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terça-feira, 10 de setembro de 2013
É possível ser sustentável e resolver os problemas de infraestrutura do País?
“Risco e infraestrutura: a sustentabilidade produtiva e o custo Brasil” foi o tema de uma das mesas da tarde do terceiro e último dia da Conferência Ethos 2013. Mediada por Nelson Siffert, superintendente da área de infraestrutura e insumos básicos do BNDES, o assunto, complexo e polêmico, foi enriquecido com a participação da plateia.
Shelley Carneiro e Ilana Dalva, respectivamente, gerente executivo de meio ambiente e sustentabilidade e analista de políticas e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deram início à mesa apresentando os resultados preliminares de uma pesquisa que está sendo realizada em todo o Brasil com o objetivo de identificar os principais gargalos na infraestrutura de transportes.
Os primeiros resultados das regiões Norte (Norte competitivo), Nordeste (Nordeste competitivo) e Sul (Sul Competitivo) foram obtidos por meio de uma metodologia que envolveu entrevistas e critérios de avaliação que excluíram obras mais impactantes. Apesar dos altos investimentos – que, por exemplo, no Nordeste, chegam a 25,8 bilhões de reais – eles se pagariam em uma média de quatro anos. “A preocupação do setor privado é reduzir os impactos”, diz Ilana.
Kalil Farran, gerente sênior de sustentabilidade da Camargo Corrêa, deu destaque em sua fala aos empreendimentos da construtora na região Amazônica. Ele falou sobre as oportunidades da região, mas, principalmente, sobre os conflitos. Se os recursos ambientais locais têm potencial para serem aproveitados, por outro lado os conflitos sociais – a ausência de estado e governo local para atender os serviços essenciais da população; a comunidade que por vezes encara os empreendimentos e seus efeitos na economia local como ameaças; e as restrições legais – representam riscos ao negócio. “Não há negócios sem riscos inerentes a nossa atividade. A rentabilidade não é mais proporcional aos riscos assumidos”, diz.
Em seguida, Daniela Silva, program manager do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), apresentou os projetos desenvolvidos pelo órgão, que realiza obras de infraestrutura em países como Haiti, Sri Lanka e outros que tenham dificuldade na concretização destes empreendimentos. “A preocupação é que essas construções sejam resilientes, que suportem as alterações climáticas”, pontua.
Segundo Wilson Poit, que hoje preside a SP Negócios, uma empresa da prefeitura de São Paulo, não existe nenhuma parceria público privada (PPP) na cidade. A empresa tem por objetivo dar apoio técnico especializado na gestão do Programa Municipal de PPP’s (Parcerias Público-Privadas) e pela promoção e atração de Investimentos para a cidade. “Não queremos mais grandes obras, mas comprar serviços que saem das portas destas grandes obras”, comenta.
Quando a palavra foi aberta à plateia, as perguntas se centraram na questão logística, com foco na mobilidade urbana, e licenciamento ambiental. Questionado sobre as ações da prefeitura voltadas para a solução do trânsito na capital, Poit citou projetos como ampliação das linhas de metrô e a criação de novos corredores de ônibus – 150km nos próximos anos – como possíveis saídas. “A prefeitura irá pagar um preço político bastante caro com essas obras”.
Com relação ao licenciamento ambiental, as perguntas questionaram o porquê dos projetos de infraestrutura já não contemplarem as exigências da legislação ambiental e por que, quando o empreendimento é barrado pelo licenciamento, são adaptados para que se dê continuidade, como se ele fosse apenas uma “etapa burocrática”. Tanto Kalil como Shelley concordaram que os projetos devem contemplar desde sua concepção as exigências ambientais, mas fizeram críticas ao modelo de licenciamento ambiental. “Do jeito como está hoje, 61% do território brasileiro não pode ser explorado”, diz Kalil.
Para Shelley, alguns problemas ambientais são supervalorizados sobre outros e é necessário que o governo federal, seus ministérios, Ibama e Funai – que “não se conversam” – cheguem em um acordo. “Eu vejo grandes avanços. Há 20 anos as empresas trabalhavam para “dentro”. Agora elas enxergam sua responsabilidade para “fora”, ou seja, o compromisso com a comunidade”, finaliza.
Fonte: Mercado Ético
Shelley Carneiro e Ilana Dalva, respectivamente, gerente executivo de meio ambiente e sustentabilidade e analista de políticas e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deram início à mesa apresentando os resultados preliminares de uma pesquisa que está sendo realizada em todo o Brasil com o objetivo de identificar os principais gargalos na infraestrutura de transportes.
Os primeiros resultados das regiões Norte (Norte competitivo), Nordeste (Nordeste competitivo) e Sul (Sul Competitivo) foram obtidos por meio de uma metodologia que envolveu entrevistas e critérios de avaliação que excluíram obras mais impactantes. Apesar dos altos investimentos – que, por exemplo, no Nordeste, chegam a 25,8 bilhões de reais – eles se pagariam em uma média de quatro anos. “A preocupação do setor privado é reduzir os impactos”, diz Ilana.
Kalil Farran, gerente sênior de sustentabilidade da Camargo Corrêa, deu destaque em sua fala aos empreendimentos da construtora na região Amazônica. Ele falou sobre as oportunidades da região, mas, principalmente, sobre os conflitos. Se os recursos ambientais locais têm potencial para serem aproveitados, por outro lado os conflitos sociais – a ausência de estado e governo local para atender os serviços essenciais da população; a comunidade que por vezes encara os empreendimentos e seus efeitos na economia local como ameaças; e as restrições legais – representam riscos ao negócio. “Não há negócios sem riscos inerentes a nossa atividade. A rentabilidade não é mais proporcional aos riscos assumidos”, diz.
Em seguida, Daniela Silva, program manager do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), apresentou os projetos desenvolvidos pelo órgão, que realiza obras de infraestrutura em países como Haiti, Sri Lanka e outros que tenham dificuldade na concretização destes empreendimentos. “A preocupação é que essas construções sejam resilientes, que suportem as alterações climáticas”, pontua.
Segundo Wilson Poit, que hoje preside a SP Negócios, uma empresa da prefeitura de São Paulo, não existe nenhuma parceria público privada (PPP) na cidade. A empresa tem por objetivo dar apoio técnico especializado na gestão do Programa Municipal de PPP’s (Parcerias Público-Privadas) e pela promoção e atração de Investimentos para a cidade. “Não queremos mais grandes obras, mas comprar serviços que saem das portas destas grandes obras”, comenta.
Quando a palavra foi aberta à plateia, as perguntas se centraram na questão logística, com foco na mobilidade urbana, e licenciamento ambiental. Questionado sobre as ações da prefeitura voltadas para a solução do trânsito na capital, Poit citou projetos como ampliação das linhas de metrô e a criação de novos corredores de ônibus – 150km nos próximos anos – como possíveis saídas. “A prefeitura irá pagar um preço político bastante caro com essas obras”.
Com relação ao licenciamento ambiental, as perguntas questionaram o porquê dos projetos de infraestrutura já não contemplarem as exigências da legislação ambiental e por que, quando o empreendimento é barrado pelo licenciamento, são adaptados para que se dê continuidade, como se ele fosse apenas uma “etapa burocrática”. Tanto Kalil como Shelley concordaram que os projetos devem contemplar desde sua concepção as exigências ambientais, mas fizeram críticas ao modelo de licenciamento ambiental. “Do jeito como está hoje, 61% do território brasileiro não pode ser explorado”, diz Kalil.
Para Shelley, alguns problemas ambientais são supervalorizados sobre outros e é necessário que o governo federal, seus ministérios, Ibama e Funai – que “não se conversam” – cheguem em um acordo. “Eu vejo grandes avanços. Há 20 anos as empresas trabalhavam para “dentro”. Agora elas enxergam sua responsabilidade para “fora”, ou seja, o compromisso com a comunidade”, finaliza.
Fonte: Mercado Ético
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