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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Um escândalo de R$ 425 milhões e uma dúvida


O Movimento Passe Livre centra sua luta na questão dos transportes públicos. E por isso deverá voltar às ruas a 14 de agosto. Volta por conta de uma denúncia: ao longo dos últimos 20 anos, num esquema de cartel, com superfaturamento e corrupção, governos do PSDB em São Paulo teriam lesado os cofres públicos em R$ 425 milhões.

O esquema teria sido montado para vencer concorrências na área de metrô e trens. Com envolvimento de políticos e funcionários públicos de governos do PSDB paulista.

A investigação nasceu da devassa feita, no exterior, em duas multinacionais do setor: a francesa Alstom e a alemã Siemens. Com confissão de ex-funcionários, na justiça. Por lá já tem gente demitida e presa.

A Alstom aponta distribuição de US$ 6,8 milhões para integrantes do tucanato paulista entre 1998 e 2001. Um ex-funcionário da Siemens revelou: de outro contrato superfaturado, algo como R$ 46 milhões seguiram para gente do PSDB.

No Brasil, a denúncia é fruto de acordo feito pela Siemens com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em troca a multinacional ganha imunidade cível e criminal.

O uso do futuro do pretérito composto -teria, teriam, seriam- é uma imposição elementar do jornalismo. Isso são denúncias. Denúncias sobre o que seria um propinoduto tucano, mas não são fatos já julgados.

Será preciso, via ministério público e Justiça, investigar e apontar quem é culpado e quem é inocente.

É claro que isso terá desdobramentos na política; o chamado “mensalão” do PT, por exemplo, está em cartaz há 9 anos.

O que não se deve esperar é o mesmo empenho, a mesma gana e, principalmente, o mesmo barulho.

Cinco mil dólares na cueca de um petista é algo espetacular. Ir ao banco com carteira de identidade e receber R$ 20 mil ou R$ 50 mil de um “por fora” é também espetacular; porque além de ser crime, é rudimentar e é hilário enquanto método.

Tudo isso e muito, muito mais, alimentou o espetáculo do “mensalão”. E o problema aí é do PT, que se enfiou nessa porque quis.

Mas admitamos o agora: R$ 425 milhões, com multinacionais, superfaturamento e corrupção é também enredo espetacular. Este, do PSDB.

A diferença está, estará na disposição de se ir ou não a fundo nesse “trenzão” tucano. No investigar, noticiar e reverberar até a punição para quem a mereça.

No Brasil tem os escândalos que existem. E tem escândalos que não se quer que existam mesmo que existam. Para estes reserva-se o habitual estrondoso silêncio.

A propósito de tudo isso recordemos o que disse Paulo Vieira de Souza, que depôs na CPI da Delta/Cachoeira no ano passado. Em entrevista à Revista Piaui, o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) paulista escancarou, numa pergunta que continha a resposta:

- Por que a CPI proibiu abrir as contas do eixo Rio-São Paulo? Porque se abrir, cai o Brasil.

Palavras de quem é do ramo.

Fonte: Outras Mídias

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