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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A maior polêmica dos últimos tempos...

...da última semana. Ou: não há nada de novo na crítica dos europeus à Abercrombie

A marca americana de roupas Abercrombie é uma mania entre adolescentes de todo o mundo. Suas peças não têm nada de mais, a não ser o nome da grife estampado em letras garrafais – o suficiente para fazê-la um símbolo de tribo urbana almejado pelos jovens.

Semana passada a marca envolveu-se em duas polêmicas na Europa. A primeira, em virtude de sua declarada preferência por contratar homens bonitos e musculosos como vendedores – sempre a postos, nas lojas da rede, sem camisa. Um órgão de direitos humanos da França acusou a empresa de discriminação com base na aparência e cogita acioná-la judicialmente.

A segunda polêmica tem a ver com a Abercrombie vender roupas de tamanhos diminutos, o que configuraria discrimação contra os mais cheinhos. Segundo matéria de O Estado de S. Paulo, “quase 80 mil pessoas já assinaram uma petição online convidando a empresa a oferecer tamanhos maiores”.

Polêmicas novas? Nem tanto.

Lucy Kellaway, colunista do Financial Times, descobriu em recente pesquisa que, um século atrás, no Bank of Scotland, “funcionários eram ‘removidos da vista’ em virtude da baixa estatura, da voz esquisita ou por terem orelhas de abano e cabelo ruivo”. Como se vê, boa aparência sempre foi uma moeda importante nos negócios, ainda mais entre aqueles que lidam diretamente com o público – que dirá com adolescentes,  especialmente sensíveis a esse tema.

Quanto à reivindicação por roupas de tamanhos maiores, há um precedente na Argentina. Em 2006, a Província de Buenos Aires aprovou lei que obrigava fábricas e lojas de roupas a produzir e comercializar peças de ampla numeração, atendendo, assim, tanto a consumidores magros quanto obesos. Não sei que fim levou a curiosa lei, mas, à época, escrevi sobre ela dizendo que se tratava de “um raro ato de intervenção do Estado não na ordem econômica, e sim na esfera simbólica” da sociedade de consumo.

Não simpatizo com a iniciativa francesa e, menos ainda, com a argentina. Creio que são intervenções descabidas sobre a atividade econômica. A escolha sobre a aparência dos funcionários é prerrogativa da empresa, bem como sobre o portfólio de produtos que irá oferecer.

Mais eficaz seria consumidores que não se sentem representados pela Abercrombie elegerem uma outra marca como favorita, por promover a inclusão e a ausência de preconceitos, ao invés de tentar obrigá-la a contratar pessoas “menos bonitas”. Medidas simbólicas devem ser combatidas com armas simbólicas, ora.

E ao invés de o Estado tentar obrigar confecções a ofecerem numerações maiores, caberia, no máximo, incentivar empresas especializadas em tamanhos grandes com algum tipo de benefício fiscal. Se socialmente é tão relevante que os mais cheinhos estejam na moda, nada mais justo que estimular quem deseja atender a esse target, ao invés de forçar todos os empreendedores de um setor a fazê-lo. 

Fonte: Revista Amanhã

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