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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Golfo do México: contaminação provocada pelo derramamento pode ter sido maior

A análise da água, sedimentos e amostras de frutos do mar colhidos em 2010 durante e após o derramamento de petróleo no Golfo do México encontrou níveis de contaminação mais elevados em alguns casos do que nos estudos anteriores de agências federais dos Estados Unidos, lançando dúvidas sobre alguns dos primeiros métodos de amostragem.

O principal autor, Paul W. Sammarco, da Louisiana Universities Marine Consortium, afirmou que dispersantes utilizados para separar o petróleo podem ter afetado algumas das amostras. Para ele, a contaminação maior punha em questão o momento escolhido pela Agência Nacional Atmosférica e Oceânica (Noaa, na sigla em inglês) para voltar a autorizar a pesca no Golfo depois do vazamento e “talvez esteja na hora de rever as técnicas utilizadas para determinar” tais reaberturas.

Onze operários morreram e aproximadamente 200 milhões de petróleo cru inundaram o Golfo depois que a ruptura em um poço exploratório de propriedade da BP levou a plataforma Deepwater Horizon a explodir em 20 de abril de 2010. Quase dois milhões de galões de Corexit, um dispersante, foram borrifados na superfície ou injetados na nuvem de óleo próxima à boca do poço.

No total, aproximadamente 230 mil quilômetros quadrados de águas federais foram fechados à pesca esportiva e comercial. Algumas áreas foram reabertas antes de o poço ser fechado três depois da ruptura; as últimas áreas foram reabertas um ano após o desastre.

A exemplo de outros estudos depois do derramamento, a nova análise, publicada na semana passada pelo “Marine Pollution Bulletin”, constatou que os componentes do petróleo foram distribuídos ao longo da costa do Golfo até Galveston, Texas, a quase 500 quilômetros a oeste do poço, e a sudeste até as Florida Keys.

Entretanto, o estudo encontrou níveis mais elevados de diversos componentes relacionados ao petróleo do que em estudos anteriores de cientistas da Noaa e outras entidades, principalmente na água marinha e nos sedimentos. Os compostos estudados incluíam hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, alguns dos quais são classificados como provavelmente cancerígenos, e compostos orgânicos voláteis, que podem afetar os sistemas imunológicos e nervosos.

“Quando os números começaram a chegar, eu achei que eram extremamente altos”, disse Sammarco, referindo-se aos dados por ele analisados, provindos de amostras que ele e outros pesquisadores coletaram. Depois ele os comparou com os dados da Noaa. “Os números deles eram muito baixos. Fiquei pensando o que havia de errado. Não fazia sentido.”

De acordo com Sammarco, um método de amostragem em particular utilizado em alguns dos primeiros estudos pode ter levado a resultados menores. Tal método emprega o equipamento conhecido como garrafa de Niskin, que capta amostras de um ponto específico na água. Em função do uso disseminado de dispersantes durante o derramamento – levantando preocupações distintas quanto à toxicidade –, o petróleo, transformado em gotículas, pode ter permanecido em manchas na água em vez de se dispersar uniformemente.

“Ao pegar amostras de um ambiente com manchas, você não pega necessariamente essas manchas”, ele afirmou.

O plástico com que as garrafas são feitas também atraem compostos oleosos, potencialmente removendo-os de qualquer amostra de água e levando a leituras mais baixas de contaminantes, explicou Sammarco.

Riki Ott, toxicologista marinha independente que estudou os efeitos do derramamento de petróleo do Exxon Valdez, em 1989, no Alasca e o da BP, disse ter ficado “completamente chocada” ao ler os números elevados do estudo de Sammarco.

“É inescusável ver a Noaa fazer isso”, atacou Ott, referindo-se ao uso de garrafas de Niskin. “Desde a época do Exxon Valdez sabe-se que essa amostragem irregular não funciona.”

Um porta-voz da Noaa afirmou que a agência não comentaria porque estava envolvida na análise jurídica que irá determinar os danos provocados aos recursos naturais e estabelecer quanto a BP deve pagar pelo trabalho de recuperação. Porém, na época em que a pesca voltou a ser autorizada no Golfo, representantes da entidade afirmaram repetidamente que o peixe, camarão e outros frutos do mar eram seguros de acordo com as análises químicas e sensoriais das amostras de frutos do mar.

Sammarco sugeriu que um monitoramento mais contínuo dos derramamentos de petróleo deveria ser executado antes da pesca voltar a ser autorizada. “É uma boa ideia acompanhar essas coisas a longo prazo, para garantir que a pista está livre e as pessoas estão seguras, bem como a comida.”

Julia M. Gohlke, pesquisadora da Universidade do Alabama, campus de Birmingham, que realizou uma análise independente da segurança dos frutos do mar depois do vazamento, disse que embora a decisão de liberar a pesca seja baseada atualmente somente em amostras de peixe, “parece que é muito importante também continuar a acompanhar as amostras de água”. 

Fonte: Portal iG

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