, em pinturas, revestimentos, borrachas e resinas. A exposição materna ao tolueno tem sido associada a problemas de desenvolvimento cerebral e déficit de atenção na criança.

A exposição ao metilmercúrio, que afeta o desenvolvimento neurológico do feto, muitas vezes vem de ingestão materna de peixe que contém altos níveis de mercúrio. Segundo o estudo, a vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento para a toxicidade do metilmercúrio é muito maior que a do cérebro adulto.perduram por anos.

Os bifenilos policlorados ou “PCBs” tem sido rotineiramente associada à funções cognitivas reduzida na infância. Muitas vezes, estão presentes em alimentos, principalmente peixes, carnes e lácteos contaminados, e também podem ser repassadas ao bebê pelo leite materno. Ocorrem também em aparelhos elétricos velhos, onde atuam como isolantes térmicos.

O grupo de compostos conhecidos como polibromados éteres difenil (PBDE) são amplamente utilizados como retardadores de chama, para proteger móveis, tapetes e roupas.

Experimentos sugerem que os PBDEs também podem ser neurotóxicos. Estudos têm mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento da exposição pré-natal a estes compostos.

Crianças que foram expostas no pré-natal ao percloroetileno em água potável mostraram tendência para deficiências na função neurológica e risco aumentado de diagnósticos psiquiátricos.

O BPA ou bisfenol A é um composto usado na fabricação de policarbonato, que é utilizado na produção da maioria dos plásticos rígidos e transparentes, e também na produção da resina epóxi, que faz parte do revestimento interno de latas que acondicionam bebidas e alimentos.

O BPA pode enganar o corpo e induzir reações a hormônios reais. Tem sido associado a diversos tipos de câncer e problemas reprodutivos, além de obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas.

O Clorpirifós e o DDT são inseticidas ligados a anormalidades no desenvolvimento neurológico em crianças. São proibidos em muitas partes do mundo, mas ainda utilizados em muitos países de baixa renda.

Os fluoretos estão presentes em cremes dentais e antissépticos bucais para prevenir cáries, mas também são adicionados em inseticidas e venenos para ratos. Muitos estudos com crianças expostas a níveis elevados de flúor na água potável sugerem um decréscimo médio de capacidade intelectual em crianças.

Todos os dias, milhões de células no nosso corpo morrem, e isso é perfeitamente saudável. Estudos têm mostrado, no entanto, que químicos chamados ftalatos também podem desencadear a “sinalização da morte” em células testiculares, fazendo-as morrer mais cedo do que deveriam.

Comumente usados para dar mais flexibilidade aos plásticos. Outros estudos ligam os ftalatos a alterações hormonais, defeitos congênitos no sistema reprodutor masculino, obesidade, diabetes e irregularidades da tireóide.

O arsênico é largamente empregado em processos de fundição de metais e na conservação de madeira. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera.

Altas concentrações de manganês são associadas a hiperatividade. Crianças em idade escolar que viviam próximo a áreas de mineração e processamento de minério demonstraram diminuição da função intelectual, deficiência em habilidades motoras e redução da função olfativa.


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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