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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Cientista brasileiro analisa efeitos da gravidade zero em células do câncer

Um estudo divulgado nesta sexta-feira (12) na “Nature Reviews Cancer”, que conta com um pesquisador brasileiro como um dos autores, analisa dados divulgados nos últimos 40 anos sobre os efeitos da ausência de gravidade e de viagens ao espaço na biologia das células humanas. O artigo foca em células cancerígenas e no que ocorre com elas – alteração no citoplasma, na expressão das proteínas e outros fenômenos.


As primeiras análises celulares no espaço ocorreram nos anos 1970, diz o estudo. Desde então, além da famosa avaliação do sangue de astronautas que mostrou uma redução na quantidade de glóbulos vermelhos e alteração no formato destas células no período em órbita, outros experimentos foram feitos.

Por exemplo, uma análise de 2011 citada no artigo da “Nature Reviews Cancer” aponta o que ocorreu com células de câncer cervical (de colo de útero) cultivadas na Estação Espacial Internacional (ISS), em um ambiente sem gravidade. Foi identificada alteração na expressão de genes que regulavam o ciclo celular, a morfologia da célula e a apoptose (morte celular programada, processo pelo qual células problemáticas causam a própria morte).

Isso não quer dizer que viagens espaciais causem câncer ou reduzam a propensão a ter um tumor, diz o pesquisador Glauco Souza, pós-doutorado em físico-química pela Universidade do Texas e um dos autores da pesquisa. “Não há evidência de que os dois fatores [viajar ao espaço e ter câncer] estejam ligados”, pondera.

Revisão – O estudo produzido por Souza e a pesquisadora americana Jeanne Becker é uma revisão, ou seja, uma nova análise de dados que já foram apresentados. Efeitos da “gravidade zero” que podem surgir nas células incluem alterações no volume celular e no citoesqueleto (conjunto de proteínas responsável por manter a forma da célula e conter seu citoplasma e organelas), ressalta o pesquisador.

Souza avalia que estudar células cancerígenas em “gravidade zero” pode ajudar a desenvolver medicamentos para certos tipos de tumor.

“Uma proteína do citoesqueleto, a tubulina, em alguns casos passa por alteração no espaço. Então é um ambiente único para estudar o efeito de drogas contra o câncer que afetem essa proteína, por exemplo”, afirma Souza. Alterações na tubulina devido à falta de gravidade seriam dificílimas de serem reproduzidas na Terra, diz o pesquisador.

Tridimensional – Outra questão é que o cultivo celular na Terra ocorre de forma bidimensional – as células são depositadas em uma placa e acabam “achatadas” pela interação com a superfície do objeto e a força da gravidade, explica Souza. Já no espaço, pela ausência da força gravitacional, as células crescem e se multiplicam de forma tridimensional em equipamentos projetados para a cultura. Este formato permite ter novas visões sobre a divisão celular, a composição de aglomerados de células e a interação entre elas, de acordo com Souza.

“Você tem um ponto de vista diferenciado com relação à formação das células. Elas têm mais espaço para crescer, permite estudá-las de forma diferente do que estamos acostumados”, explica ele, referindo-se às células que crescem em ambiente 3D. O pesquisador avalia que as células do corpo se reproduzem num ambiente com três dimensões, parecido com o que ocorre nestas culturas no espaço – mas com a existência, na Terra, da força gravitacional.

Tecnologias estão sendo desenvolvidas para copiar um ambiente sem gravidade, diz Souza. Ele é presidente da Nano3D Biosciences, empresa que no seu surgimento foi “incubada” na Universidade Rice, nos EUA, e que hoje atua em colaboração tanto com essa instituição quanto com a Universidade do Texas para estudos e desenvolvimento de tecnologia na área.

“Queremos mostrar a importância da ciência espacial, que não é só focada em colocar as pessoas em órbita. Os frutos das pesquisas espaciais terão impacto grande na ciência biológica”, pondera o pesquisador.

Usar células que cresceram em um ambiente tridimensional, por exemplo, permite entender a interação com um medicamento novo de formas diferentes, além de garantir uma avaliação inovadora da toxicidade do remédio, diz Souza. A análise fica mais previsível e parecida com o que ocorre no corpo humano em um ambiente 3D, na opinião do cientista. Só foi possível pensar nisso e criar máquinas que simulem este ambiente graças aos experimentos com células ocorridos no espaço.

Fonte: G1

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