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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Médico cubano no Brasil deve ganhar mais que enfermeiro, diz ministro

Salários do Mais Médicos serão pagos à Opas, que os repassará a Cuba.
74% dos cubanos que virão ao país devem trabalhar no Norte e Nordeste.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha,  disse nesta quinta-feira (22), em entrevista ao Jornal Nacional, que os médicos cubanos que trabalharão no Brasil pelo programa Mais Médicos receberão salário superior ao de outros profissionais de saúde com quem vão trabalhar.

“Posso te afirmar: ele terá um padrão de remuneração aqui no Brasil - para além do que pode receber na sua família - que é superior aos enfermeiros, aos técnicos de enfermagem, a agentes comunitários de saúde com quem esse médico vai trabalhar”, apontou o ministro da Saúde.

O Jornal Nacional levantou junto ao ministério que o maior salário dos enfermeiros é de R$ 3 mil. Na quarta-feira, o governo anunciou que 4 mil médicos cubanos virão ao Brasil para atender no SUS, num convênio intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). O Brasil pagará R$ 10 mil por mês por cada médico à organização, que repassará o dinheiro ao governo de Cuba. No entanto, não foi divulgado quanto desse valor será efetivamente repassado aos profissionais.

 Mais cedo nesta quinta-feira, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirmou que 74% dos cubanos deverão trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, em locais que não forem escolhidos nem pelos médicos brasileiros, nem pelos estrangeiros que participam do programa Mais Médicos.

Segundo Barbosa, o Ministério da Saúde cumpriu o cronograma e deu primeiro "total prioridade" aos médicos brasileiros.

"Por nós, todos os 15 mil postos seriam ocupados por brasileiros", disse. Depois disso, foi dada a opção para os médicos estrangeiros optarem para onde queriam ir. "Mesmo assim, não conseguimos preencher (tudo), estamos só com 15% da necessidade (atendida)", afirmou.

O secretário explicou que, agora, a pasta inicia acordos bilaterais para direcionar o atendimento de demandas específicas. "Eles (médicos oriundos de acordos bilaterais) estão vindo para aqueles locais em que o Brasil indica que precisa", explicou.

Remuneração dos cubanos
De acordo com Barbosa, o governo brasileiro não tem informação sobre o valor exato que os médicos cubanos devem receber pela atuação no Mais Médicos. Segundo o secretário, eles deverão ter o mesmo salário que recebem trabalhando em Cuba ou em outras missões no exterior.

Pelo acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde (Opas) para contratar 4 mil médicos cubanos, o governo brasileiro pagará à Opas o valor equivalente à remuneração dos demais profissionais do Mais Médicos (R$ 10 mil), e a organização repassará esse dinheiro para o governo cubano.

O governo não sabe quanto dos R$ 10 mil ficará com os médicos e quanto irá para o governo cubano. A declaração foi feita em uma reunião nesta quinta-feira (22) com representantes dos municípios de São Paulo sobre o programa federal.

"Não podemos pagar diretamente ao médico cubano. O governo cubano só aceita enviar médicos sob a forma de um acordo bilateral, e é isso o que está sendo feito", disse Barbosa. Questionado sobre as declarações de entidades médicas brasileiras, que mostraram preocupação com as condições de trabalho dos profissionais cubanos, ele enfatizou que os médicos estão vindo para o Brasil voluntariamente.

Segundo Barbosa, o Brasil já recebeu médicos cubanos em situação parecida na década de 1990.

"Cuba já faz esse tipo de cooperação há muito tempo. Já teve inclusive com o Brasil na década ade 1990 e em vários outros países do mundo. Eu desconheço qualquer caso em que os médicos cubanos se insubordinaram ou não trabalharam de maneira adequada. Pelo contrário. Quando trabalharam no Brasil, tendo a formação específica em atenção básica, eles prestaram um excelente trabalho", disse".

Barbosa afirmou que os profissionais cubanos têm pleno domínio da língua portuguesa e que o idioma não deve ser uma barreira para a atuação dos médicos. Quando chegarem ao país, farão nova avaliação e aqueles que não atenderem a todos os critérios serão automaticamente desligados do programa.

"O programa não prevê ter um tradutor junto do médico na hora de prestar atendimento", afirmou.

Questionado sobre o risco de os médicos permanecerem no país após o programa, atuando sem a devida validação do diploma, o secretário assegurou que eles não terão validação plena para trabalhar no Brasil fora do contexto do Mais Médicos.

"Isso, inclusive, é uma cegueira de algumas entidades médicas. Eles não tiram postos de médicos brasileiros", disse.

Fonte: G1

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