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segunda-feira, 10 de junho de 2013
Patrimônio histórico preservado com dinheiro público é o pertencente à ICAR, com raras exceções
Desinformação, desinteresse e falta de apoio oficial impedem proteção ao patrimônio histórico
Na área central ou no interior da Ilha, crescimento desordenado de novos núcleos urbanos soterra parte da cultura de Florianópolis
Mais protegido no entorno da antiga sede administrativa e comercial, entre a Praça 15 de Novembro, a Catedral Metropolitana e o Mercado Público, ou nos núcleos urbanos do interior, como Ribeirão da Ilha, no Sul, e Santo Antônio de Lisboa, ao Norte, o Patrimônio Histórico de Florianópolis está ameaçado, praticamente em ruínas. Depois de anos de descaso, as 600 casas tombadas por lei municipal no Centro, no Continente e nos caminhos das praias, são como símbolos esquecidos da degradação causada pela ação do tempo aliada à falta de incentivos e informação.
Só restou uma casa no conjunto da matriz de Canasvieiras
O Notícias do Dia decidiu conferir o estado de conservação dos casarios que guardam grande parte da cultura e da história da cidade e lança uma série de reportagens sobre o tema. Independentemente da região percorrida, seja em Canasvieiras, no Ribeirão da Ilha ou na Armação do Pântano do Sul, não faltam exemplos de casas que passaram por penoso processo burocrático para garantia de preservação pela administração municipal.
Algumas totalmente restauradas e preservadas. Outras foram readequadas e adaptadas às necessidades atuais dos moradores, mas a maioria acaba esquecida e perdida em meio à modernização arquitetônica, nem sempre de bom gosto, que acompanha o crescimento desordenado da cidade.
Nem todas tombadas, não faltam ruínas na área urbana e no interior da Ilha. Algumas das construções históricas viraram atração turística, mas nem todas deixaram de ser moradia para famílias que, a exemplo, da casa, preservam costumes e feitios herdados dos antepassados açorianos.
Apesar da sua relevância como guardião da memória da cidade e do povo, na maioria absoluta dos casos, o proprietário de construções históricas vive não sabe quais os deveres e direitos proporcionados pelo tombamento. Não sabe a quem recorrer para garantir a preservação correta dos bens, além de, alguns, não terem condições financeiras para investir de forma legal na restauração do bem tombado. E há casos de proprietários que, independentemente de tombamento, investiram na reconstituição e readequação do imóvel, que, mesmo modernizado, mantêm pelo menos traços da história da cidade.
Antigo armazém é moradia
Por fora, rachaduras descem pelas grossas paredes de tijolos maciços assentados com liga de cal de conchas de berbigão e óleo de baleia. Os efeitos da chegada do asfalto, do vaivém constante de ônibus e caminhões e da falta de dinheiro e informação estão também no telhado, no madeiramento de pau-brasil e nas portas e janelas. Lá dentro, a benzedeira Zenaide Vilain Paiva, 73, cuida das demandas de filhas e netas e, entre uma e outra tarefa de casa, atende quem se apega à fé da reza para tratar de alguma dor física ou existencial.
Os afazeres de Zenaide incluem desemperrar uma das janelas da sala do velho casarão construído há 134 anos, originalmente um dos mais sortidos armazéns de secos e molhados da região. Lá, ao mesmo tempo funcionou a primeira loja de tecidos da antiga freguesia de Canasvieiras, a mais importante do Norte da Ilha. Também cuida para manter os trincos das portas internas e se orgulha da velha banheira de ferro num dos cantos do banheiro.
Referência para moradores e representantes comerciais da região até a década de 1970, a “venda da Dudu” é o imóvel mais antigo ainda habitado na área rural do bairro que ficou famoso pela qualidade da praia. E, apesar das marcas do tempo, se destaca na esquina das ruas da Goiaba e Francisco Germano da Costa, trecho da histórica rodovia Virgílio Várzea, passagem obrigatória para chegar ao centro da cidade até o início dos anos 1980, antes da SC-401.
Zenaide herdou o casarão do marido, o Lili, filho do comerciante Políbio Alonso de Cisne, que comprou do pai de Dudu em 1934. “Ela casou naquela época e construiu outro casarão, no outro lado da rua, onde montou outro armazém e a loja de tecidos”, conta Zenaide, puxando na memória o que ouvia o sogro contar. “Fizemos alguns reparos por dentro, mas por fora não podemos mexer, é tombado”, explica.
Sem conhecer os benefícios da lei, como a isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ela pretende vender outro imóvel da família, na Agronômica, para investir no restauro do casarão. “Preciso mexer logo no telhado. Infelizmente a prefeitura tomba, mas não ajudar a manter”, lamenta.
Mais protegido no entorno da antiga sede administrativa e comercial, entre a Praça 15 de Novembro, a Catedral Metropolitana e o Mercado Público, ou nos núcleos urbanos do interior, como Ribeirão da Ilha, no Sul, e Santo Antônio de Lisboa, ao Norte, o Patrimônio Histórico de Florianópolis está ameaçado, praticamente em ruínas. Depois de anos de descaso, as 600 casas tombadas por lei municipal no Centro, no Continente e nos caminhos das praias, são como símbolos esquecidos da degradação causada pela ação do tempo aliada à falta de incentivos e informação.
Só restou uma casa no conjunto da matriz de Canasvieiras
O Notícias do Dia decidiu conferir o estado de conservação dos casarios que guardam grande parte da cultura e da história da cidade e lança uma série de reportagens sobre o tema. Independentemente da região percorrida, seja em Canasvieiras, no Ribeirão da Ilha ou na Armação do Pântano do Sul, não faltam exemplos de casas que passaram por penoso processo burocrático para garantia de preservação pela administração municipal.
Algumas totalmente restauradas e preservadas. Outras foram readequadas e adaptadas às necessidades atuais dos moradores, mas a maioria acaba esquecida e perdida em meio à modernização arquitetônica, nem sempre de bom gosto, que acompanha o crescimento desordenado da cidade.
Nem todas tombadas, não faltam ruínas na área urbana e no interior da Ilha. Algumas das construções históricas viraram atração turística, mas nem todas deixaram de ser moradia para famílias que, a exemplo, da casa, preservam costumes e feitios herdados dos antepassados açorianos.
Apesar da sua relevância como guardião da memória da cidade e do povo, na maioria absoluta dos casos, o proprietário de construções históricas vive não sabe quais os deveres e direitos proporcionados pelo tombamento. Não sabe a quem recorrer para garantir a preservação correta dos bens, além de, alguns, não terem condições financeiras para investir de forma legal na restauração do bem tombado. E há casos de proprietários que, independentemente de tombamento, investiram na reconstituição e readequação do imóvel, que, mesmo modernizado, mantêm pelo menos traços da história da cidade.
Antigo armazém é moradia
Por fora, rachaduras descem pelas grossas paredes de tijolos maciços assentados com liga de cal de conchas de berbigão e óleo de baleia. Os efeitos da chegada do asfalto, do vaivém constante de ônibus e caminhões e da falta de dinheiro e informação estão também no telhado, no madeiramento de pau-brasil e nas portas e janelas. Lá dentro, a benzedeira Zenaide Vilain Paiva, 73, cuida das demandas de filhas e netas e, entre uma e outra tarefa de casa, atende quem se apega à fé da reza para tratar de alguma dor física ou existencial.
Os afazeres de Zenaide incluem desemperrar uma das janelas da sala do velho casarão construído há 134 anos, originalmente um dos mais sortidos armazéns de secos e molhados da região. Lá, ao mesmo tempo funcionou a primeira loja de tecidos da antiga freguesia de Canasvieiras, a mais importante do Norte da Ilha. Também cuida para manter os trincos das portas internas e se orgulha da velha banheira de ferro num dos cantos do banheiro.
Referência para moradores e representantes comerciais da região até a década de 1970, a “venda da Dudu” é o imóvel mais antigo ainda habitado na área rural do bairro que ficou famoso pela qualidade da praia. E, apesar das marcas do tempo, se destaca na esquina das ruas da Goiaba e Francisco Germano da Costa, trecho da histórica rodovia Virgílio Várzea, passagem obrigatória para chegar ao centro da cidade até o início dos anos 1980, antes da SC-401.
Zenaide herdou o casarão do marido, o Lili, filho do comerciante Políbio Alonso de Cisne, que comprou do pai de Dudu em 1934. “Ela casou naquela época e construiu outro casarão, no outro lado da rua, onde montou outro armazém e a loja de tecidos”, conta Zenaide, puxando na memória o que ouvia o sogro contar. “Fizemos alguns reparos por dentro, mas por fora não podemos mexer, é tombado”, explica.
Sem conhecer os benefícios da lei, como a isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ela pretende vender outro imóvel da família, na Agronômica, para investir no restauro do casarão. “Preciso mexer logo no telhado. Infelizmente a prefeitura tomba, mas não ajudar a manter”, lamenta.
Dona Zenaide pretende vender outro imóvel para investir na restauração
Reforma salva casarão vizinho
Vizinha de Zenaide, a professora aposentada Myrian de Lima Nobre, 72, se apaixonou quando chegou de São Paulo pela primeira vez e passou pela rodovia Virgílio Várzea. Em 1988 decidiu ficar, e em setembro daquele ano já estava de posse do casarão construído em 1934 para ser a nova “venda da Dudu”.
A reforma começou no mês seguinte e, segundo a atual proprietária, “foi um processo doloroso”. Amplo, o casarão com fachada imponente e que foi símbolo de um período de prosperidade estava em ruínas, escondido no meio do mato. Sem as exigências do tombamento, o imóvel foi ampliado e readequado aos tempos modernos. Portas viraram janelas e aparelhos de ar condicionado garantem o conforto dos moradores nas noites de verão.
“Mas tudo foi feito de acordo com as características originais. A fachada e os detalhes da construção foram mantidos”, diz. Com pouco dinheiro, principalmente depois do confisco da caderneta de poupança pelo plano Collor, em 1990, a obra ficou parada durante um ano.
“Fizemos aos poucos, e ainda estou gastando”, argumenta. A restauração foi feita em etapas pelo pedreiro autônomo Jacy Manoel da Lapa, morador na comunidade. Nas paredes reforçadas com a massa de cal e óleo de baleia não há vigas ou colunas. “Mesmo assim, permanecem intactas”, mostra a proprietária.
Aposentada, a paulistana Myriam de Lima Nobre imvestiu na história de Florianópolis
Engenho perdido em meio à transformação urbana
Quem passa rápido em direção à orla gastronômica do Ribeirão da Ilha, onde o cheiro afrodisíaco da ostra percorre uma a uma as pequenas e coloridas casas geminadas da Freguesia, muitas vezes não percebe. Porém, ele está lá há pelo menos 200 anos.
Sem conservação, o conjunto formado por moradia e engenhos de farinha e açúcar, no número 239 da rodovia Baldicero Filomeno, é o que resta do patrimônio arquitetônico do Alto Ribeirão, a antiga zona rural da Freguesia.
Transformada em sítio para esporádicas visitas em fins de semana, a propriedade mantida por caseiro pertence a um dos sócios da pedreira Pedrita, do Rio Tavares, vizinhos acreditam que a intenção é deixar virar ruínas e substituir por construção moderna.
Há rachaduras nas paredes, o reboco está caindo e portas e janelas estão danificadas e o telhado precisa de manutenção. “Eram os engenhos mais produtivos do lugar. A região era cheia de roças de mandioca e cana”, diz o bombeiro aposentado Arnoldo Francisco Rosa, 64 anos.
Símbolo de prosperidade e força política
No caminho para o Canto do Lamim, a área mais tradicional de Canasvieiras, o casarão ao pé do morro é retrato de imponência, prosperidade e poder político. Construído em 1850, o primeiro dono foi o comerciante e produtor de arroz Nito Siqueira, de família importante do distrito de São Miguel, a antiga sede administrativa da região. Desbravador, Siqueira foi um dos pioneiros na travessia da baía Norte com canoa a vela para ajudar na ocupação das terras férteis do Norte da Ilha.
“Naquela época, as relações comerciais aqui eram feitas com pessoal de Ganchos e São Miguel”, conta o servidor público aposentado Jocelino Plácido Tadeu, 58. A história ele pesquisou antes de comprar o casarão dos herdeiros do terceiro proprietário, o lendário cabo eleitoral do PSD, Francisco Germano da Costa, o Chico Camarão.
Apesar da idade e da importância histórica, o imóvel nunca esteve na lista dos bens tombados pelo Sepham (Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município), órgão do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). “Provavelmente, por causa da influência dos antigos proprietários”, presume Tadeu.
O negócio foi fechado em 1989, quando teve início a reforma. Uma década depois, o casarão foi restaurado com as características originais, ampliado e modernizado. Hoje são quatro apartamentos confortáveis sobre amplo salão adaptado no antigo porão. “As cores, branco e amarelo, são as mesmas da igreja de São Miguel”, acrescenta Tadeu.
Reforma salva casarão vizinho
Vizinha de Zenaide, a professora aposentada Myrian de Lima Nobre, 72, se apaixonou quando chegou de São Paulo pela primeira vez e passou pela rodovia Virgílio Várzea. Em 1988 decidiu ficar, e em setembro daquele ano já estava de posse do casarão construído em 1934 para ser a nova “venda da Dudu”.
A reforma começou no mês seguinte e, segundo a atual proprietária, “foi um processo doloroso”. Amplo, o casarão com fachada imponente e que foi símbolo de um período de prosperidade estava em ruínas, escondido no meio do mato. Sem as exigências do tombamento, o imóvel foi ampliado e readequado aos tempos modernos. Portas viraram janelas e aparelhos de ar condicionado garantem o conforto dos moradores nas noites de verão.
“Mas tudo foi feito de acordo com as características originais. A fachada e os detalhes da construção foram mantidos”, diz. Com pouco dinheiro, principalmente depois do confisco da caderneta de poupança pelo plano Collor, em 1990, a obra ficou parada durante um ano.
“Fizemos aos poucos, e ainda estou gastando”, argumenta. A restauração foi feita em etapas pelo pedreiro autônomo Jacy Manoel da Lapa, morador na comunidade. Nas paredes reforçadas com a massa de cal e óleo de baleia não há vigas ou colunas. “Mesmo assim, permanecem intactas”, mostra a proprietária.
Aposentada, a paulistana Myriam de Lima Nobre imvestiu na história de Florianópolis
Engenho perdido em meio à transformação urbana
Quem passa rápido em direção à orla gastronômica do Ribeirão da Ilha, onde o cheiro afrodisíaco da ostra percorre uma a uma as pequenas e coloridas casas geminadas da Freguesia, muitas vezes não percebe. Porém, ele está lá há pelo menos 200 anos.
Sem conservação, o conjunto formado por moradia e engenhos de farinha e açúcar, no número 239 da rodovia Baldicero Filomeno, é o que resta do patrimônio arquitetônico do Alto Ribeirão, a antiga zona rural da Freguesia.
Transformada em sítio para esporádicas visitas em fins de semana, a propriedade mantida por caseiro pertence a um dos sócios da pedreira Pedrita, do Rio Tavares, vizinhos acreditam que a intenção é deixar virar ruínas e substituir por construção moderna.
Há rachaduras nas paredes, o reboco está caindo e portas e janelas estão danificadas e o telhado precisa de manutenção. “Eram os engenhos mais produtivos do lugar. A região era cheia de roças de mandioca e cana”, diz o bombeiro aposentado Arnoldo Francisco Rosa, 64 anos.
Símbolo de prosperidade e força política
No caminho para o Canto do Lamim, a área mais tradicional de Canasvieiras, o casarão ao pé do morro é retrato de imponência, prosperidade e poder político. Construído em 1850, o primeiro dono foi o comerciante e produtor de arroz Nito Siqueira, de família importante do distrito de São Miguel, a antiga sede administrativa da região. Desbravador, Siqueira foi um dos pioneiros na travessia da baía Norte com canoa a vela para ajudar na ocupação das terras férteis do Norte da Ilha.
“Naquela época, as relações comerciais aqui eram feitas com pessoal de Ganchos e São Miguel”, conta o servidor público aposentado Jocelino Plácido Tadeu, 58. A história ele pesquisou antes de comprar o casarão dos herdeiros do terceiro proprietário, o lendário cabo eleitoral do PSD, Francisco Germano da Costa, o Chico Camarão.
Apesar da idade e da importância histórica, o imóvel nunca esteve na lista dos bens tombados pelo Sepham (Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município), órgão do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). “Provavelmente, por causa da influência dos antigos proprietários”, presume Tadeu.
O negócio foi fechado em 1989, quando teve início a reforma. Uma década depois, o casarão foi restaurado com as características originais, ampliado e modernizado. Hoje são quatro apartamentos confortáveis sobre amplo salão adaptado no antigo porão. “As cores, branco e amarelo, são as mesmas da igreja de São Miguel”, acrescenta Tadeu.
Jocelino transformou casarão em quatro apartamentos
Contrastes de Norte a Sul da Ilha
O entorno da igreja São Francisco de Paula, defronte à ilhota do Francês, na baía de Canasvieiras e Jurerê, é exemplo da rápida mudança do perfil arquitetônico do lugar. Do vilarejo de casas geminadas existente até o início da década de 1990, restou uma casa, restaurada e bem conservada entre mansões e condomínios de veraneio.
No Sul da Ilha, a situação é parecida. “Essa era uma região de engenhos e casarios açorianos”, conta Manoel Carlos de Salles, 50, historiador e tradutor de espanhol, que viveu parte da infância em meio à lida das farinhadas no Alto Ribeirão da Ilha.
“Infelizmente, a especulação imobiliária e a falta de informação soterraram nossa história”, diz, abraçado à mãe, Helena Tomázia de Salles, 78. Hoje, Manoel mora na casa construída pelo pai em 1965, quando o casario histórico da família, nunca tombado, teve o mesmo destino dos pertencentes aos vizinhos.
Na rodovia Francisco Tomás dos Santos, onde a SC-406 homenageia o falecido Chico do Alambique, entre Armação e Pântano do Sul, os exemplos são outros. Na entrada para a Costa de Dentro mora Anailto Alfredo Pereira, 75, que mantém como pode a casa de tijolos maciços com fachada colorida. “Os sobrinhos querem reformar e manter a arquitetura. Mas falta dinheiro”, argumenta.
Fonte: Notícias do Dia
Contrastes de Norte a Sul da Ilha
O entorno da igreja São Francisco de Paula, defronte à ilhota do Francês, na baía de Canasvieiras e Jurerê, é exemplo da rápida mudança do perfil arquitetônico do lugar. Do vilarejo de casas geminadas existente até o início da década de 1990, restou uma casa, restaurada e bem conservada entre mansões e condomínios de veraneio.
No Sul da Ilha, a situação é parecida. “Essa era uma região de engenhos e casarios açorianos”, conta Manoel Carlos de Salles, 50, historiador e tradutor de espanhol, que viveu parte da infância em meio à lida das farinhadas no Alto Ribeirão da Ilha.
“Infelizmente, a especulação imobiliária e a falta de informação soterraram nossa história”, diz, abraçado à mãe, Helena Tomázia de Salles, 78. Hoje, Manoel mora na casa construída pelo pai em 1965, quando o casario histórico da família, nunca tombado, teve o mesmo destino dos pertencentes aos vizinhos.
Na rodovia Francisco Tomás dos Santos, onde a SC-406 homenageia o falecido Chico do Alambique, entre Armação e Pântano do Sul, os exemplos são outros. Na entrada para a Costa de Dentro mora Anailto Alfredo Pereira, 75, que mantém como pode a casa de tijolos maciços com fachada colorida. “Os sobrinhos querem reformar e manter a arquitetura. Mas falta dinheiro”, argumenta.
Fonte: Notícias do Dia
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