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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Alasca procura explicações para enxurradas em geleira

É cada vez mais falsa a ideia de que as geleiras mudam em velocidade glacial. Elas estão derretendo e recuando rapidamente no mundo todo.

As imprevisíveis enxurradas na geleira Mendenhall, a cerca de 20 km do centro de Juneau, a capital do Alasca, são especialmente preocupantes. Desde julho de 2011, e em todos os anos desde então, repentinas torrentes de água jorram da geleira, no que se tornou uma nova faceta dos curtos e escaldantes verões de Juneau.

Naquela primeira – e até agora maior – enxurrada mensurada, estima-se que 37 bilhões de litros de água tenham escorrido em três dias, ameaçando casas e outras propriedades ao longo do rio Mendenhall, que serpenteia por parte da cidade. Houve pelo menos duas erupções menores neste ano.

“A primeira enxurrada nos pegou de surpresa”, disse Tom Mattice, gerente de programas emergenciais e responsável por previsões de avalanches em Juneau.

A geleira Mendenhall está ficando mais fina há décadas, mas isso é apenas parte da explicação. A água resultante do degelo das neves, das chuvas e do derretimento da própria geleira também está se combinando de novas maneiras, segundo os pesquisadores -primeiro se empoçando em uma depressão coberta de gelo perto da geleira, a chamada bacia Suicide, e então encontrando uma maneira de fluir morro abaixo.

O que causa a enxurrada – e obriga cientistas e autoridades a buscar urgentemente formas de a prever e se preparar para ela – é a pressão. À medida que a água se acumula na depressão e busca um escape, ela pode erguer partes da geleira, ainda que ligeiramente, e, nesse movimento de suspensão, a água pode encontrar uma saída. 

Sob a vasta pressão do gelo que está por cima, a água explode e vai para as profundezas do lago Mendenhall e de lá para o rio.

Os glaciologistas têm até um nome para esse processo, que está acontecendo em muitos lugares do mundo nesta época de mudança climática: “jokulhlaup”, palavra islandesa geralmente traduzida como “salto da geleira”.

“Não temos ideia ainda de quanta ameaça isso representa ou quanta água pode ficar armazenada lá”, disse Jason Amundson, professor-assistente de geofísica da Universidade do Sudeste do Alasca, em Juneau.

O que aumenta a preocupação é a proximidade com as pessoas. As geleiras podem estar saltando em muitos lugares, mas geralmente isso acontece em situação de isolamento. Já a Mendenhall, com seus 20 km de comprimento, é uma das geleiras mais visitadas do mundo, além de ser urbana. Cerca de 400 mil turistas, dos quais 80% saídos dos navios de cruzeiro que atracam no porto de Juneau, são atraídos por ano até a geleira.

Neste verão boreal, o monitoramento da geleira se intensificou. Um transdutor de pressão foi instalado em uma fissura profunda na beira da depressão, para medir o acúmulo de água, e os dados sobre a atividade hídrica oculta da geleira são transmitidos em tempo real, via satélite. Uma câmera que faz fotos em intervalos regulares também foi posicionada no principal ponto de acúmulo, para monitorar inchaços do gelo que possam indicar represamento da água.

A exemplo das outras geleiras do mundo, a Mendenhall se tornou mais fina e recuou mais de cem metros desde que os visitantes começaram a aparecer por aqui, no final do século 19. Modelos climáticos de longo prazo sugerem um padrão mais quente e úmido nesta parte do Alasca, o que pode, por sua vez, causar mais consequências estranhas para o lago Mendenhall e para as pessoas que gostam da geleira, que a estudam ou que moram perto dela.

Jamie Pierce, montanhista e pesquisador da universidade, andava numa tarde recente pelo gelo da Mendenhall, verificando os instrumentos. Após um rapel de uns 15 metros até o transdutor, ele o encontrou completamente seco, sugerindo que a água está encontrando outro canal ou outro ponto de represamento além daquele suspeito de causar o problema. 

Fonte: Folha.com

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