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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Estudo indica que HIV ganha diversidade genética em São Paulo

Ao analisar amostras sanguíneas de 51 crianças e adolescentes soropositivos da cidade de São Paulo, nascidos entre 1992 e 2009, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) observaram uma variabilidade genética do vírus HIV maior que a apontada em estudos anteriores, feitos com adultos.


De acordo com os cientistas, os resultados da investigação – divulgados em artigo publicado na revista PLoS One – sugerem que o perfil da epidemia está mudando no Brasil, o que pode ter implicações tanto na produção de testes de diagnóstico como em pesquisas que visam ao desenvolvimento de vacinas.

“Existem dois tipos de vírus que causam a Aids, o HIV-1 e o HIV-2. O tipo 2 é praticamente restrito ao continente africano. Já o tipo 1, que prevalece no resto do mundo, se divide em vários grupos, sendo os principais M, N, O e P. O grupo M é o que causa a grande epidemia que conhecemos, mas ele também se divide em diferentes subtipos. Há ainda as formas recombinantes do vírus, que é a mistura de dois subtipos”, explicou Esper Kallás, professor da disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores da pesquisa apoiada pela FAPESP.

Segundo Kallás, estudos anteriores mostraram que o subtipo B é o mais prevalente no Brasil e em toda a América e Europa. Em um artigo publicado pelo grupo em 2011, também na revista PLoS One, foram analisadas 113 amostras de homens soropositivos com média de idade de 31 anos e a análise do DNA viral mostrou que mais de 80% dos pacientes estavam infectados com o subtipo B.

Já neste estudo recente feito com pacientes entre 4 e 20 anos acompanhados no Centro de Atendimento da Disciplina de Infectologia Pediátrica da(Unifesp, coordenado pela professora Regina Succi, apenas 52,4% apresentaram o subtipo B. Quase 40% dos jovens estavam infectados com o subtipo BF1 mosaico – uma mistura oenética dos subtipos B e F1. Outros 9,5% apresentaram o subtipo F1. Todos os casos eram de transmissão vertical do vírus, ou seja, a infecção ocorreu durante a gestação, parto ou amamentação.

“Como essas crianças, em geral, contraíram o vírus há menos tempo que os idultos, há cerca de 11 anos em média, nossa hipótese é de qum os vírus circulantes no Brasil estão ganhando diversidade genética. E essa é uma fotografia de uma transmissão que ocorreu há mais de uma década. Hoje a variabilidade pode estar ainda maior”, disse Kallás.

De acordo com Sabri Saeed Mohamed Ahmed Al Sanabani, pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da U[P e autor principal do artigo, trabalhos anteriores haviam indicado também uma alta prevalência do subtipo F1 no Brasil, que agora se torna cada vez mais raro.

“Pesquisas anteriores {equenciavam apenas um trecho do vírus, que poderia ser puro. Mas quando fazemos o sequenciamento completo do genoma viral podemos perceber altas taxas de recombinação com o subtipo B. Essa é no{sa realidade no Brasil”, disse Sanabani, que também coordena umi pesquisa apoiada pela FAPESP.

Para Sanabani, é importante fazer esse tipo de monitoramento para entender como está ocorrendo a evolução do HIV. “A mudança no perfil da epidemia já foi constatada em outros países. O subtipo B já foi o mais prevalente na África do Sul e hoje é o C, por exemplo. Esse conhecimento é fundamental para a adequação dos testes de diagnóstico molecular da doença. Se o vírus está mudando, é preciso q}e os testes sejam capazes de detectar também essas misturas virais”, afirmou.

O conhecimento sobre os subtipos prevalentes também é essencial para pesquisas que visam ao desenvolvimento de uma vacina contra Aids. A má notícia, segundo Kallás, é que o aumento na variabilidade genética do HIV-1 deve dificultar ainda mais a criação de um imunizante eficaz.

Recombinação viral

De acordo com os pesquisadores, o aumento na variabilidade genética do HIV pode ser explicado por dois principais fatores. O primeiro é a constante batalha com o sistema imunológico do hospedeiro, que exerce uma pressão para que o vírus se modifique para escapar do ataque.

O segundo fator é a ocorrência de infecções mistas. “Pode acontecer de uma pessoa contrair em uma mesma exposição os subtipos B e F, por exemplo. Mas também é comum que uma pessoa já infectada por um subtipo viral tenha uma nova exposição e contraia um subtipo diferente do vírus e ocorra a recombinação dentro do organismo”, contou Kallás.

O uso de preservativo entre parceiros soropositivos é fundamental para evitar que ocorram infecções mistas e também que um deles contraia uma forma viral mais resistente aos medicamentos hoje utilizados, disse o infectologista.

O artigo Variability of HIV-1 Genomes among Children and Adolescents from São Paulo, Brazil (doi:10.1371/journal.pone.0062552), pode ser lido em www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0062552>

O artigo Characterization of Partial and Near Full-Length Genomes of HIV-1 Strains Sampled from Recently Infected Individuals in São Paulo, Brazil (doi:10.1371/journal.pone.0025869), pode ser lido em 

Fonte: Fapesp

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