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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Amigos, amigos, assuntos do trabalho à parte

A amizade pode prevalecer, mas isso nada tem a ver com o que se passa dentro da empresa

É muito comum fazermos amizades em nosso ambiente de trabalho, afinal são as pessoas com quem convivemos diariamente durante horas a fio. Já tratei desse assunto aqui, inclusive sobre os prós e contras de nos tornarmos muito amigos de nossos colegas. Mas, como ficam essas amizades quando uma das partes sai da empresa e vai trabalhar num concorrente?

amizade-empresa-bernt-350Acredito que o fator mais pertinente para essa resposta seja a real importância que essa amizade tem para cada um de nós. São várias as situações e tentarei abordar algumas delas aqui.

A situação mais comum de todas  é aquela onde as pessoas se conhecem no ambiente de trabalho e ali desenvolvem uma amizade. Saem para happy hour, eventos e churrascos de fim de semana. Na maioria dos casos, as pessoas não chegam a se tornar amigos de verdade. Ou seja, são colegas de trabalho que possuem afinidades, admiração, e que até trocam algumas confidências, mas se um dia um deles sair da empresa, aos poucos o contato diminuirá até cessar, como acontece em alguns casos. O fato de uma das partes estar na concorrência não faz muita diferença já que aquela “amizade” não era tão forte assim.

Por outro lado, há os casos em que a relação acaba se tornando mais forte. E, a partir do momento em que um sai da empresa, o contato continua tão forte quanto antes. Nesses casos, a fidelidade à confidencialidade da empresa deve ser ponderada sempre. A medida que alguém sai da empresa, ela leva informações pertinentes à organização. Alimentar a atualização dessas informações é trair a confiança que depositam em você.

Mas acredito que a situação mais grave é aquela em que a amizade vem de longa data, antes mesmo de trabalharem juntos na mesma empresa. Esses são casos mais perigosos, pois os laços são tão fortes que, em muitos casos, não se sabe medir onde começa a amizade e onde terminam os assuntos profissionais.

Independente de qual a situação, o que precisa ficar claro para ambas as partes é que a amizade pode prevalecer, mas isso nada tem a ver com o que se passa dentro da empresa. É muito comum que logo após o desligamento, quem saiu ainda pergunte sobre os acontecimentos de lá de dentro, assim como quem ficou se sinta tentado a compartilhar aqueles assuntos que julga mais polêmicos. A palavra de ordem nesses casos é ética. Não há porque esses assuntos ainda permearem as conversas após essa “separação”. O que ocorre dentro da empresa diz respeito única e exclusivamente às pessoas que ali trabalham. Não há motivos para ser diferente.

Sou a favor das relações e acredito que qualquer contato estreitado seja saudável desde que respeite o espaço de cada um. O espaço a que me refiro neste caso é o profissional. Aliás, se pararmos para pensar, é errado compartilharmos algumas informações (as confidenciais) com qualquer pessoa, até nossos maridos, irmãos e amigos, imagine com alguém que sabe como funciona aquela empresa e, pior, que agora está num concorrente direto.

Sugiro que ao ser questionado por quem saiu sobre o andamento da empresa, respostas prontas sejam dadas, de forma que não abale a estrutura do relacionamento. “Está tudo bem” sem mais delongas, é uma excelente saída. Você não se recusa a dizer como andam as coisas por lá, porém não entra em detalhes. O mais correto, aliás, é responder como você está na empresa: “sabia que recebi uma promoção?”, “tirarei férias no próximo mês” ou “resolvi fazer uma pós para me desenvolver um pouco mais”. Quando você tira o foco da empresa e traz para si, você assume a responsabilidade das informações que diz respeito a você e não à empresa. 

Fonte: Revista Amanhã

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