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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O dióxido de carbono está reconfigurando o planeta

A Groenlândia pode acabar se tornando verde, pois a maior parte de sua enorme camada de gelo está condenada a derreter, informou, no dia 27, o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC). O resumo de 36 páginas apresentado em Estocolmo pelo IPCC, que funciona na órbita da Organização das Nações Unidas (ONU), inclui um alerta de que há 20% de possibilidades de os gelos da Groenlândia iniciarem um derretimento irreversível com apenas 0,2 grau de aquecimento adicional.Essa quantidade de aquecimento agregado é uma certeza agora. Contudo, o derretimento definitivo do gelo na Groenlândia consumirá mil anos. “O novo informe é outro chamado para despertar, que nos diz que estamos com grandes problemas e vamos rumo a graus perigosos de mudança climática”, destacou David Cadman, presidente da Iclei, a única rede de cidades sustentáveis que opera em todo o mundo e envolve 1.200 governos locais.

“O IPCC será atacado por interesses (da indústria dos combustíveis fósseis e seus defensores. Eles tentarão assustar o público, alegando que tomar medidas coloca em risco os empregos e a economia. Isso não é verdade. 
 
Pelo contrário”, afirmou Cadman à IPS. O Resumo para Responsáveis por Políticas do Informe do Grupo de Trabalho I – Bases de Ciência Física estabelece claramente que os seres humanos estão esquentando o planeta, e confirma estudos que datam de 1997. Desde os anos 1950, cada década foi mais quente do que a anterior, diz o documento.

O texto completo será divulgado hoje e é o primeiro dos quatro volumes (os dos três grupos de trabalho mais a síntese) do Quinto Informe de Avaliação do IPCC, conhecido como AR5. No Hemisfério Norte, “as temperaturas entre 1983 e 2012 foram as mais quentes dos últimos 1.400 anos”, destacou Thomas Stocker, copresidente do Grupo de Trabalho I.

Em resposta às notícias dos últimos dias, falando sobre uma “interrupção do aquecimento”, Stocker disse que o sistema climático é dinâmico, sendo provável que nos últimos anos tenha ingressado mais calor nos oceanos e que tenha diminuído ligeiramente o ritmo dos aumentos das temperaturas superficiais. Há mais de cem anos pesquisadores demonstraram que o dióxido de carbono prende o calor do Sol.

A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, a agricultura e outras atividades humanas emitem esse gás na atmosfera, onde permanece quase para sempre. Os maiores volumes de dióxido de carbono, por sua vez, acrescentam mais calor, pois atuam como outra camada de isolamento. Mais de 90% desta energia térmica adicional é absorvida pelos oceanos, segundo o Resumo. Isso explica a causa de as temperaturas da superfície ainda não terem superado o aumento médio mundial de 0,8 grau.

O Resumo destaca que a redução da camada de gelo do Ártico nas últimas três décadas foi a maior dos últimos 1.450 anos. Embora o derretimento no último verão boreal tenha sido menor que no ano passado, o Ártico segue no caminho de ficar sem gelo na temporada estival de 2050, bem antes do projetado por relatórios anteriores.

O informe do IPCC, uma revisão das pesquisas científicas disponíveis, se baseou em trabalhos de 259 autores de 39 países, e contou com 54.677 comentários. O informe de avaliação anterior, ou AR4, é de 2007. O IPCC não realiza pesquisas próprias e está sob a direção de 110 governos que passaram os últimos quatro dias aprovando o texto do sumário. “Cada palavra contida nas 36 páginas foi debatida. Alguns parágrafos foram discutidos por mais de uma hora”, contou Stocker em entrevista coletiva em Estocolmo. “Nenhum outro relatório científico jamais passou por um escrutínio tão crítico”, ressaltou.

O Resumo, redigido com cautela, detalha e confirma os impactos observados, com o aumento das temperaturas, as mudanças nos padrões pluviométricos e os extremos climáticos. Também confirma que estes e outros impactos vão piorar na medida em que aumentarem as emissões de dióxido de carbono. As atuais emissões deste gás estão no rumo do pior cenário.

O resumo do AR5 diz que a camada gelada da Groenlândia perdeu, em média, 177 bilhões de toneladas de gelo por ano entre 1992 e 2001. Estudos mais recentes demonstram que o gelo perdido aumentou substancialmente desde então. Segundo o relatório, há uma possibilidade em cinco de a camada gelada da Groenlândia derreter totalmente se as temperaturas globais aumentarem entre 0,8 grau e mais de um, como parece inevitável agora.

Um dos motivos é que a elevação das temperaturas no Ártico é quase três vezes maior do que o aumento médio mundial. Se a temperatura média mundial aumentar cerca de quatro graus será desencadeado um derretimento na Groenlândia, que elevaria o nível do mar em até sete metros. Apesar disto, o AR5 diz que não se espera que o nível do mar suba mais de um metro neste século.

Outros cientistas, entre eles James Hansen, ex-diretor do Instituto Goddar de Estudos Espaciais da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), acreditam que o acelerado derretimento observado no Ártico, na Groenlândia, na Antártida e nas geleiras é um sinal de que neste século o mar pode subir vários metros, a menos que as emissões sejam reduzidas.

Mesmo antes de se tornar público o novo informe do IPCC, “os que negam a mudança climática” o atacaram e tergiversaram, tentando retratar suas conclusões como radicais ou extremistas, afirmou Charles Greene, professor de ciências atmosféricas e da terra na Cornell University, de Nova York. Greene se referia a um orquestrado esforço de propaganda de atores da indústria dos combustíveis fósseis e de organizações que tentam convencer o público de que o aquecimento global não é um assunto de extrema urgência. “Na verdade, o IPCC tem um longo histórico de subestimar os impactos” da mudança climática, afirmou Greene.

Embora a ação mundial contra o aquecimento esteja em ponto morto, algumas cidades já estão reduzindo suas emissões de carbono. Os membros do Iclei se comprometeram com uma redução de 20% até 2020 e de 80% até 2050. A maioria dos governos não está tomando iniciativas, o que revela claramente o poder e a influência do setor dos combustíveis fósseis, pontuou Cadman. “As cidades podem fazer até dez vezes mais, mas, simplesmente, não têm dinheiro”, ressaltou. Envolverde/IPS

Fonte: Envolverde

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