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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Quando o descanso eterno vira oportunidade

A última morada virou investimento. Seja pela compra direta ou aplicação em fundos imobiliários, os jazigos são opção de investimento no Brasil, trilhando um caminho já comum no exterior. O único fundo que oferece somente esse tipo de negócio está aumentando capital, ofertando cotas para elevar o patrimônio de R$ 57 milhões para R$ 201,5 milhões. Hoje, há pouco mais de 80 cotistas no Fundo Brazilian Graveyard & Death Care Services, administrado pela H11-Capital.


Como estão lançando cotas na Bolsa, não podem passar dados do histórico do rendimento, conforme exigência da Comissão de Valores Imobiliários (CVM). O prospecto do lançamento da oferta de cotas, no entanto, afirma que é possível um ganho composto de inflação mais 7% ao ano. O que for captado pelo fundo será para comprar ativos “preponderantemente relacionados ao setor funerário (death care), ou seja, imóveis destinados à implantação de cemitérios, participação em empresas detentoras de imóveis aprovados para exploração de cemitérios e direitos reais sobre bens ligados ao setor de cemitérios”, diz o prospecto. A oferta vai até o fim do ano. O fundo tem 27% do Terra Santa Cemitério Parque, em Sabará, Minas Gerais.

— Temos de pensar os jazigos como vendas preventivas. Não é um mercado explorado no Brasil — afirma João Eduardo Santiago, gestor do fundo.

‘MERCADO MUITO CARENTE E REPRIMIDO’

Outro que atuou nessa área foi o Fundo Mérito Desenvolvimento Imobiliário, que teve 1.900 túmulos daquele mesmo cemitério em sua carteira. Segundo Thiago Otuki, do site Clube FII, que acompanha o desempenho dos fundos imobiliários, o exclusivo para aplicações em ativos funerários teve poucos negócios e quase nenhuma liquidez. Já o do Mérito rendeu este ano 6,05%, abaixo dos fundos de renda fixa, de 6,9%. A vantagem na aplicação desses fundos é a isenção do Imposto de Renda e o fato de eles serem lastreados em ativos reais.

O comerciante Luiz Gustavo de Almeida resolveu apostar no setor. Comprou dois jazigos no Cemitério da Penitência, no Caju, por R$ 13 mil cada. Já tem um jazigo na família no Jardim da Saudade. Mas quer transferir os restos mortais da avó para o da Penitência e vender seus sete palmos de terra em Sulacap.

— Comprei os jazigos por R$ 13 mil e acredito que consiga vendê-los já por R$ 25 mil — avalia Almeida.

Renato Rembischewski, diretor do Cemitério da Penitência — onde o valor de um jazigo começa em R$ 15 mil —, também está investindo no setor. Ele e quatro sócios pretendem investir R$ 25 milhões na ampliação do cemitério e na construção de cemitérios Parque e Vertical no mesmo local. O objetivo é investir em crematórios e mais serviços fúnebres.

— É um mercado muito carente e reprimido — afirma.

Alexandre Despontin, gestor do Mérito Investimento, explica que a empresa não tem mais esses investimentos. Mas ressalta que são “aplicações com perspectiva de valorização a longo prazo, principalmente com a população envelhecendo.”

Fonte: Jornal Extra

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